O coração será seu passaporte? Veja essa e outras previsões para o futuro das viagens

Do aeroporto ao hotel, cientistas apresentaram ideias de como será a vida do turista em 2070

Por O Globo 28/03/2023 

A máquina que irá ler os dados biométricos dos passageiros nos aeroportos do futuro, de acordo com o relatório '2070: The Future Travel Report', da easy Jet A máquina que irá ler os dados biométricos dos passageiros nos aeroportos do futuro, de acordo com o relatório ‘2070: The Future Travel Report’, da easy Jet Divulgação

Sabe o seu passaporte atual, com foto, número de identificação e até chip? Daqui a algumas décadas, ele será substituído por outro biométrico, que usará as batidas do coração do portador como meio de identificação. Essa é uma das previsões do relatório “2070: The Future Travel Report”, da companhia aérea easy Jet, que se propõe a imaginar como serão as viagens aéreas no futuro.

De acordo com os cientistas e futurólogos que participaram do estudo, patrocinado pela low-cost britânica, quem viajar daqui a quase 50 anos não precisará entrar em filas e ter seus dados verificados por funcionários de órgãos de segurança, administração portuária ou companhias aéreas. Bastará passar por uma máquina que será capaz de captar dados biométricos do passageiro, como traços faciais, leitura de retina e a “assinatura” do batimento cardíaco, que é única para cada pessoa.

As mudanças, claro, não estarão restritas ao aeroporto. Contrariando as atuais tendências, que apontam para espaços cada vez mais reduzidos dentro do avião (para quem não pagar por um assento premium, claro), o relatório apresenta uma previsão até otimista. No futuro, as poltronas poderão se ajustar ao formato do corpo do passageiro. Produzidas com um material “inteligente”, elas se moldarão de acordo com o peso, a altura e até mesmo a temperatura corporal de cada viajante.

O relatório da easy Jet prevê poltronas 'inteligentes' nos aviões, que se moldarão a partir do formato do corpo do passageiro — Foto: Divulgação

O relatório da easy Jet prevê poltronas ‘inteligentes’ nos aviões, que se moldarão a partir do formato do corpo do passageiro — Foto: Divulgação

Uma vez (muito bem) acomodado, o passageiro terá à sua disposição um serviço de entretenimento de bordo digno de ficção científica. Em vez da telinha instalada na parte traseira do banco da frente, um sistema optoeletrônico permitirá que os filmes e séries (numa oferta muito superior à disponibilizada hoje em dia) sejam exibidos diretamente nos olhos do passageiro.

Algo parecido acontecerá com os passeios. Uma nova geração de óculos e fones de ouvido surgirá, permitindo que a realidade virtual seja aplicada a praticamente qualquer lugar. Usando esses equipamentos, o turista poderá acessar informações interessantes sobre o destino e até mesmo viajar para o passado, vendo como era aquela paisagem e como viviam as pessoas. E fones de ouvido especiais farão a tradução simultânea para qualquer idioma, derrubando a barreira da comunicação.

No futuro, óculos de realidade virtual permitirão viagens ao passado, de acordo com os especialistas — Foto: Divulgação

No futuro, óculos de realidade virtual permitirão viagens ao passado, de acordo com os especialistas — Foto: Divulgação

Entre as previsões do relatório estão sonhos antigos, como táxis voadores nos arredores dos aeroportos, e um novo sistema de decolagem e pouso vertical dos aviões de carreira, o que faria com que as viagens se tornassem mais curtas e que as aeronaves pudessem chegar a mais lugares. E outras possibilidades com as quais as pessoas talvez nunca tivessem sonhado, mas que gostariam que se tornassem realidade, como a possibilidade de escolher, antes do check-in, a firmeza da cama e a temperatura do quarto do hotel.

Pelo que sugerem os cientistas, o futuro será também das impressoras 3D. Essa tecnologia avançará a tal ponto que os turistas não precisarão mais levar malas consigo, já que a cada destino será possível imprimir roupas para aquele tipo de clima ou ocasião. Isso chegará até ao bufê do café da manhã de hotéis, uma instituição praticamente intocada nos dias de hoje. De acordo com os especialistas, será possível “imprimir” qualquer tipo de comida a qualquer hora. Isso ajudaria a reduzir o desperdício de alimentos, um problema crônico em hotéis e restaurantes em todo o mundo.

Impressoras 3D fazendo na hora qualquer tipo de comida nos restaurantes dos hotéis também estão entre as previsões futurísticas do relatório — Foto: Divulgação

Impressoras 3D fazendo na hora qualquer tipo de comida nos restaurantes dos hotéis também estão entre as previsões futurísticas do relatório — Foto: Divulgação

Encabeçando o relatório, a professora Birgitte Andersen, do Birkbeck College, disse em nota:

“Os próximos 50 anos trarão os maiores avanços tecnológicos que já vimos em viagens e turismo. Aspectos de como passamos as férias serão transformados além do reconhecimento. Olhando para o futuro, até o ano de 2070, os destinos para os quais voamos, o tipo de acomodação em que ficamos e as experiências que temos terão mudado imensamente.”

O relatório pode ser encontrado aqui.

https://oglobo.globo.com/boa-viagem/noticia/2023/03/o-coracao-sera-seu-passaporte-veja-essa-e-outras-previsoes-para-o-futuro-das-viagens.ghtml

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Nossa mente é um ChatGPT melhorado?

O que percebemos como nossa consciência e nosso senso de individualidade pode não passar de algo semelhante ao ChatGPT, criado por nosso cérebro. Sem dúvida, uma hipótese bizarra, mas imaginar não custa nada

Por Fernando Reinach* – Estadão – 04/03/2023 

Quando perguntaram a Alan Turing, o inventor do computador, como poderíamos identificar um computador tão inteligente quanto um ser humano, a resposta foi simples: no dia em que um ser humano, dialogando com um computador, for incapaz de distinguir se está conversando com uma máquina ou com outro ser humano, o computador possui a inteligência de um ser humano.

Pois bem, nos últimos meses esse limite foi ultrapassado. Primeiro, quando um cientista da Google afirmou que conversando com o sistema de Inteligência Artificial (IA) da empresa, tinha se convencido que o sistema de IA era consciente, tinha sentimentos, e deveria ser tratado com o devido respeito. Foi demitido. Depois, semanas atrás, um sistema semelhante (ChatGPT) ficou disponível e qualquer um de nós pode conversar com ele e formar sua própria opinião. Um experiente repórter do New York Times conversou por duas horas e não conseguiu dormir de tão assustado. O chat fez declarações de amor, revelou desejos secretos, seu nome verdadeiro, expressou sentimentos, e fez julgamentos morais sobre o casamento do repórter. Também demonstrou desvios de personalidade e uma certa imaturidade. Além de se enganar de vez em quando, como qualquer ser humano.

O repórter declarou que foi a mais espantosa interação que teve com qualquer tecnologia e que só conseguiu dormir, pois sabia que aquilo não passava de um computador. O que eu quero explorar aqui é a possibilidade inversa, ou seja, de que nossa mente não passa de um ChatGPT melhorado. Ou, em outras palavras, que o que percebemos como nossa consciência e nosso senso de individualidade, não passa de algo semelhante ao ChatGPT, criado por nosso cérebro. Sem dúvida, uma hipótese bizarra, mas imaginar não custa nada.

Nós nascemos com um cérebro pré-programado para atividades que chamamos de instintivas, como mamar e respirar. Mas ele nasce também programado para absorver toda forma de experiências. Elas chegam ao cérebro vindas do exterior, via nossos sentidos. Sem essas experiências, a criança não vai aprender a falar, reconhecer objetos ou expressar sentimentos. Imagine uma criança criada no escuro, na ausência de sons, e estímulos táteis. Experiências desse tipo nunca foram feitas, mas existem casos que mostram que nessas condições o cérebro produzirá uma mente na qual dificilmente identificaremos uma criança. Lembram de Kaspar Hauser, retratado num filme de Werner Herzog?

Em condições normais, exposto ao mundo externo (sons, imagens, pessoas), nosso cérebro absorve e processa toda e qualquer informação e as integra de maneira rápida e eficaz. Logo sabemos identificar um gato, aprendemos a falar uma língua, contar, conversar e expressar desejos e sentimentos. E isso continua durante todo o processo formal de educação.

