CEOs estão se envolvendo mais na agenda, mas devem evitar exageros, frases feitas e não praticar a mensagem
Por Jacilio Saraiva – Valor – 01/08/2022
Os CEOs podem ajudar a “vender” mais políticas de bem-estar nas empresas, mas devem evitar exageros para não passar uma imagem “fake”. É o que afirmam especialistas em gestão de pessoas ouvidos pelo Valor.
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“Não dá para falar sem praticar a mensagem”, diz Ana Paula Montanha, sócia e cofundadora da Hayman-Woodward Human Capital Service, da área de recursos humanos. “Entender o momento do time, além de saber como a organização está funcionando a favor dos funcionários, é essencial para começar.”
Na visão de Montanha, com a pandemia, os CEOs perceberam que precisavam entregar além dos resultados esperados pelos acionistas. “Mas as corporações não existem sem as pessoas”, afirma. “É crítico que o CEO se mostre acessível e, sobretudo, humano.”
Por outro lado, destaca, as chefias devem evitar “frases feitas e discursos prontos” sobre bem-estar ou a tentativa de dizer que está tudo bem, quando todos estamos vivendo momentos difíceis.
Pesquisa realizada pela Hayman-Woodward com 135 CEOs, entre março e junho de 2022, revela que 49% deles relataram problemas de saúde mental. “A maioria diz que está sobrecarregada e sofre de estresse contínuo”, detalha.
Ao mesmo tempo, segundo o levantamento, apenas 40% dos departamentos de recursos humanos haviam percebido que o principal líder da companhia precisava de ajuda. “Isso mostra que temos de continuar aprendendo sobre o bem-estar.”
Luiz Barosa, sócio da consultoria de capital humano da Deloitte, diz que incentivar um discurso de higiene mental e não praticá-lo no dia a dia pode enterrar de vez a força de qualquer movimento genuíno. “Todos na organização se espelham no comportamento do C-level”, afirma. “Ao entender como o bem-estar está conectado ao trabalho, o CEO pode mudar a maneira como as pessoas produzem, o ambiente e até as interações.”
Foi o que fez Marco Castro, sócio-presidente da PwC Brasil, com cerca de cinco mil funcionários. Ele ajudou a encampar a inauguração e a readequação de novos escritórios da consultoria em São Paulo. “Os projetos dos espaços permitem uma experiência de bem-estar e flexibilidade, a partir do que discutimos com todos”, afirma. Há ambientes amplos de colaboração que lembram salas de estar, nichos menores para poucas pessoas e cortinas que ajudam a delimitar pontos de reunião, de acordo com as necessidades dos projetos.
Fábio Battaglia, CEO da consultoria de recursos humanos Randstad Brasil, sugere que o alto escalão atue como um “embaixador” de causas. Quando o presidente da empresa incentiva os departamentos responsáveis pela saúde e bem-estar, como o RH, ele se torna um facilitador e direciona outras gerências na implementação de mais programas, explica.
Empresas e gestores que não examinarem com atenção as necessidades dos seus talentos terão maiores desafios na atração e retenção de profissionais, continua Battaglia.
Em um estudo da Randstad que ouviu mais de 30 mil trabalhadores em 34 países, 97% dos entrevistados no Brasil encaram o equilíbrio entre vida pessoal e profissional como decisivo ao escolher, permanecer ou mudar de trabalho — o índice global ficou em 94%.
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