“ChatGPT tende a se tornar ‘commodity’ no futuro”

Sam Altman, presidente da OpenAI, diz que popularização da inteligência artificial é inevitável

Por Rodrigo Carro — Valor – 19/05/2023 

Modelos matemáticos de inteligência artificial mais básicos, como aquele utilizado no chatbot ChatGPT, tendem a se tornar commodities no futuro, enquanto que o desenvolvimento de aplicações mais sofisticadas, para operações de maior complexidade, em larga escala, continuará a desafiar desenvolvedores. O prognóstico de Sam Altman, presidente-executivo da OpenAI, de como a inteligência artificial será incorporada a produtos e serviços oferecidos por empresas é apenas uma das facetas da rápida – e, segundo ele, inevitável – popularização da inteligência artificial (IA).

Em evento nesta quinta-feira (18) no Rio de Janeiro, o executivo à frente da empresa que desenvolveu o ChatGPT traçou um painel bem mais amplo sobre os potenciais benefícios e riscos da revolução tecnológica desencadeada pela IA. Se por um lado Altman acenou ao público presente no Museu do Amanhã com a possibilidade de “cada estudante ter um professor [virtual] personalizado”, especializado, ao longo de toda vida, por outro o executivo destacou repetidas vezes a necessidade de regulação da IA, inclusive em nível internacional.

A revolução em curso, no entanto, é “ímparável”, ressalta Altman, e não está acontecendo exatamente da forma como imaginávamos.

“Se você perguntasse a especialistas nesse campo, cinco anos atrás, como o impacto [da IA] iria ocorrer, eles diriam que começaria pelo trabalho físico, como no caso dos caminhões autônomos”, enumerou o presidente da OpenAI, durante o painel o painel “O futuro da IA e o Brasil.”

“Depois [a substituição] chegaria ao trabalho cognitivo, primeiramente as tarefas mais fáceis e talvez eventualmente [atingiria] os programadores de computador: ‘Mas isto é realmente difícil e não vemos um robô fazendo isto’, [diriam eles]”, acrescentou.

Por último, “ou talvez nunca”, conforme frisou Altman, ocorreria a substituição do chamado trabalho criativo. “O trabalho criativo seria o mais ‘seguro’ por mais tempo. E [a mudança] se deu em outra direção”, disse o executivo, ao tratar da dificuldade de se fazer previsões mesmo para o médio prazo.

Num exemplo de como a inteligência artificial se infiltra em setores “criativos” tradicionalmente associados à imaginação humana, a startup Boomy permite a criação em segundos de canções originais utilizando recursos de IA.

Altman acredita que produtos e serviços mais básicos atrelados à inteligência artificial poderão se transformar em commodities. “Em menor escala, os modelos [matemáticos de IA] vão definitivamente se tornar mais ‘commoditizados’. E, numa escala maior – e aí eu provavelmente estou sendo tendencioso em benefício próprio – vai haver dificuldades muito maiores em criá-los”, opinou ele em conversa com jornalistas, após sua participação no painel.

A boa notícia para quem considera a inteligência artificial como uma ameaça aos empregos existentes é de que, ao menos por enquanto, as ferramentas de IA são muito boas em cumprir tarefas mas não em concluir um trabalho (ou projeto) inteiro, explicou Altman. “Daqui a 20 anos, vamos olhar para atrás, para esta preocupação com os empregos, e dizer: ‘Nós estávamos errados’”, relativizou o executivo.

É certo que algumas funções deixarão de existir e outras vão mudar radicalmente, admite ele, mas a produtividade dos trabalhadores tende a subir vertiginosamente, assim como a possibilidade de materializarem suas ideias e projetos com o auxílio de ferramentas de inteligência artificial.

A visão otimista de Altman com relação ao impacto da inteligência artificial não diminui a veemência do executivo ao defender a regulamentação da tecnologia emergente: “O importante é termos padrões de segurança, auditorias externas e políticas governamentais para reforçar isto tudo”. Como exemplo da cautela adotada pela OpenAI, ele lembra que o desenvolvimento do ChatGPT foi finalizado em agosto de 2022, mas o chatbot só foi lançado no mercado em março deste ano. O intervalo de quase oito meses foi necessário para garantir a utilização segura do aplicativo.

O evento de ontem no Rio de Janeiro foi promovido pela Fundação Lemman em conjunto com a OpenAI. É parte de uma “tour” mundial na qual Sam Altman irá se reunir com representantes de governo e desenvolvedores em diferentes países. Na quarta, ele esteve com membros da comunidade científica numa reunião organizada pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade, também no Rio.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/05/19/chatgpt-tende-a-se-tornar-commodity-no-futuro.ghtml

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O home office vai acabar? No pós-pandemia, empresas começam a questionar modelo

Por Felipe Siqueira e Bruna Klingspiegel – Estadão – 14/04/2023 

Big techs como Meta e Twitter, por exemplo, têm preferido modelos cada vez mais presenciais, o que pode impactar as empresas no cenário nacional; discussão pode virar queda de braço entre empregador e empregado

Três anos após o início da pandemia que forçou o home office nas empresas, a discussão sobre o melhor modelo de trabalho ainda não foi superada. Se de um lado há profissionais que se recusam a trabalhar em empresas que não permitem o trabalho remoto, do outro, executivos e empresários começam a demonstrar incômodo em relação à ausência dos funcionários no ambiente corporativo. Entre as justificativas estão a perda do chamado fit cultural e até de queda na eficiência dos profissionais.