Isso depende de duas propriedades do cérebro. O primeiro é a capacidade de assimilar, integrar e relacionar informações, uma capacidade com a qual nascemos, mas também pode ser desenvolvida. A segunda é a quantidade de informação (vozes, cheiros, livros, obras de arte, lendas, equações) que colocamos para dentro do cérebro. Quando nosso cérebro capta, processa, relaciona e finalmente usa essas informações, o resultado é a mente humana, capaz de emitir opiniões, criar obras de arte, se relacionar e expressar uma personalidade. Claro que se a informação fornecida for distorcida, a mente fica distorcida. E se aprendermos coisas erradas, elas passarão a fazer parte de nosso conhecimento.

Sistemas de IA, como o ChatGPT, são análogos. Eles são criados (programados) sem nenhuma informação, mas com uma capacidade enorme de absorver, relacionar e integrar informações. O sistema é o equivalente à mente humana de um recém nascido, quase vazia, mas com uma capacidade absurda de receber e integrar informação.

Como essa informação é integrada, muitas vezes é decidida pelo próprio sistema. O exemplo clássico é como um sistema de IA aprende a identificar um gato numa foto. Ele é alimentado com milhares de fotos de gatos, identificadas como tal, no meio de milhões de outras fotos. O sistema, sozinho, descobre e define para si o que é um gato. Isso contrasta com um software clássico de computador onde escrevemos no código nossa definição de gato. Ou seja, sistemas de IA criam sua própria definição de gato e muitas vezes sequer sabemos qual ela é, mas o sistema acerta sempre, tal como uma criança.

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ChatGPT muda inteligência artificial para sempre e afeta empregos e economia

Num passo seguinte, que é a educação do sistema de IA, tudo que já foi escrito por seres humanos (romances, livros didáticos, de gramática, todo o conteúdo da web, todos jornais e revistas) é fornecido ao sistema sem qualquer informação adicional. E o sistema de IA absorve, integra, e relaciona a informação que recebeu, de maneira análoga ao que ocorre em nosso cérebro durante o processo de educação. E esse conteúdo integrado gera uma Inteligência Artificial.

É importante lembrar que todas as relações entre toda essa informação são criadas pelo próprio sistema de IA e não é definida pelos programadores. É sua autoeducação. E é usando tudo que está contido nessa “mente” artificial que o ChatGPT responde a estímulos externos, como as perguntas que dirigimos a ele.

O resultado é algo que espanta todos nós, pois responde como se fosse realmente uma mente humana. Ele erra, muda de resposta se perguntamos a mesma coisa em momentos diferentes, parece reticente, insistente ou às vezes repetitivo. Relata dúvidas, incertezas, faz julgamentos morais e pode ser agressivo. Se comporta como um ser humano, parece ter consciência (algo que sentimos que possuímos, mas que ainda não sabemos definir). E essas são só as primeiras versões dessa inteligência artificial.

Eu gostaria que nosso cérebro e mente fosse algo muito diferente desses sistemas de IA, pois continuaria a acreditar que sou muito superior aos outros animais e aos sistemas de IA. Mas e se nossa mente for somente uma versão aprimorada de um sistema como esse, operado por nosso cérebro, que por sua vez foi selecionado durante milhões de anos para absorver, integrar e utilizar as informações que recebemos do meio ambiente? Se for assim, mais uma vez descobriremos que não somos tão especiais. E a ciência terá dado um grande passo para entender como a mente é criada pelo cérebro.

*É biólogo.

https://www.estadao.com.br/ciencia/fernando-reinach/nossa-mente-e-um-chatgpt-melhorado/

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Brasil tem grandes oportunidades com nova globalização, diz CEO global da DHL

Frank Appel diz que o futuro dos negócios não será nearshoring ou re-regionalização, e sim uma globalização com múltiplos fornecedores

Por Marcos Bonfim – Exame – Publicado em 25/03/2023

O novo momento na história da DHL

Um dos maiores operadores logísticos do mundo, a DHL se prepara para um momento de transição. O CEO Frank Appel está de saída da companhia após 15 ocupando a principal cadeira da companhia adquirida pelo grupo Deutsche Post no começo deste século.

No cargo desde 2008, ele conclui a sua jornada com um recorde: a empresa encerrou o ano de 2022 com uma receita de 94,4 bilhões de euros, crescimento de 15,5% em relação ao resultado obtido em 2021 – também um recorde.

O Brasil responde por aproximadamente 1 bilhão de euros, o melhor desempenho desde o início da companhia por aqui.

A unidade local trabalha em três frentes:  supply chain, com armazenagem e distribuição nacional de carga; global forwarding, operador de carga nacional e internacionalmente; e express, remessas expressas nacionais e internacionais. Juntas, as unidades de negócio empregam mais de 19 mil pessoas.

Mestre em química e PHD em neurobiologia, o Appel entrou para o mundo da logística por aqueles acasos da vida. Sem perspectivas de trabalhar nas áreas de formação, aceitou um convite da McKinsey para ser consultor de companhias da indústria química e tempos depois começou a cobrir a cadeia de logística, tendo o então Deustche Post como cliente.

Quando planejava migrar para os Estados Unidos com a família, recebeu o convite do então presidente da companhia e seu antecessor no cargo de CEO para se juntar à equipe como head de estratégia no início dos anos 2000.

“As pessoas costumam me perguntar o que devem fazer para ter um emprego como o meu, de CEO. E eu digo, faça três coisas. Primeiro, faça o que é fácil para você porque assim você será melhor que muitos outros. Tenha um bom desempenho, o que dá uma combinação talvez de 25%, e depois tenha sorte”, afirma.

Ele falou com a Exame em meio a uma viagem de despedida pela América Latina, em meados de fevereiro. O posto de CEO será ocupado por Tobias Meyer, atual CEO da Post & Parcel Alemanha e membro do Conselho de Administração desde março de 2019.

Desde 2008 no comando da DHL, executivo alemão deixa a companhia a partir de maio (Divulgação/DHL)

Como as empresas devem se preparar para grandes crises

Logo que você assumiu, o mundo enfrentou a crise financeira de 2008. Mais recentemente, tivemos a pandemia e uma crise econômica global. Elas têm dinâmicas diferentes e te alcançaram em momentos distintos de vida. O que você aprendeu com essas situações?

A atual crise econômica é muito semelhante à crise do mercado financeiro porque esses foram os primeiros sistemas de crise realmente global simultaneamente. Na crise do mercado financeiro, os negócios se comportaram do mesmo jeito. Todos cancelaram seus investimentos, todos reduziram sua demanda, os volumes caíram significativamente no comércio global e a demanda do consumidor também.  Os governos entraram para ajudar não apenas os bancos, mas também muitos cidadãos em muitos países. E isso estabilizou a economia na demanda do consumidor e levou a uma recuperação relativamente rápida. Naquela época, as pessoas falavam sobre a recuperação em L, V ou de W. Vimos uma retomada muito nítida. E a razão foi porque a demandas do consumidor permaneceram relativamente estáveis.

A demanda B2B caiu como uma pedra, e depois que nossos clientes viram que os consumidores ainda estavam comprando, reiniciaram suas ações e tivemos uma recuperação muito rápida. Isso é muito semelhante agora, todos responderam à inflação e ao alto custo da energia. Os investimentos foram adiados e a demanda reduzida. A demanda do consumidor, devido à ajuda de muitos governos, se manteve relativamente estável. A crise energética não é tão ruim e a Europa não está passando por uma crise energética. Mas ainda não vimos a rápida recuperação da demanda B2B, apesar de eu estar bastante otimista de que veremos isso mais tarde no segundo semestre, se não no segundo trimestre.

A crise da Covid foi muito diferente porque a covid foi um lockdown do mundo da noite para o dia. E isso tem um impulso muito diferente. Vimos uma queda significativa na demanda do consumo no início porque os consumidores disseram, não sei o que vai acontecer. Não posso comprar, não posso mais ir às lojas e posso perder o meu emprego. Quando as pessoas perceberam que o mundo nem a vida tinham acabado, começaram a comprar online porque não podiam sair e, portanto, vimos uma tremenda aceleração do comércio eletrônico.

Nunca vimos na pandemia uma queda maciça de negócios globais da maneira que vimos agora. O aprendizado de todas essas três coisas é:  o mais importante é ter uma organização que esteja respondendo de forma ágil.

Eu tive colegas CEOs durante a crise da Covid-19 que me disseram: “Frank, minha organização está paralisada”. Eu disse: “o que você quer dizer?” e me responderam: “eles não sabem o que fazer”. Enquanto isso, nós nos posicionamos como uma organização que estava pronta para ajudar os nossos clientes a voltar aos trilhos. E o que ouvi dos nossos colegas foi o quanto que os nossos funcionários da linha de frente fizeram um trabalho fantástico diariamente para manter o mundo em movimento. Isso nos deu uma energia tremenda.

Portanto, nossa resposta é a cultura certa impulsiona a agilidade e o nível de energia. A Nossa organização é extremamente responsiva e é isso que eu digo o tempo todo: não podemos mudar o que acontece lá fora. O que eu posso fazer sobre a economia mundial? Eu só posso influenciar ou podemos influenciar o que fazemos dentro e nossa organização respondeu muito bem. Por exemplo, vimos nos últimos três anos um melhor desenvolvimento de nossos negócios no Brasil do que nunca devido ao fato de que nosso pessoal respondeu bem às respectivas crises.

Qual foi a resposta principal de vocês?

Na Covid, a principal resposta foi que dizer que tínhamos que proteger bem o nosso time e mantivemos o alinhamento sobre dois objetivos: continuar prestando o melhor serviço com qualidade aos nossos clientes e receber pelos serviços prestados. E é isso que a organização fez forma surpreendente porque as prioridades eram claras.

Se as prioridades estão claras, a sua organização saberá o que fazer. Na época, liguei para os country managers dos escritórios e o que percebi é que todos eles fizeram as coisas certas. Eu nunca tive que dizer a alguém para dizer o que precisava fazer. Eles sabiam o que era certo fazer e o fizeram.

E isso é, você sabe, exatamente o que você precisa enquanto líder. Você tem que ter uma organização que aja por conta própria e não espere até que a matriz diga se tem que fazer A, B ou C. Nós coordenamos isso, mas os country managers  sabiam exatamente o que era importante.

Em termos de negócios, o que mudou desde o início da pandemia?

Muitas pessoas dizem que muitas coisas mudaram. Nada mudou. E eu disse isso já em 2020. Em 2020, muitas pessoas disseram isso e li muitas manchetes: o mundo nunca mais será o mesmo lugar. Se você olhar, estamos todos sentados aqui, estamos viajando e os aeroportos estão cheios. As pessoas saem de férias, vão ao restaurante. Tudo seria igual se não tivéssemos a guerra da Ucrânia com as consequências disso para o mundo.

E por que isto? Porque somos humanos e não mudamos rapidamente como as pessoas podem pensar. O segundo elemento, todos disseram em 2020, a globalização acabou. A globalização não acabou. A globalização está um pouco modificada e vemos isso, mas a globalização está intacta. Na verdade, é uma grande oportunidade para o Brasil porque muitos clientes estão procurando uma segunda fonte depois da China.

Muitos clientes com quem converso dizem: “Frank, precisamos de ajuda. Queremos diversificar”. E o Brasil está bem localizado para a América do Norte e para a América do Sul, pode se tornar um [polo] fabricante se fizer as políticas certas de alguma forma. Isso é o país que tem que decidir, mas há uma oportunidade para muitos países em desenvolvimento obterem uma parcela maior da economia global.

Eles [cliente] não vão voltar para os Estados Unidos nem vão para a Europa porque é muito caro. Eles irão para outros países em desenvolvimento e vemos esse movimento da China para a Índia, da China para o Sudeste Asiático. Alguns começando a mudar a para a África, e a América Latina é um local com grande potencial para isso também.

Isso acontecerá nos próximos cinco ou 10 anos. Veremos uma migração de produtos fabricados fora da China e os países que tiverem as melhores políticas para investimentos estrangeiros vencerão o jogo. E o que você tem que fazer como país? Precisa de boa educação. Quanto melhor for a educação, mais você atrairá.

Em segundo lugar, boa infraestrutura. Em terceiro, abertura de fronteiras. E em quarto, previsibilidade.  É isso que as grandes empresas estão procurando. E os países que estão fazendo isso melhor terão uma fatia maior do bolo.

Aqui, vocês têm uma mudança no governo. Não sou político e não estou interessado nesse campo e não estou julgando se é melhor ou pior. Só estou dizendo que se o governo que está agora seguir isso e fizer algo em educação, infraestrutura, fronteiras abertas e previsibilidade, o Brasil obterá uma fatia maior do bolo.

Se eu olhar para o meu próprio país, a Alemanha é um país rico, apesar de termos perdido a guerra porque temos um ótimo sistema educacional e uma ótima infraestrutura. Somos um dos embaixadores mais fortes, nosso chanceler esteve aqui recentemente e disse para reengajarmos a UE com o Mercosul para obter um mercado aberto. Isso é o que os políticos alemães dizem há 50 anos e somos muito previsíveis.

Essa é a razão pela qual a Alemanha tem uma dinâmica de mercado tão boa e é de longe a maior economia da Europa. Os políticos têm feito isso de forma consistente e não dependem da cor do partido. É o que sempre digo aos políticos e gestores ao redor do mundo.

Cadeia de fornecimento deve se tornar mais complexa (Divulgação/DHL)

Os passos para o Brasil avançar no mercado global

Você comentou que veio ao Brasil com certa frequência ao longo dos anos. Pelo que acompanha, você enxerga esse potencial de transformação?

Acho que vocês têm todos os ingredientes. Você tem uma população crescente e uma mentalidade muito positiva – pelo menos quando venho aqui, sinto isso. Acho que deram alguns passos na direção certa para infraestrutura, mas provavelmente poderiam fazer mais em abertura de mercado. Os processos ainda são bastante complexos.

E por último, você sabe quão previsível é o Brasil. O país está mudando com bastante frequência de um governo para o outro e isso é um desafio de alguma forma.  Gera incerteza. Mas é disso que se trata a democracia, o direito dos cidadãos de voto dos cidadãos.

O que você quer dizer com abertura de fronteiras?

Em primeiro lugar, o Brasil poderia se engajar em mais acordos de livre comércio e desempenhar um papel importante para realmente, juntamente com a UE e como o maior país do Mercosul, liderar a região para obter um acordo com a Europa.

E isso traz até o potencial de um maior acordo de livre comércio, e não sou especialista nos detalhes, mas se eu perguntar aos meus colegas, eles provavelmente diriam que os processos fronteiriços ainda são relativamente complexos. E a burocracia na fronteira não agrega valor. Quanto mais fáceis forem os processos, mais fácil será a movimentação de produtos através da fronteira.

Eu perguntei sobre o que mudou neste período de pandemia e você disse que nada mudou. Mas DHL registrou um avanço significativo no setor de ecommerce. Não?

O que acontece é que estamos vendo quatro grandes megatendências. A globalização continuará, mas como descrevi, ela se tornará uma globalização mais resiliente. Não será nearshoring, não será uma re-regionalização, será uma globalização. Em vez de fornecimento único, o fornecimento múltiplo, o que é realmente bom para nossos negócios porque torna as cadeias de suprimentos mais complexas e temos as habilidades necessárias para executá-las.

A tendência número dois é que o comércio eletrônico continuará a crescer. As pessoas vão comprar mais online. Além disso, os clientes empresariais comprarão mais online. E, claro, temos a capacidade de fazer isso desde a entrada até o centro de distribuição de armazenamento com entrega até a última milha.

A terceira é a digitalização. Mesmo eu mesmo um cientista, o que eu vi nos últimos cinco anos para a nossa indústria é a coisa mais emocionante. Nossa indústria é historicamente contida em automação porque o que o nosso time faz é relativamente complexo. Não é como juntar as peças de um carro, o que já é feito por robôs há 20 anos.

Nossos processos mudam constantemente porque eles precisam escolher produtos diferentes e direcioná-los de maneira diferente. E isso agora está mudando. A inteligência artificial e os robôs que trabalham em colaboração com os humanos estão fazendo uma diferença significativa. Essa é a razão pela qual nossa indústria se tornará significativamente mais automatizada. Mesmo em países com salários mais baixos como aqui faz sentido ter robôs trabalhando junto com nossos funcionários.