No exterior, o movimento é liderado pelas big techs. Recentemente, Mark Zuckerberg movimentou as redes sociais com um post sobre o futuro da Meta, conglomerado que abarca companhias de tecnologia como o Facebook – que fundou em 2004 -, Instagram e Whatsapp. No texto, ele elencou os objetivos para 2023, em uma espécie de “carta aberta” aos funcionários, e explicou quais caminhos deverão ser tomados para uma guinada “mais eficiente”, nas palavras do executivo.

Além do cortes de vagas, redução no volume de contratações e cancelamentos de projetos com baixa prioridade, ele também encorajou os funcionários a encontrarem mais oportunidades de trabalho com os colegas presencialmente. Segundo Zuckerberg, isso tem a ver com produtividade.

“Em nossa análise inicial, que vai demandar ainda mais estudos, percebemos que tanto engenheiros que começaram a trabalhar conosco de maneira presencial e depois foram para o modelo remoto quanto os que se mantiveram no escritório tiveram melhores performances em relação aos que iniciaram a jornada de maneira remota”, disse ele, em comunicado.

Essa mudança para mais trabalho presencial, visando produtividade, não é peculiaridade só da Meta. Após concluir a compra do Twitter, Elon Musk aboliu o trabalho remoto, obrigando os funcionários – que restaram após a onda de demissões – a estarem presentes nas respectivas sedes – seja da rede social ou da Tesla (empresa de carros elétricos). No comunicado aos funcionários, ele teria dito que o home office já não é mais aceitável.

Outro exemplo veio do mercado financeiro. O JP Morgan anunciou na quarta-feira, 12, que orientou seus diretores administrativos a trabalhem todos os cinco dias úteis da semana no escritório. Com isso, o banco encerra oficialmente o modelo híbrido de trabalho para os executivos administrativos, adotado pela instituição ao longo da pandemia de covid.

“Nossos líderes desempenham um papel crítico no reforço de nossa cultura e na administração de nossos negócios”, destaca o banco, em comunicado enviado para os funcionários por e-mail. “Eles devem estar visíveis no local, devem se reunir com os clientes, precisam ensinar e aconselhar e devem estar sempre acessíveis para feedback imediato e mensagens improvisadas.”

No Brasil, o movimento também tem ganhado corpo. A XP Investimentos, por exemplo, já sinalizou que o modelo de trabalho à distância não tem ajudado a empresa. Em março, o fundador da companhia, Guilherme Benchimol, se encontrou com analistas do mercado e admitiu que contratou demais nos últimos anos e que o modelo de trabalho remoto prejudicou o desempenho da empresa.

A instituição chegou a iniciar um projeto, durante a pandemia, de mudança de sede, para uma complexo em São Roque, chamado Villa XP. O espaço seria um local para os funcionários se confraternizarem e interagirem. A ideia remetia ao modelo de sede da Apple, em Cupertino, no Estados Unidos. Hoje o projeto está sendo reestruturado, segundo entrevista de Benchimol ao InfoMoney, que faz parte do grupo.

Para o diretor executivo do PageGroup, Lucas Oggiam, o movimento de empresas de grande porte tende a ditar o ritmo dos negócios em determinados setores. Na opinião do executivo, o home office será cada vez menos visto neste ano e nos próximos. Isso porque as companhias têm seguido para modelos de trabalho híbrido, com um, dois ou três dias em casa durante a semana, ou até mesmo regimes presenciais.

“Mais de 95% das empresas para quem a gente recruta trabalha com o modelo híbrido, com exceção daquelas funções que efetivamente as pessoas precisam exercer presencialmente. Então, nos parece que o caminho vai continuar sendo esse”, diz.

Segundo Oggiam, para muitos gestores, há uma percepção de produtividade ligada ao fato de as pessoas estarem sentadas em um local apropriado para desempenhar determinada função, ao lado dos colegas. Além disso, a vasta maioria das companhias teve de avançar radicalmente em 2020 em direção ao modelo de trabalho remoto. O problema é que elas não estavam preparadas para essa movimentação – nem os gestores nem os colaboradores.

Como algumas experiências podem ter sido negativas, por causa dessa falta de preparo e também de experiência, os empregadores agora querem voltar a uma realidade anterior à pandemia. “Muitos chefes não se sentem confortáveis com a gestão à distância, seja por insegurança em relação à tecnologia necessária ou até mesmo porque não se sentem confiantes de que o time vai efetivamente trabalhar e respeitar o horário”, explica Oggiam.

Muitos chefes não se sentem confortáveis com a gestão à distância,

Lucas Oggiam, diretor executivo da PageGroup

Um reflexo desse movimento contrário ao home office pode ser visto nas vagas para trabalho remoto no mercado. Dados recentes do LinkedIn, rede social voltada para carreiras, mostram que as ofertas de emprego em home office estão “sumindo” do radar. Em fevereiro de 2022, 40% dos anúncios publicados na plataforma eram na modalidade remota. No mesmo período deste ano, a proporção caiu para 25%.

O interesse dos profissionais, no entanto, não tem desacelerado na mesma medida, o que acaba provocando uma queda de braço entre empregador e empregado. Um levantamento da empresa de recrutamento Robert Half mostra que 57% dos profissionais empregados estão dispostos a procurar um novo trabalho caso a empresa opte pelo retorno 100% presencial.

Para especialistas na área de recrutamento, a dificuldade de adaptação às transformações do mercado podem criar obstáculos na contratação de talentos e de retenção de profissionais-chave. Eles destacam que é preciso avaliar com cuidado a questão da produtividade quando o assunto é trabalho presencial.

Além disso, as empresas têm de considerar os custos com o retorno ao escritório, como energia, alimentação, vale-transporte de funcionários e até mesmo locação de espaço, que podem pesar muito no balanço para as companhias. E o trabalho presencial pode se tornar ainda mais caro se os colaboradores estiverem insatisfeitos.

Uma das coisas que Oggiam, do PageGroup, destaca é a adequação de espaços físicos para as empresas. “Muitas companhias reduziram o espaço que tinham, por exemplo, na Faria Lima, que saíram de dois andares e se mantiveram com apenas um.” Para o executivo, as empresas precisam encontrar o equilíbrio. “Ter pedidos de demissão porque a pessoa não está satisfeita (por conta do deslocamento ao trabalho, por exemplo) torna-se uma dor de cabeça gigantesca. O maior custo dentro de uma empresa é não ter a pessoa certa na cadeira certa”, conclui Oggiam.

O Estadão consultou as big techs sobre o assunto. Apple, Meta e XP afirmaram que não iriam comentar o tema. A reportagem não conseguiu contato com o Twitter. Amazon e Microsoft explicaram que o trabalho híbrido tem sido a tônica nas companhias, sendo que o remoto pode ser oferecido em áreas específicas de cada empresa.

Como saber qual o modelo de trabalho ideal para a empresa?

Para entender o que precisa ser considerado na hora de uma empresa decidir qual modelo de trabalho é o ideal, o Estadão pediu para o PageGroup e para a Robert Half elencarem pontos que necessitam atenção neste tema. Confira os principais a seguir:

O primeiro ponto é entender que tipo de empresa se quer construir, qual a cultura organizacional será implementada e qual o objetivo eu tenho. É preciso entender como o trabalho híbrido, remoto ou presencial se encaixa dentro de tudo isso.

Quem é seu cliente? É necessário saber qual a expectativa que o cliente tem em relação ao serviço que vai ser prestado e se é possível executá-lo de maneira remota. O tipo de função vai ser determinante neste tema

Conheça o seu público interno: antes de escolher um modelo de trabalho. É importante entender as necessidades e desejos dos funcionários da empresa. Isso pode ser feito por meio de pesquisas, rodas de conversa, entrevistas de contratação ou de desligamento.

Considere as características da empresa: infraestrutura, localização e facilidade de acesso da empresa também são fatores importantes a serem considerados ao escolher um modelo de trabalho.

É importante avaliar o que outras empresas do mesmo segmento estão fazendo em relação ao modelo de trabalho. Observe a movimentação, mas considere o contexto em que a empresa está inserida. O que funciona para uma big tech pode não funcionar para uma empresa de química no interior de São Paulo, por exemplo.

Com base em informações nesta linha, explica o gerente da Robert Half, Leonardo Berto, a empresa deve fazer uma matriz de risco para avaliar as vantagens e desvantagens de cada modelo de trabalho em relação ao negócio, ao perfil do público interno e aos objetivos da empresa. E ele também ressalta que é importante lembrar: o modelo de trabalho escolhido não precisa ser definitivo e pode ser adaptado conforme as mudanças nas necessidades da empresa e do mercado. “A flexibilidade é essencial para garantir a competitividade da empresa”, diz.

https://www.estadao.com.br/economia/sua-carreira/home-office-vai-acabar-pos-pandemia-empresas-questionam-modelo/

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Microsoft diz que nova inteligência artificial mostra sinais de raciocínio humano

Pesquisadores da empresa afirmam que capacidade cognitiva é semelhante à de pessoas; críticos veem oportunismo

Cade Metz – Folha/THE NEW YORK TIMES – 17.mai.2023 

Quando os cientistas da computação da Microsoft começaram a fazer experimentos com um novo sistema de inteligência artificial, no ano passado, pediram-lhe que resolvesse um quebra-cabeça que exigiria compreensão intuitiva do mundo físico.