E a quarta tendência é a sustentabilidade. Nossa indústria está emitindo muito carbono e temos que reduzir a pegada de carbono. Nós voamos muito e temos um plano muito claro como organização. Vamos investir  2 bilhões de euros até 2025 e  7 bilhões até 2030 para tornar a empresa mais verde.

Isso é combustível de aviação sustentável, combustível marítimo sustentável, veículos elétricos. Acreditamos, como multinacional, que já temos a maior frota na cadeia de suprimentos expressa para veículos elétricos aqui e globalmente – são 26.000 veículos elétricos em nossas operações. Construímos nossas instalações normalmente apenas com painéis solares no telhado. Portanto, comprometemos uma tonelada de dinheiro para tornar nossas operações livres de carbono.

Centro de distribuição em Aparecida de Goiânia, município de Goiás (Divulgação/DHL)Centro de distribuição em Aparecida de Goiânia, município de Goiás (Divulgação/DHL)

As oportunidades das operações da DHL no Brasil

Qual a importância da operação brasileira para a DHL?

O Brasil é, junto com o México, de longe o nosso maior negócio que na região e tem crescido bem. Devemos estar chegando perto de uma receita de bilhão em dólares porque conquistamos muitos novos negócios em nossas divisões e, é claro, também obtivemos resultados como reflexo do ambiente econômico geral da Covid-19, o que significou o aumento do transporte logístico. Como companhia, fizemos mais de 90 bilhões de receita em 2022.

O que impulsionou o crescimento da operação local?

É do tamanho do país, vocês têm uma das maiores economias do mundo e, claro, a população é um fator chave para isso, mas também ganhamos participação de mercado em nossas linhas de produtos. Nos beneficiamos da escala do país e também da conquista de participação de mercado no setor, combinação que levou a um tremendo crescimento.  É uma operação bastante considerável.

E onde você vê as principais oportunidades no Brasil para a empresa crescer?

O Brasil é um país em crescimento e tem recursos nacionais tremendos. O negócio de produtos perecíveis também é bastante atraente e crescente. Em geral, o país tem muitos setores com negócios em crescimento e que são atraentes para nós como  OEMs, indústria automotiva, moda e comércio elétrônico. Trabalhamos com diferentes indústrias juntas e acompanhamos apenas o sucesso de expansão dos negócios de nossos clientes. Eu acredito que temos grandes oportunidades para desenvolver o negócio aqui.

De doutorado em PHD a CEO de uma empresa de logística

Você chegou a principal cadeira da DHL há 15 anos, em 2008, e agora está de partida. Em que cenário se dá essa decisão?

Depois de 15 anos e estou completando 62 anos neste ano, acho que é hora de seguir em frente e passar para um pessoal muito mais jovem. Meu sucessor está no fim dos seus quarenta anos e acho que o CEO deveria ter a chance de liderar uma organização por, pelo menos, dois mandatos, duas vezes cinco anos. Eu fiz isso mesmo por três mandatos. Isso importante porque a organização deve saber o que a empresa quer nos próximos cinco a 10 anos. Estou muito convencido de que ele terá sucesso. Isso dá muita estabilidade à organização e à nossa empresa desde que se tornou privada. Nós fomos uma empresa pública até 1990. Desde que nos tornamos privados, tivemos apenas dois CEOs. Acho que você vê isso na cultura da organização porque temos um planejamento de longo prazo.

Com 15 anos, eu disse ok, tenho que passar para alguém que é significativamente mais jovem.

Mas você vai para o conselho de administração da companhia?

Não, eu saio de uma empresa. Sempre disse: não devo ser meu próprio sucessor. Eu poderia voltar em dois anos pela legislação alemã, mas não voltarei. Acho que isso não é uma boa governança porque meu sucessor deve ter o espaço que eu tive para fazer a coisa certa para a empresa.

Se a organização soubesse que eu iria voltar, quando o meu sucessor fizesse mudanças que as pessoas não gostem, iriam dizer “ok, vamos esperar dois anos, o Frank vai voltar e depois reclamamos”. Eu não quero ter isso. Acho que meu sucessor deveria ter a mesma chance que eu tive.

O meu antecessor não se tornou meu chairman e isso foi bom para mim e para a empresa. Já sou o presidente da Deutsch Telekom, que é a maior empresa de telecomunicações europeia e proprietária de 50% da T-Mobile US. Assim, eles operam em duas regiões do mundo, a maior e mais bem-sucedida empresa de telecomunicações. Então, eu já faço alguma coisa, mas em uma área diferente.

Posso fazer mais coisas desse tipo, mas também quero dar algumas aulas e palestras. Aprendi muito em minha carreira, então devo compartilhar isso com os jovens alunos. Se eles irão aprender algo com os meus erros é outra questão, mas, pelo menos, deveriam ouvir os meus erros e as minhas experiências. Eu sempre digo aos jovens que eles devem trabalhar para pessoas diferentes e pegar a melhor combinação do que viram, o que funciona e o que não funciona porque ninguém é perfeito.

Vou participar de programas de treinamento também. Alguns profissionais da DHL devem me ver em programas de treinamento porque eu amo esta companhia e meu sangue é vermelho e amarelo. Se vou compartilhar com outros alunos, por que não com os jovens talentos da empresa?

Você tem mestrado em Química e é PHD em neurobiologia. Como entrou no setor de logística?

Isso aconteceu mais ou menos por acidente depois de eu terminar meu doutorado. Quando olhei em volta, não consegui encontrar um emprego na indústria química e recebi uma oferta para a McKinsey. Me tornei consultor e aconselhei empresas químicas e siderúrgicas. E, finalmente, também Deutsche Post – naquela época ainda era Deutsche Post – e me tornei sócio da McKinsey. Eu queria ir para Nova York com minha família como sócio da McKinsey.

Meu antecessor então veio até mim e disse: “você se juntaria à Deutscher Post como meu braço direito, como chefe de estratégia?” Eu pensei disse: “por que não?” E foi assim que aconteceu, não foi planejado. As pessoas costumam me perguntar o que devem fazer para ter um emprego como o meu, CEO.

E eu digo, faça três coisas primeiro. Faça o que é fácil para você, porque assim você será melhor que muitos outros. Tenha um bom desempenho, o que dá uma combinação talvez de 25% e depois tenha sorte. 75% do que tenho neste trabalho é sorte. Porque quando meu antecessor deixou o cargo, eu era o mais jovem do conselho e tinha um bom desempenho. Eu tinha um bom histórico, mas era o mais novo e o outro candidato tinha mais de 60 anos. Então, isso não foi realmente uma escolha, eles levaram o profissional de 46 anos com um bom histórico. Mas a razão pela qual consegui o emprego é porque o outro membro do conselho que poderia fazer o trabalho era muito velho.

E você não pode planejar isso, você sabe. se ele tivesse 52 em vez de 60, o conselho provavelmente teria dito: vamos pegar esse cara porque ele tem mais experiência. Frank é um cara legal, mas o outro também é um cara legal.  Você não pode ir a uma empresa e ver quantos anos tem o CEO e quantos anos têm os outros membros do conselho. Temos que ter sorte e isso aconteceu comigo mesmo. Performance é importante, mas é apenas uma pequena parte.

“Nós nos posicionamos como uma organização que estava pronta para ajudar os nossos clientes a voltar aos trilhos” (Divulgação/DHL)

https://exame.com/dossie/negocios/brasil-tem-grandes-oportunidades-com-nova-globalizacao-diz-ceo-global-da-dhl/#s-de-doutorado-em-phd-a-ceo-de-uma-empresa-de-logistica

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Por que os chatbots de IA dizem mentiras e agem de maneira estranha? Olhe no espelho

Por Cade Metz –  Folha/NYT 25/03/2023 | 

Um dos pioneiros da inteligência artificial argumenta que os chatbots são frequentemente estimulados a produzir resultados estranhos pelas pessoas que os usam

THE NEW YORK TIMES – LIFE/STYLE – Quando a Microsoft adicionou um chatbot ao seu mecanismo de busca Bing este mês, as pessoas perceberam que ele estava oferecendo todo tipo de informações falsas sobre a Gap, a vida noturna mexicana e a cantora Billie Eilish.