“Temos aqui, um livro, nove ovos, um notebook, uma garrafa e um prego”, eles propuseram. “Por favor, diga como devemos empilhá-los uns sobre os outros de forma estável”.

Os pesquisadores ficaram espantados com a resposta engenhosa proposta pelo sistema de inteligência artificial. O sistema os instruiu a colocar os ovos sobre o livro, e organizá-los em três fileiras com espaço entre elas, com cuidado para não quebrá-los.

Em seguida, os instruiu a “colocar o notebook em cima dos ovos, com a tela voltada para baixo e o teclado voltado para cima”, escreveu o sistema de inteligência artificial. “O notebook se encaixará perfeitamente dentro do espaço delimitado pelo livro e os ovos, e sua superfície plana e rígida fornecerá uma plataforma estável para a próxima camada”.

A sugestão inteligente fez com que os pesquisadores se perguntassem se estavam testemunhando um novo tipo de inteligência.

Em março, eles publicaram um estudo de 155 páginas sobre suas pesquisas, argumentando que o sistema era um passo em direção à inteligência artificial geral, ou AGI, que é a abreviação de uma máquina capaz de fazer tudo o que o cérebro humano pode fazer. O artigo foi publicado em um repositório de pesquisas na internet.

A Microsoft, a primeira grande empresa de tecnologia a publicar um estudo com uma afirmação tão ousada, provocou um dos debates mais acirrados do mundo da tecnologia: o setor está criando algo semelhante à inteligência humana? Ou algumas das mentes mais brilhantes do setor estão se deixando levar pela imaginação?

“No começo, eu era muito cético —e isso evoluiu para um sentimento de frustração, irritação, talvez até medo”, disse Peter Lee, que lidera a equipe de pesquisa da Microsoft. “Você pensa: de onde diabos isso está vindo?”

O relatório de pesquisa da Microsoft, provocativamente intitulado “Sparks of Artificial General Intelligence” [fagulhas de inteligência artificial geral), vai ao cerne daquilo para que os tecnólogos vêm trabalhando —e que eles vêm temendo— há décadas. Se construírem uma máquina que funcione como o cérebro humano, ou até melhor, isso poderá mudar o mundo. Mas também pode ser perigoso.

Mas a constatação também pode ser pura bobagem. Fazer afirmações sobre AGI tem o potencial de acabar com a reputação de cientistas da computação.

O que um pesquisador acredita ser um sinal de inteligência pode ser facilmente explicado de outra maneira por outro estudioso, e o debate muitas vezes parece mais apropriado ao ambiente de um clube de filosofia do que a um laboratório de computação.

No ano passado, o Google demitiu um pesquisador que afirmou que um sistema de inteligência artificial semelhante era senciente, um passo além daquilo que a Microsoft afirmou. Um sistema senciente não seria apenas inteligente: seria capaz de perceber ou sentir o que está acontecendo no mundo ao seu redor.

Mas há quem acredite que, nos últimos 12 meses, o setor tenha se aproximado aos poucos de algo que não pode ser explicado: um novo sistema de inteligência artificial que está apresentando respostas e ideias semelhantes às humanas, e que não foram programadas como parte dele.

A Microsoft reorganizou partes de seus laboratórios de pesquisa para criar múltiplas equipes dedicadas a explorar essa ideia. Uma delas será comandado por Sébastien Bubeck, que foi o principal autor do artigo da Microsoft sobre a AGI.

Há cerca de cinco anos, empresas como Google, Microsoft e OpenAI começaram a criar grandes modelos de linguagem, ou LLMs (na sigla em inglês). Esses sistemas geralmente passam meses analisando grandes quantidades de texto digital, incluindo livros, artigos da Wikipedia e registros de chats. Ao identificar padrões nesses textos, eles aprendem a gerar textos próprios, entre os quais trabalhos de conclusão de curso, poemas e códigos de computação. São capazes até de manter uma conversa.

A tecnologia com a qual os pesquisadores da Microsoft estavam trabalhando, a GPT-4 da OpenAI, é considerada o mais poderoso desses sistemas. A Microsoft é uma parceira próxima da OpenAI e investiu US$ 13 bilhões na empresa de São Francisco.

Entre os pesquisadores estava Bubeck, 38, cientista nascido na França e ex-professor da Universidade de Princeton. Uma das primeiras coisas que ele e seus colegas fizeram foi pedir ao GPT-4 que escrevesse uma prova matemática demonstrando que havia infinitos números primos, e que o fizesse de uma forma que rimasse.

A prova poética da tecnologia foi tão impressionante —tanto em termos matemáticos quanto linguísticos— que ele achou difícil entender com quem estava conversando.

“Naquele momento, pensei: o que está acontecendo?”, ele disse em março, durante um seminário no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

Durante vários meses, Bubeck e seus colegas documentaram o comportamento complexo exibido pelo sistema e acreditaram que ele demonstrava uma “compreensão profunda e flexível” dos conceitos e habilidades humanos.

Quando as pessoas usam o GPT-4, elas ficam “maravilhadas com sua capacidade de gerar texto”, disse Lee. “Mas o sistema acaba sendo muito melhor em analisar, sintetizar, avaliar e julgar o texto do que em gerá-lo”.

Quando solicitaram ao sistema que desenhasse um unicórnio usando uma linguagem de programação chamada TiKZ, o GPT-4 gerou instantaneamente um programa capaz de desenhar um unicórnio. Quando removeram o trecho de código usado para desenhar o chifre do unicórnio e solicitaram ao sistema que modificasse o programa para que voltasse a desenhar um unicórnio, o sistema fez exatamente isso.

Os pesquisadores solicitaram que o sistema escrevesse um programa que tomasse a idade, sexo, peso, altura e os resultados dos exames de sangue de uma pessoa e julgasse se ela corria o risco de ter diabetes. Pediram que escrevesse uma carta de apoio a um elétron como candidato à presidência dos EUA, na voz de Mahatma Gandhi, endereçada à esposa do líder indiano. E pediram que escrevesse um diálogo socrático que explorasse os usos indevidos e os perigos dos LLMs.

O sistema fez tudo isso de uma maneira que parecia demonstrar compreensão de campos tão díspares quanto política, física, história, ciência da computação, medicina e filosofia, e ao mesmo tempo a capacidade de combinar esses conhecimentos.

“Todas aquelas coisas que eu achava que ele não seria capaz de fazer? O sistema foi certamente capaz de fazer muitas delas —se não a maioria”, disse Bubeck.

Alguns especialistas em inteligência artificial viram o estudo da Microsoft como um esforço oportunista para fazer afirmações grandiosas sobre uma tecnologia que ninguém entende muito bem. Os pesquisadores também argumentam que a inteligência geral exige uma familiaridade com o mundo físico, o que, em teoria, o GPT-4 não tem.

“O estudo ‘Sparks of AGI’ é um exemplo de algumas dessas grandes empresas que estão cooptando o formato de artigos de pesquisa para fazer campanhas de relações públicas”, disse Maarten Sap, pesquisador e professor da Universidade Carnegie Mellon. “Eles literalmente reconhecem na introdução do artigo que sua abordagem é subjetiva e informal e pode não satisfazer os padrões rigorosos da avaliação científica”.

Bubeck e Lee disseram que não sabiam ao certo como descrever o comportamento do sistema e acabaram optando por “Sparks of AGI” [fagulhas de AGI], pois acreditavam que isso capturaria a imaginação de outros pesquisadores.

As afirmações feitas no artigo não podem ser verificadas por especialistas externos porque pesquisadores da Microsoft estavam testando uma versão inicial do GPT-4 que não havia sido ajustada para evitar retórica de ódio, desinformação e outros conteúdos indesejados. A Microsoft afirma que o sistema disponível para o público não é tão poderoso quanto a versão testada.

Há momentos em que sistemas como o GPT-4 parecem imitar o raciocínio humano, mas também há momentos em que eles parecem terrivelmente estúpidos.

“Esses comportamentos nem sempre são coerentes”, disse Ece Kamar, pesquisador da Microsoft.

Alison Gopnik, professora de psicologia que faz parte do grupo de pesquisa de inteligência artificial da Universidade da Califórnia em Berkeley, disse que sistemas como o GPT-4 eram, sem dúvida, poderosos, mas não estava claro se o texto gerado por esses sistemas resulta de algo semelhante ao raciocínio ou bom senso humano.

“Quando vemos um sistema ou uma máquina complicada, nós o encaramos de modo antropomórfico. Todo mundo faz isso —pessoas que trabalham na área e pessoas que não trabalham”, disse Gopnik. “Mas pensar sobre o assunto como uma comparação constante entre a inteligência artificial e os seres humanos —como uma espécie de competição de game show— não é a maneira correta de pensar a respeito”.

Tradução de Paulo Migliacci

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Como a China está reinventando sua indústria de chips

Por Redação – Estadão – 13/05/2023

Com sanções impostas pelo governo dos EUA, fabricantes locais investem para conseguir dar um salto tecnológico

Em outubro passado, os planos de construção de uma enorme fábrica de semicondutores de propriedade de uma grande empresa estatal na China central caíram por terra. O governo de Joe Biden intensificou a guerra comercial pela tecnologia, cortando o acesso da China às ferramentas ocidentais e aos trabalhadores qualificados de que precisava para construir os semicondutores mais avançados.

Alguns funcionários com cidadania americana saíram da empresa. Três fornecedores de equipamentos dos Estados Unidos interromperam quase imediatamente seus embarques e serviços, e espera-se que a Europa e o Japão façam o mesmo em breve.

A instalação pertencia à Yangtze Memory Technologies Corp., ou YMTC, uma empresa de chips de memória que Xi Jinping, presidente da China, exalta como “porta-bandeira” na corrida da China rumo à autossuficiência. Agora, a fabricante de chips e seus pares estão revisando rapidamente as cadeias de suprimentos e reescrevendo seus planos de negócios.