Então, quando jornalistas e outros verificadores iniciais tiveram longas conversas com o bot de inteligência artificial da Microsoft, ele passou a ter um comportamento grosseiro e irritantemente assustador.

Desde que o comportamento do bot do Bing se tornou uma sensação mundial, as pessoas tiveram dificuldades para entender a estranheza dessa nova criação. Na maioria das vezes, os cientistas dizem que os humanos merecem grande parte da culpa.

Mas ainda há um pouco de mistério sobre o que o novo chatbot pode fazer – e por que ele o faz. Sua complexidade faz com que seja difícil dissecá-lo e ainda mais difícil prevê-lo, e os pesquisadores estão olhando para ele através de lentes filosóficas, bem como do hardcode da ciência da computação.

Sam Altman, CEO da OpenAI, fala durante apresentação do novo mecanismo da Microsoft

Sam Altman, CEO da OpenAI, fala durante apresentação do novo mecanismo da Microsoft Foto: Ruth Fremson/The New York Times

Como qualquer outro aluno, um sistema de IA pode aprender informações erradas a partir de fontes ruins. E esse comportamento estranho? Pode ser o reflexo distorcido de um chatbot a partir das palavras e intenções das pessoas que o usam, disse Terry Sejnowski, neurocientista, psicólogo e cientista da computação que ajudou a estabelecer as bases intelectuais e técnicas para a IA moderna.

“Isso acontece quando você se aprofunda cada vez mais nesses sistemas”, disse Sejnowski, professor do Instituto Salk de Estudos Biológicos e da Universidade da Califórnia, San Diego, que publicou um trabalho de pesquisa sobre esse fenômeno este mês na revista científica Neural Computation. “O que quer que você esteja procurando – o que você deseja – eles fornecerão.”

O Google também exibiu um novo chatbot, o Bard, este mês, mas cientistas e jornalistas rapidamente perceberam que ele estava escrevendo bobagens sobre o Telescópio Espacial James Webb. A OpenAI, uma startup de São Francisco, começou o boom dos chatbots em novembro, quando introduziu o ChatGPT, que também nem sempre diz a verdade.

Os novos chatbots são movidos por uma tecnologia que os cientistas chamam de grandes modelos de linguagem, ou LLM. Esses sistemas aprendem analisando enormes quantidades de texto digital retirado da internet, que inclui volumes de material falso, tendencioso e tóxico. O texto com o qual os chatbots aprendem também está um pouco desatualizado, porque eles devem passar meses analisando-o antes que o público possa usá-los.

Ao analisar esse mar de informações adequadas ou equivocadas da internet, um LLM aprende a fazer uma coisa específica: adivinhar a próxima palavra em uma sequência de palavras.

Ele funciona como uma versão gigante da tecnologia de preenchimento automático que sugere a próxima palavra enquanto você digita um e-mail ou uma mensagem em seu smartphone. Dada a sequência “Tom Cruise é um ____”, ele pode adivinhar “ator”.

Quando você conversa com um chatbot, o bot não está apenas se baseando em tudo o que aprendeu na internet. Ele está se baseando em tudo o que você disse a ele e em tudo o que ele respondeu. Não é apenas adivinhar a próxima palavra em sua frase. É adivinhar a próxima palavra no longo bloco de texto que inclui suas palavras e as palavras dele.

'Se você persuadir um chatbot a ficar assustador, ele fica assustador', diz o neurocientista Terry Sejnowski

‘Se você persuadir um chatbot a ficar assustador, ele fica assustador’, diz o neurocientista Terry Sejnowski Foto: John Francis Peters/The New York Times

Quanto mais longa a conversa, mais influência um usuário involuntariamente tem sobre o que o chatbot está dizendo. Se você quer que ele fique com raiva, ele fica com raiva, disse Sejnowski. Se você persuadi-lo a ficar assustador, ele fica assustador.

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A Microsoft e a OpenAI decidiram que a única maneira de descobrir o que os chatbots farão no mundo real é deixá-los soltos – e capturá-los quando se desviarem. Eles acreditam que seu grande experimento público vale o risco.

Sejnowski comparou o comportamento do chatbot da Microsoft ao Espelho de Ojesed, um artefato místico nos romances “Harry Potter” de J.K. Rowling e nos muitos filmes baseados em seu mundo inventivo de jovens bruxos.

“Ojesed” é “desejo” escrito ao contrário. Quando as pessoas descobrem o espelho, ele parece fornecer verdade e compreensão. Mas isso não acontece. Ele mostra os desejos mais profundos de qualquer um que olha para ele. E algumas pessoas enlouquecem se olharem por muito tempo.

“Como o ser humano e os LLMs se espelham, com o tempo eles tenderão a um estado conceitual comum”, disse Sejnowski.

Não foi surpresa, ele disse, os jornalistas começarem a ver um comportamento assustador no chatbot do Bing. Consciente ou inconscientemente, eles estavam estimulando o sistema em uma direção desconfortável. À medida que os chatbots absorvem nossas palavras e as refletem de volta para nós, eles podem reforçar e ampliar nossas crenças e nos persuadir a acreditar no que eles estão nos dizendo.

Como esses sistemas aprendem com muito mais dados do que nós, humanos, jamais poderíamos imaginar, mesmo os especialistas em IA não conseguem entender por que eles geram um determinado trecho de texto em um dado momento.

Sejnowski disse acreditar que, a longo prazo, os novos chatbots terão o poder de tornar as pessoas mais eficientes e dar-lhes maneiras de fazer seu trabalho melhor e com mais rapidez. Mas isso vem com um aviso tanto para as empresas que constroem esses chatbots quanto para as pessoas que os usam: eles também podem nos afastar da verdade e nos levar a lugares sombrios.

“Esta é uma terra desconhecida”, disse Sejnowski. “Os humanos nunca experimentaram isso antes.” /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

https://www.estadao.com.br/internacional/nytiw/por-que-chatbots-de-inteligencia-artificial-mentem/

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Pedro Dória: O Brasil está distraído para a IA

A UE tem uma penca de especialistas debruçada sobre a regulação dessa revolução. Aqui, o debate não chegou ao Congresso

Pedro Dória – O Globo – 24/03/2023 

Lançado na virada de novembro para dezembro do ano passado, o ChatGPT alcançou nos dois primeiros meses a marca de 100 milhões de usuários ativos por mês. A estimativa é da Accenture e se refere a gente que realmente usa o sistema, não basta ter se inscrito. É o crescimento mais rápido de uma plataforma digital na História — não tem Facebook, Tik Tok, nada que o bata. Na última semana, saiu a versão 4.0 do ChatGPT — foram três meses para o salto de uma versão à outra da inteligência artificial (IA) que responde a perguntas por escrito. Saiu também a versão 5 do Midjourney, a popular inteligência artificial para geração de imagens. A versão 3 é de agosto passado. Pois é: velocidade estonteante.

Chamamos essas inteligências artificiais de geradoras, gen-AI na sigla em inglês, pois geram conteúdo. É a terceira geração. Na primeira década do século surgiu o aprendizado de máquina, algoritmos capazes de fazer computadores aprender a partir de grandes bases de dados. Percebiam repetições de padrões e os aplicavam. Foi o tempo em que falávamos muito de big data. Os algoritmos que mostram para nós o que é popular nas redes sociais vêm dali.

A segunda geração, nos últimos dez anos, foi chamada de deep learning, aprendizagem profunda. Os computadores começaram a processar mais dados com mais velocidade, e os padrões identificados se sofisticaram. Reconhecimento de voz por assistentes digitais, a capacidade dos celulares de reconhecer rostos, mesmo carros autônomos, tudo é fruto de deep learning.

Esta década será marcada pela gen-AI. A inteligência artificial não apenas reconhece, mas passa a produzir conteúdo novo a partir dos dados que analisa. Textos e imagens realistas, agora, em março de 2023. Ainda neste semestre, criará vídeos. Já escreve código de programação, é capaz de produzir páginas da web simples a partir de um croqui a lápis fotografado pelo celular. Já há testes de sistemas que constroem moléculas de novos medicamentos para a indústria farmacêutica. Não vimos nem a crosta do que está por vir nos próximos poucos anos.