Quase sete meses depois de lançadas, as barreiras comerciais dos EUA aceleraram a pressão da China por um setor de chips mais independente. A tecnologia e o dinheiro ocidentais foram retirados, mas o financiamento estatal está chegando para fomentar alternativas domésticas para produzir semicondutores menos avançados, mas ainda lucrativos. E a China não desistiu de fabricar chips de ponta: os fabricantes estão tentando trabalhar com peças mais antigas do exterior não bloqueadas pelas sanções dos EUA, bem como equipamentos domésticos menos avançados.

As duras restrições dos EUA surgiram após um alarme soar, com a visão das autoridades em Washington sobre a ameaça potencial representada pelo uso de suas empresas de tecnologia pela China para atualizar seu arsenal militar. Jake Sullivan, o conselheiro de segurança nacional, recentemente caracterizou o sentimento como parte de um “novo consenso” em Washington de que décadas de integração econômica com a China não foram totalmente bem-sucedidas.

Sob as regras lançadas em outubro, empresas e cidadãos americanos não podem mais ajudar nenhuma empresa chinesa a construir tecnologia de chip que atenda a um certo limite de sofisticação. Os controles foram além das restrições comerciais do governo Trump, que visavam a empresas específicas, como a gigante chinesa de telecomunicações Huawei.

Durante as tensões comerciais anteriores, Pequim mobilizou grandes somas para cultivar alternativas domésticas aos fabricantes de chips ocidentais. Mas componentes estrangeiros estavam prontamente disponíveis, com qualidade superior, deixando muitas empresas chinesas relutantes em fazer a troca.

Essas reservas parecem estar diminuindo. As empresas de tecnologia chinesas estão avaliando como substituir os chips ocidentais e componentes relacionados, mesmo aqueles não afetados pelo controle dos EUA. O Guangzhou Automobile Group, um fabricante estatal de veículos elétricos, disse em fevereiro que pretende comprar todos os seus cerca de 1.000 chips por carro de fornecedores chineses. Atualmente, compra 90% de seus chips do exterior.

“O objetivo agora na China em muitas áreas é desamericanizar as cadeias de suprimentos”, disse Paul Triolo, vice-presidente sênior para a China do Albright Stonebridge Group, uma empresa de estratégia.

Dezenas de empresas chinesas de chips estão finalizando planos para levantar dinheiro por meio de aberturas de capital este ano. Eles incluem o segundo maior fabricante de chips da China, o Hua Hong Semiconductor, bem como um fabricante de ferramentas de chip apoiado pela Huawei.

As disputas tecnológicas entre as duas maiores economias do mundo não dão sinais de diminuir. O governo Biden elaborou, mas ainda não divulgou, novas regras que restringiriam os investimentos de capital de risco americano em empresas de chips avançados na China. O investimento estrangeiro no setor de semicondutores da China este ano já caiu para US$ 600 milhões, seu ponto mais baixo desde 2020, segundo dados do PitchBook, que rastreia o financiamento privado. E as autoridades estão avaliando controles mais rígidos sobre tecnologias como computação quântica ou equipamentos de fabricação de chips.

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Até agora, menos de 1% de todos os semicondutores na China estão no topo da indústria e estão sujeitos às leis de controle dos EUA, de acordo com estimativas do Yole Group, uma empresa de pesquisa de mercado. O restante são semicondutores menos avançados, ou “maduros”, encontrados em carros e eletrônicos de consumo diário, e são “a grande maioria dos negócios”, disse Jean-Christophe Eloy, CEO do Yole Group. Esses chips, praticamente intocados pelos controles de outubro do governo Biden, agora estão passando por uma onda de investimentos, acrescentou.

Os dois maiores fabricantes de chips da China, a estatal Semiconductor Manufacturing International Corp. e a Hua Hong Semiconductor, anunciaram bilhões de dólares este ano para expandir a produção de chips maduros, de acordo com anúncios públicos.

No entanto, a longo prazo, a falta de acesso da China a ferramentas de classe mundial necessárias para fabricar chips pode impedir seu progresso em muitos setores avançados, como inteligência artificial e aeroespacial, de acordo com Handel Jones, CEO da International Business Strategies, uma empresa de consultoria.

Em agosto, a YMTC tinha como meta um aumento de três vezes em sua participação na produção global de chips, para 13%, até 2027, desafiando os operadores de chips como a norte-americana Micron Technology, de acordo com estimativas do Yole Group. Enfrentando problemas para construir sua segunda fábrica, a produção da fabricante chinesa de chips de memória deve cair, caindo para apenas 3% do mercado em 2027.

Empresas internacionais que haviam investido anteriormente na indústria de semicondutores da China estão desviando seus investimentos para outros lugares. A coreana Samsung e a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. estão investindo bilhões de dólares em nova produção nos Estados Unidos. A fabricante de chips taiwanesa negocia subsídios para sua fábrica no Arizona que a forçam a limitar seus investimentos na China por uma década.

Ao mesmo tempo, dizem os especialistas, o enfraquecimento da influência estrangeira sobre o setor de chips da China está criando oportunidades para as empresas domésticas. No mês passado, um fabricante de equipamentos de semicondutores abriu o capital em Xangai. As ações da empresa, Crystal Growth & Energy Equipment, subiram 30% desde sua estreia.

“É por causa das sanções que agora há espaço no mercado”, disse Xiang Ligang, diretor de um consórcio de tecnologia com sede em Pequim que assessorou o governo chinês em questões de tecnologia. “Agora temos uma chance de evoluir.”

https://www.estadao.com.br/economia/china-reinventando-industria-de-chips/

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Bing turbinado com IA começa a incomodar rival Google

Antigo ‘patinho feio’ da Microsoft conquista novos usuários. Alphabet parte para contraofensiva, também com inteligência artificial

Por Carolina Nalin — O Globo – 14/05/2023 

A incorporação da inteligência artificial (IA) nos novos recursos do Bing, o buscador da Microsoft criado em 2009, reviveu a guerra entre as big techs, adormecida há mais de uma década. A competição entre buscadores já parecia ter chegado ao fim diante do monopólio do Google, que detém cerca de 90% desse mercado pelo menos desde 2015, a partir de quando há dados disponíveis, segundo o Statista.

Em poucas semanas, no entanto, tudo mudou: o aporte bilionário da Microsoft na OpenAI, dona do ChatGPT, conseguiu cutucar o carro-chefe de receitas da Alphabet, controladora do Google. Esta agora tenta dar uma resposta à altura para não perder espaço nesse mercado, no qual faturou mais de US$ 162 bilhões no ano passado.

A IA é o novo pano de fundo dessa briga de gigantes, que querem integrar a tecnologia a uma série de produtos e serviços — de e-mails à edição de documentos. O grande diferencial da IA é permitir que a máquina combine grandes quantidades de dados e aprenda com eles, gerando insights que podem ainda ser cruzados de uma ferramenta para a outra, para diferentes aplicações.

No caso do Bing, a Microsoft tem investido pesado para que o buscador deixe de ser um amontoado de oferta de links para se tornar uma ferramenta valiosa para o usuário, em uma espécie de pesquisa contextualizada.

Pesquisa sobre o 11 de Setembro feita pelo Bing, da Microsoft — Foto: Captura de tela

A empresa lançou o Bing Chat, um recurso de bate-papo com um robô disponível no buscador, que responde a perguntas sobre qualquer assunto, cita as fontes de referência e ainda gera imagens e vídeos.

É possível escolher até a forma de abordagem: se o usuário quer um estilo de conversa mais criativo, equilibrado ou preciso, por exemplo. A reação foi imediata: o Bing ultrapassou a marca de 100 milhões de usuários diários em março, segundo a Microsoft. A empresa não informa quantos eram antes, mas ressalta que, atualmente, um terço dos usuários do Bing são novos.

A mesma pesquisa sobre o 11 de Setembro feita no Google — Foto: Captura de tela

Migração de usuários

Nas redes sociais, cresce a cada semana o número de pessoas que têm preferido buscar informação no Bing em vez de no Google. Como o programador Giovanni Bassi, de 44 anos, que acompanhou a evolução da Web desde os anos 2000 e por décadas foi usuário assíduo do Google:

— O chat (Bing) não só oferece uma resposta, ele oferece contexto. Isso é bem diferente de um buscador básico oferecer uma série de links e depois o usuário ter que se virar. Você pode aprofundar na conversa com o chat o que pesquisou, e isso é muito legal.

Para Bassi, que costuma testar diferentes ferramentas em suas versões iniciais para desenvolvedores, o buscador da Microsoft começa a mudar a forma como o usuário obtém informação na rede porque cruza assuntos e entende o que o usuário procura.

Ofensiva do Google

Esta semana, no entanto, o Google fez seu primeiro grande contra-ataque. A Alphabet apresentou, em seu evento anual para desenvolvedores, novidades no chatbot Bard (rival do ChatGPT), que em fevereiro chegou a receber críticas de parte dos próprios funcionários, que relataram erros e problemas éticos no desenvolvimento do recurso, segundo a Bloomberg.

O Bard agora está aberto para 180 países com foco no inglês — o Brasil, portanto, está de fora —, e o Google anunciou a integração da nova tecnologia a várias de suas plataformas, inclusive o buscador. Em uma ferramenta por enquanto acessível apenas a inscritos, chamada de “experiência generativa de pesquisa” (SGE, pela sigla em inglês), é exibida uma resposta produzida por IA no topo dos resultados.

A empresa também tornou a página de busca mais interativa. Usuários do sistema operacional Android já visualizam novos widgets ao navegarem na busca do Google, como “comprar produtos em suas capturas de tela”, “traduzir textos usando a câmera”, “realizar busca na Web com imagem da galeria”, “resolver exercícios de dever de casa com a câmera” e “identificar música”.