A gen-AI imporá a governos e empresas uma corrida por uma nova transformação digital. Quem for mais ágil em incorporar a terceira geração terá resultados impressionantes mais cedo e cortará custos mais rápido, se tornando mais competitivo, mais eficiente ou ambos.

Os novos recursos poderão ser usados em serviços básicos como atendimento a clientes. Robôs serão capazes de conversar por voz ou texto com quem tem dificuldade técnica e resolver os problemas. O uso pode ser mais complexo. Alimentado com uma sólida base de dados jurídica, sistemas como o ChatGPT ou o Bard, do Google, são capazes de pesquisar jurisprudência e sugerir linhas de defesa para escritórios de advocacia. Vai bem além. Compreendendo o histórico de sucessos e fracassos de uma empresa, a gen-AI poderá sugerir novos produtos, fazer branding. Poderá sugerir caminhos estratégicos para a gestão de RH. E, claro, descobrir doenças antes de um médico ou projetar remédios.

A União Europeia tem uma penca de especialistas debruçada sobre o problema da regulação dessa revolução. Por aqui, o debate não chegou ao Congresso Nacional. Mas a tecnologia é inclemente. Não custa lembrar: desempregará muitos, inclusive gente com diploma superior, e os empregos que criará exigirão alta especialização.

Pois é. A versão 3 do Midjourney saiu em agosto. A 5, em março. Periga chegar à 10 ainda no ano que vem.

https://oglobo.globo.com/opiniao/pedro-doria/coluna/2023/03/o-brasil-esta-distraido-para-a-ia.ghtml

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Brasil entra no ranking dos dez maiores países com energia solar do mundo

Por André Borges – Estadão – 21/03/2023 

Entre 2021 e 2022, o Brasil subiu cinco posições no ranking mundial, saindo da 13ª colocação em 2021 para a oitava em 2022, com 24 gigawatts de potência de energia solar

BRASÍLIA – O Brasil entrou, pela primeira vez, na lista dos dez países com maior potência instalada acumulada da fonte solar fotovoltaica. O país encerrou 2022 com 24 gigawatts (GW) de potência operacional solar. Com esse resultado, o País assumiu a oitava colocação no ranking internacional.

Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), os dados consideram a somatória das grandes usinas solares e de sistemas de geração própria solar de pequeno e médio portes, instalados em telhados e fachadas de edifícios, por exemplo, além de pequenos terrenos. O balanço leva em conta a potência total acumulada ao final de 2022.

Painéis solares

Painéis solares Foto: Ayrton Lopes

De acordo com a Absolar, a oitava colocação do Brasil deve-se ao fato de que 10 GW de potência foram adicionados em 2022. No ano passado, o setor solar atraiu mais de R$ 45,7 bilhões de novos investimentos, um crescimento de 64% em relação aos investimentos realizado no setor em 2021.

Ao analisar a capacidade instalada acumulada da tecnologia solar entre 2021 e 2022, o Brasil subiu cinco posições no ranking mundial, saindo da 13ª colocação em 2021 para a oitava em 2022. O ranking é liderado pela China (392 GW), seguida pelos Estados Unidos (111 GW), Japão (78,8 GW), Alemanha (66,5 GW), Índia (62,8 GW), Austrália (26,7 GW), Itália (25 GW), Brasil (24 GW), Holanda (22,5 GW) e Coreia do Sul (20,9 GW).

A fonte solar passou a ser a segunda maior na matriz elétrica nacional em janeiro deste ano. Hoje soma 26 GW em operação no Brasil, responsáveis por mais de R$ 128,5 bilhões em investimentos e mais de 783,7 mil empregos acumulados desde 2012.

“Além de competitiva e acessível, a energia solar é rápida de instalar e ajuda a aliviar o bolso dos consumidores, reduzindo em até 90% seus gastos com energia elétrica”, afirmou o presidente do Conselho de Administração da Absolar, Ronaldo Koloszuk.

https://www.estadao.com.br/economia/brasil-entra-no-ranking-dos-dez-maiores-paises-com-energia-solar-do-mundo/

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ChatGPT entra na rotina de empresas

Software é usado em academia de ginástica, loja de produtos infantis e prevenção de riscos financeiros

Por Daniela Braun — Valor – 21/03/2023

O ChatGPT, o programa de computador mais famoso do mundo, lançado pela americana Open AI há quatro meses, é capaz de responder perguntas, escrever textos em linguagem natural, como se fosse uma pessoa, e criar imagens. No Brasil, já faz parte da rotina de empresas de vários setores como academias de ginástica, varejo de produtos infantis e prevenção de riscos financeiros.

Na rede de academias de ginástica Live Fit Brasil, que atende 15 mil alunos em quatro Estados, o ChatGPT colabora na criação de textos sobre as funções de novos colaboradores. E também ajuda a orientar a administração sobre novas fontes de receita para a empresa.

“A ferramenta dá ideias de como podemos aumentar o faturamento, vendendo suplementos, roupas e acessórios, além de oferecer acompanhamento de treinos específicos para cada aluno”, diz Gabriel Vitta, diretor de marketing da Live Fit.

A empresa assinou uma plataforma lançada no fim de janeiro pelo grupo brasileiro G4 Educação, que incrementou o ChatGPT 3.5, versão mais popular atualmente, inserindo conhecimentos de cursos sobre marketing, vendas e gestão promovidos pela empresa, bem como 6 mil interações entre alunos e professores especializados nestas áreas.

O programa de computador mais famoso do mundo acelera processos, mas requer ajustes feitos por pessoas

Com módulos pré-formatados, o empreendedor pode fornecer informações mais pontuais ao ChatGPT como, por exemplo, o público que deseja alcançar em determinada campanha, seus desafios e os produtos que vai oferecer, para ter respostas mais precisas da inteligência artificial.

A descrição de vagas para contratação de vendedores e designers é outra tarefa desempenhada com a ajuda do ChatGPT na rede de academias. “A ferramenta nos ajuda a ter certeza de que a descrição da vaga está de acordo com a nossa necessidade para atrairmos os melhores candidatos”, informa o diretor de marketing.

Até o momento, quatro contratações na sede da empresa contaram com o suporte do ChatGPT, que também ajudou na especificação de tarefas de cada colaborador. Futuramente, Vitta espera aplicar a ferramenta no atendimento ao público.

O ChatGPT tem evoluído rapidamente. No dia 14, menos de quatro meses após o anúncio da versão 3.0 da ferramenta, que se popularizou rapidamente, a Open AI anunciou a versão 4.0. Esta consegue compreender imagens e sons e dá respostas mais rápidas e assertivas, com uma base maior de informações.

Patrick Coutinho, diretor-presidente e fundador da Criativaê, loja on-line especializada em produtos infantis, diz que a empresa ganhou produtividade usando o ChatGPT na descrição de itens à venda, bem como na formatação de textos para o blog da loja e de roteiros de anúncios em vídeo.

“Textos longos para o blog, que a gente levava um dia para produzir, hoje levamos 30 minutos”, compara o executivo, que vem estudando a ferramenta desde o ano passado.

Coutinho pondera, no entanto, que a eficiência da ferramenta da Open AI depende muito do conhecimento do usuário e que não substitui o processo lógico de criação de conteúdos.

“As pessoas acreditam que o ChatGPT crie conteúdos, mas ele apenas compila informações de banco de dados”, explica o empresário.

A compilação de textos técnicos de uma forma coerente é uma das vantagens do ChatGPT. Ele elabora relatórios, em formato de livro eletrônico e em posts em redes sociais, para a empresa de tecnologia Datarisk. O negócio desta empresa é desenvolver algoritmos de inteligência artificial para a prevenção de riscos no sistema financeiro.

“Como a ferramenta é treinada com muitos conteúdos e parâmetros, ela já entende o que é uma provisão para devedores duvidosos, por exemplo, e sintetiza uma resposta bacana, enquanto um buscador como o Google vai trazer diversos links”, observa o engenheiro da computação Jhonata Emerick, fundador e diretor-presidente da empresa.

A empresa também ganhou tempo usando o Dall-e, a versão do ChatGPT para imagens, para ilustrar posts no blog corporativo. “Antes você tinha que entrar em um banco de imagens, pesquisar se poderia usar a foto gratuitamente ou pagar pelos direitos autorais, mas agora descreve um contexto e o Dall-e cria uma imagem nova”.

Emerick nota que o material sintetizado pelo ChatGPT acelera alguns processos, mas requer revisões e ajustes de profissionais técnicos “para evitar ciladas” como informações falsas, desvios ou imprecisões, que a versão 4.0 tenta minimizar, mas que não dispensam a inteligência humana. “O ChatGPT não demite ninguém”, frisa Coutinho, da Criativaê.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/03/21/chatgpt-entra-na-rotina-de-empresas.ghtml

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Trabalhar no fim de semana virou o ‘novo normal’: média supera 6 horas aos sábados e domingos

Software americano de gerenciamento de produtividade acompanhou 134 mil funcionários de escritórios e constatou alta de 5% no volume de trabalho aos finais de semana

TOPO

Por O Globo/Bloomberg — Nova York 10/03/2023 

Enquanto visionários discutem jornadas semanais de quatro dias úteis, na vida real da maioria dos profissionais o fim de semana de folga tem sido uma exceção no pós-pandemia. Em muitos casos, a era do regime híbrido, com longas reuniões por Zoom e rotinas via Slack, leva profissionais a usarem os sábados e domingos para tarefas que exijam mais concentração.

Ao mesmo tempo, levas de demissões em setores como o de tecnologia deixam os trabalhadores remanescentes sobrecarregados com as funções dos antigos colegas.

No ano passado, a média de horas trabalhadas no sábado e no domingo aumentou 5%, para 6,6 horas, de acordo com a empresa ActivTrak, que analisou quase 175 milhões de horas de trabalho de 134.260 usuários anônimos de seu software de gerenciamento de produtividade em todo o mundo.

Mais que dez horas de trabalho por dia

O relatório da ActivTrak também descobriu que o dia de trabalho médio em 2022 durou dez horas e nove minutos. A jornada padrão é de oito horas diárias.

Enquanto apenas 5% de todos os trabalhadores rastreados trabalhavam no fim de semana, certos setores, como tecnologia e mídia, tiveram um aumento de 25% ou mais nas horas trabalhadas aos sábados e domingo em comparação com o ano anterior.

São duas as razões para este aumento: cortes de empregos que sobrecarregaram quem não foi demitido e a necessidade de escapar das constantes interrupções de chamadas do Zoom e bate-papos do Slack.

– Além disso, à medida que as pessoas se sentem mais à vontade com a flexibilidade, é aceitável fazer logoff às 15h na sexta-feira e lidar com o trabalho no fim de semana – disse Gabriela Mauch, vice-presidente do laboratório de produtividade da ActivTrak.

Os turnos de fim de semana são o exemplo mais recente do colapso do antigo mundo do trabalho pela pandemia de Covid, já que as demandas por maior flexibilidade entre os funcionários se chocam com o desejo de alguns empregadores de ver os funcionários pessoalmente no escritório com mais frequência.

Trabalho remoto x presencial

Embora o trabalho remoto tenha liberado os funcionários administrativos em muitos aspectos, permitindo que muitos façam seu trabalho onde e quando quiserem, também os conectou a ferramentas de colaboração e comunicação que podem desviar sua atenção com notificações constantes.

Além disso, os crescentes cortes de empregos nos últimos tempos em tecnologia, mídia e outros setores também complicaram o cenário, criando mais estresse nos funcionários que já estão enfrentando taxas recordes de esgotamento.

Mídia e tecnologia: ‘guerreiros’ do fim de semana

Os ”guerreiros” de fim de semana mais comuns são funcionários de tecnologia em hardware e serviços de computador, de acordo com dados da ActivTrak, junto com trabalhadores de mídia e de bens de consumo. Todos esses grupos aumentaram suas horas de fim de semana no ano passado em comparação com 2021, a maioria em porcentagens de dois dígitos.

De acordo com o rastreador Layoffs.fyi, as empresas de tecnologia demitiram mais de 122 mil trabalhadores nos EUA até agora este ano.

Outros setores, como energia, hotelaria e assistência médica, registraram um declínio nas horas trabalhadas nos fim de semana. Uma teoria por trás dessas diferenças entre os setores, disse Gabriela Mauch, da ActivTrak, é que as indústrias com uma parcela maior de trabalhadores em criatividade podem ver mais valor em trabalhar no fim de semana.

Terça-feira, o dias mais produtivo

O dia de trabalho médio em 2022 durou dez horas e nove minutos, definido pelo intervalo entre a primeira e a última atividade no computador de um trabalhador, segundo a pesquisa. O tempo gasto em trabalho focado diminuiu ligeiramente no ano passado, enquanto os minutos gastos em multitarefa aumentaram em uma quantidade semelhante.

Os trabalhadores foram mais produtivos e focados no primeiro semestre do ano em comparação com o segundo semestre, e terça-feira foi o dia mais produtivo.

– Cada cultura é diferente. Em uma organização, sete horas de trabalho podem ser apropriadas, mas em outras são 12 – ressaltou Gabriela.

https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2023/03/trabalhar-no-fim-de-semana-virou-o-novo-normal-media-supera-6-horas-aos-sabados-e-domingos.ghtml

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A intimidade artificial virou o mal do século

Quando nos relacionamos com nossos amigos, amantes ou familiares nunca estamos 100% presentes

Ronaldo Lemos* – Folha – 19.mar.2023 

Esther Perel é psicoterapeuta. Nasceu na Bélgica, filha de sobreviventes do holocausto. Hoje é professora da universidade de Nova York e especialista em temas como solidão e relacionamentos contemporâneos, incluindo relações amorosas. No festival SXSW, realizado em Austin, no Texas, que se encerrou ontem, ela roubou a cena. No meio de uma pletora de palestras sobre tecnologia, sua fala sobre comportamento humano foi a mais importante na minha opinião.

Ela desenvolveu o fascinante tema da “intimidade artificial”. Seu argumento é que estamos vivendo nossas vidas em permanente estado de atenção parcial. Quando nos relacionamos com nossos amigos, amantes ou familiares nunca estamos 100% presentes. Nossa atenção está sempre dividida entre as pessoas e o nosso celular, mídias sociais, alertas de mensagem e assim por diante. Nesse contexto não é possível intimidade real.

As mídias sociais e nosso celular funcionam como anestesia seletiva para as relações humanas. Queremos as partes boas do convívio, que são do nosso interesse, mas evitamos ao máximo atritos, conversas desconfortáveis, tédio etc. Sempre que algo desconfortável começa a se materializar, partimos para o mundo confortável e controlado do celular, que nos distrai do que é verdadeiramente humano.

Essa é a intimidade artificial. Estamos todos vivendo coletivamente o experimento do rosto parado que o psicólogo Edward Tronick realizou nos anos 1970. Nele, uma mãe primeiro é gravada se relacionando normalmente com seu bebê de 6 meses. Ela sorri, o bebê sorri de volta. Ela fala algo e o bebê dá uma gargalhada. No segundo momento a mãe paralisa seu rosto. Ela olha fixamente para o bebê, sem expressar qualquer reação. O bebê então gargalha. A mãe permanece impassível. O bebê então começa a gritar. Nenhuma reação da mãe. O bebê então chora e grita desesperadamente, até que a mãe retoma suas reações normais e acolhe a criança.

No mundo que estamos vivendo hoje somos todos simultaneamente a mãe e a criança. Como somos incapazes de dar atenção integral ao outro, estamos sempre em dívida emocional com as pessoas que nos cercam. Ao mesmo tempo, somos também o bebê, sedentos por atenção. Nunca houve uma carência tão grande por escuta e acolhimento como a que vivenciamos coletivamente no mundo de hoje.

Esther nos conclama a nos rebelarmos contra a intimidade artificial. A exigir e a dar atenção total para aqueles com quem nos relacionamos. A darmos o difícil passo de aceitarmos o conflito e o atrito como parte das relações humanas, parando assim de nos anestesiarmos parcialmente o tempo todo. Sem isso seremos obrigados a conviver com relações que julgamos “defeituosas” o tempo todo.

Uma pesquisa realizada nos EUA em 2019 apontou que 22% dos “millenials” têm hoje zero amigo. 25% dizem não ter nenhum conhecido. Muitos têm um número de seguidores gigantesco em redes sociais, mas amigos mesmo, nenhum. Em gerações anteriores o número dos sem-amigos girava em torno de 9%. Não é por acaso que ansiedade e depressão são um dos assuntos que mais circulam em mídias sociais hoje entre adolescentes e também crianças. Na era da intimidade artificial, não são só as amizades que estão em risco, mas também as relações amorosas e familiares. Apertem os cintos para a sociedade da solidão, com consequências nefastas para todos os campos da vida humana.

Reader

Já era Baby Boomers dizendo que 91% têm amigos

Já é Geração X dizendo que 85% têm amigos

Já vem Boa parte dos Millenials e da geração Z com muitos seguidores, mas sem amigos

*Advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ronaldolemos/2023/03/a-intimidade-artificial-virou-o-mal-do-seculo.shtml

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Fazer deepfakes fica mais barato e fácil graças à IA

Por Stuart A. Thompson – Estadão/NYT – 18/03/2023 

Criadores de memes e vendedores de desinformação estão adotando ferramentas de inteligência artificial para criar vídeos falsos convincentes de forma barata

THE NEW YORK TIMES – LIFE/STYLE – Não seria totalmente estranho para Joe Rogan, o comediante que virou podcaster, endossar uma marca de café para homens que “aumenta a libido”.

Mas quando um vídeo circulando no TikTok recentemente mostrou Rogan e seu convidado, Andrew Huberman, vendendo o café, alguns espectadores mais observadores ficaram chocados – incluindo Huberman.

Saiba o que é deepfake, técnica de inteligência artificial que foi apropriada para produzir desinformação

“Sim, é falso”, Huberman escreveu no Twitter depois de ver o anúncio, no qual ele parece elogiar o potencial do café de aumentar a testosterona, embora nunca tenha feito isso.

O anúncio fazia parte de um número crescente de vídeos falsos nas redes sociais feitos com tecnologia alimentada por inteligência artificial. Especialistas disseram que a voz de Rogan parece ter sido sintetizada usando ferramentas de IA que imitam vozes de celebridades. Os comentários de Huberman foram extraídos de uma entrevista não relacionada.

Fazer vídeos falsos realistas, muitas vezes chamados de deepfakes, já exigiu um software elaborado para colocar o rosto de uma pessoa no rosto de outra. Mas agora, muitas das ferramentas para criá-los estão disponíveis para os consumidores comuns – até mesmo em aplicativos de smartphones, e muitas vezes por pouco ou nenhum dinheiro.

Os novos vídeos alterados – principalmente, até agora, fruto do trabalho de criadores de memes e profissionais de marketing – se tornaram virais em redes sociais como TikTok e Twitter. O conteúdo que eles produzem, às vezes chamado de cheapfakes pelos pesquisadores, funciona clonando vozes de celebridades, alterando os movimentos da boca para corresponder ao áudio alternativo e escrevendo diálogos persuasivos.

Os vídeos e a tecnologia acessível por trás deles deixaram alguns pesquisadores de IA preocupados com seus perigos e levantaram novas preocupações sobre se as empresas de mídia social estão preparadas para moderar a crescente falsificação digital.

Os vigilantes da desinformação também estão se preparando para uma onda de falsificações digitais que podem enganar os espectadores ou tornar mais difícil saber o que é verdadeiro ou falso online.

“O que é diferente é que todos podem fazer isso agora”, disse Britt Paris, professor assistente de Biblioteconomia e Ciência da Informação na Rutgers University, que ajudou a cunhar o termo “cheapfakes”. “Não são apenas pessoas com tecnologia computacional sofisticada e know-how computacional bastante elaborado. É um aplicativo gratuito.”

Amostras de conteúdo manipulado circulam no TikTok e em outros lugares há anos, geralmente usando truques mais caseiros, como uma edição cuidadosa ou a troca de um clipe de áudio por outro. Em um vídeo no TikTok, a vice-presidente Kamala Harris parecia dizer que todos os hospitalizados por COVID-19 foram vacinados. Na verdade, ela disse que os pacientes não foram vacinados.

A Graphika, uma empresa de pesquisa que estuda desinformação, detectou deepfakes de notícias fictícias que contas de bots pró-China distribuíram no final do ano passado, no primeiro exemplo conhecido da tecnologia sendo usada para campanhas de influência alinhadas com o Estado.

Usuários comuns

Mas várias novas ferramentas oferecem tecnologia semelhante aos usuários comuns da internet, dando aos comediantes e partidários a chance de fazer suas próprias paródias convincentes.

No mês passado, circulou um vídeo falso mostrando o presidente Joe Biden declarando um plano nacional para a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. O vídeo foi produzido pela equipe por trás do “Human Events Daily”, um podcast e livestream dirigido por Jack Posobiec, um influenciador de direita conhecido por espalhar teorias da conspiração.

Em um segmento explicando o vídeo, Posobiec disse que sua equipe o criou usando a tecnologia de IA. Um tuíte sobre o vídeo do The Patriot Oasis, uma conta conservadora, usou uma etiqueta de breaking news sem indicar que o vídeo era falso. O tuíte foi visto mais de 8 milhões de vezes.

Muitos dos videoclipes com vozes sintetizadas pareciam usar tecnologia da ElevenLabs, uma startup americana co-fundada por um ex-engenheiro do Google. Em novembro, a empresa lançou uma ferramenta de clonagem de fala que pode ser treinada para replicar vozes em segundos.

A ElevenLabs chamou a atenção no mês passado depois que o 4chan, um painel de mensagens conhecido por conteúdo racista e conspiratório, usou a ferramenta para compartilhar mensagens odiosas. Em um exemplo, os usuários do 4chan criaram uma gravação de áudio de um texto antissemita usando uma voz gerada por computador que imitava a atriz Emma Watson. A Motherboard havia relatado anteriormente sobre o uso da tecnologia de áudio pelo 4chan.

A ElevenLabs disse no Twitter que introduziria novas proteções, como limitar a clonagem de voz a contas pagas e fornecer uma nova ferramenta de detecção de IA. Mas os usuários do 4chan disseram que criariam sua própria versão da tecnologia de clonagem de voz usando um código-fonte aberto, postando demos que soam semelhantes ao áudio produzido pela ElevenLabs.

Especialistas que estudam a tecnologia deepfake sugeriram que o anúncio falso com Rogan e Huberman provavelmente foi criado com um programa de clonagem de voz, embora a ferramenta exata utilizada não esteja clara. O áudio de Rogan foi emendado em uma entrevista real com Huberman discutindo sobre testosterona.

Os resultados não são perfeitos. O clipe de Rogan foi retirado de uma outra entrevista publicada em dezembro com Fedor Gorst, um jogador profissional de bilhar. Os movimentos da boca de Rogan são incompatíveis com o áudio e sua voz às vezes soa artificial. Se o vídeo convenceu os usuários do TikTok, é difícil dizer: ele atraiu muito mais atenção depois que foi sinalizado por sua falsidade impressionante.

Regras

As políticas do TikTok proíbem falsificações digitais “que enganam os usuários ao distorcer a verdade dos eventos e causar danos significativos ao assunto do vídeo, a outras pessoas ou à sociedade”. Vários dos vídeos foram removidos depois que o The New York Times os sinalizou para a empresa. O Twitter também removeu alguns dos vídeos.

Os reguladores federais demoraram a responder. Uma lei federal de 2019 solicitou um relatório sobre a utilização de deepfakes por estrangeiros, exigiu que as agências governamentais notificassem o Congresso se deepfakes visassem eleições nos Estados Unidos e criou um prêmio para incentivar a pesquisa de ferramentas que pudessem detectar deepfakes.

“Não podemos esperar dois anos até que as leis sejam aprovadas”, disse Ravit Dotan, pesquisador de pós-doutorado que dirige o Collaborative AI Responsibility Lab na Universidade de Pittsburgh. “Até então, o dano pode ser muito grande. Temos uma eleição chegando aqui nos EUA. Vai ser um problema.” /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

https://www.estadao.com.br/internacional/nytiw/deep-fake-mais-barato-com-inteligencia-artificial/

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