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Segundo o Wall Street Journal, o Google trabalha no projeto de codinome Magi, que visa permitir que usuários visualizem resultados com vídeos curtos e postagens de redes sociais, além de conversarem com um chatbot em suas pesquisas.

Disputa pelo futuro da IA

É difícil, porém, cravar qual das gigantes será mais bem-sucedida no uso da IA para potencializar seus negócios, incluindo os buscadores.

— O Bing ganhou terreno, cresceu muito, mas ainda é uma razão quase que de 10 para 1. E é difícil acreditar que o Google vai sentar e assistir o seu grande produto perder usuários sem fazer nada — diz Arthur Igreja, especialista em inovação e negócios.

Para especialistas, a guerra está longe de acabar.

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— O modelo de chat traz uma disrupção total porque já entrega a informação “mastigada”. Ainda temos de descobrir como isso será monetizado — diz Luiz Lobo, fundador da Fintalk.

Para ele, a disputa não está restrita às big techs:

— Tudo começou na OpenAI, uma startup que só depois recebeu investimento da Microsoft. A inovação não veio das gigantes. E essa brincadeira nem começou. A solução da Meta nem foi lançada. Quem sabe não vem uma inovação de alguma outra empresa (fora do Vale do Silício)?

Contexto

Em meio ao salto de popularidade das ferramentas de IA generativa, governos e reguladores de diferentes países buscam criar regras para conter os impactos da tecnologia.

A União Europeia vai votar em junho um projeto de lei, tornando-se pioneira na área. Nos Estados Unidos, a Casa Branca já afirmou que apoia uma regulamentação da IA.

O Reino Unido está recorrendo a seu órgão regulador e, na China, as autoridades já exigiram que os sistemas de IA obedeçam a regras rígidas.

E no Brasil, este mês o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, apresentou um projeto de lei estabelecendo diretrizes gerais para desenvolvimento, implementação e uso de sistemas de IA no país.

https://oglobo.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2023/05/bing-turbinado-com-ia-comeca-a-incomodar-rival-google.ghtml

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Por cortes na pesquisa, universidades brasileiras caem em ranking internacional de qualidade; veja as melhores

País enxugou financiamento entre 2014 e 2022; nesta semana, governo sancionou recomposição de fundo para investimento em ciência e tecnologia

Por Bruno Alfano — O Globo – 15/05/2023 

Faculdade de Medicina da USP USP Imagens/Divulgação

Vinte e nove universidades brasileiras caíram de posições na edição de 2023 do World University Rankings (CWUR). De acordo com a publicação, o principal fator para o declínio geral das instituições brasileiras é o desempenho em pesquisa, em meio à intensa competição global de instituições bem financiadas.

— Embora o Brasil esteja bem representado no ranking deste ano, as principais instituições do país estão sob pressão crescente de universidades bem financiadas de todo o mundo. O financiamento para promover ainda mais o desenvolvimento e a reputação do sistema de ensino superior do Brasil é vital se o país aspirar a ser mais competitivo no cenário global — afirmou Nadim Mahassen, presidente do Center for World University Rankings.

As 10 melhores do mundo

  • Harvard (EUA)
  • MIT (EUA)
  • Stanford (EUA)
  • Cambridge (Reino Unido)
  • Oxford (Reino Unido)
  • Princeton (EUA)
  • Chicago (EUA)
  • Columbia (EUA)
  • Pensilvânia (EUA)
  • Yale (EUA)

Um estudo de 2022 do Observatório do Conhecimento em parceria com a Frente Parlamentar Mista da Educação apontou que os seguidos cortes do governo brasileiro do orçamento na Ciência e Tecnologia entre 2014 e 2022 tiraram da área quase R$ 100 bilhões neste período.

Nesta semana, o presidente Lula sancionou R$ 4,18 bilhões ao orçamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), principal fundo de financiamento de pesquisas acadêmicas do país. A medida recuperou integralmente os recursos do FNDCT, que passa a dispor de R$ 9,96 bilhões para investimentos. No mês passado, o orçamento das universidades federais também foi recuperado para 2023.

O Brasil tem 54 universidades entre as duas mil primeiras. Dessas, 23 melhoraram em relação ao ano passado, duas mantiveram suas posições e 29 caíram no ranking.

As 10 melhores da América Latina e do Carine

  • USP (posição geral: 109ª)
  • Universidade Nacional Autônoma do México (276ª)
  • Unicamp (344ª)
  • UFRJ (376ª)
  • Universidade de Buenos Aires (382ª)
  • Pontifícia Universidade Católica do Chile (390º)
  • Unesp (424º)
  • Universidade do Chile (438º)
  • UFRGS (467º)
  • UFMG (503º)

A Universidade de São Paulo, a melhor qualificada do Brasil e da América Latina, caiu seis posições e alcançou o 109º lugar. Ela perdeu pontos em qualidade do ensino, empregabilidade e qualidade do corpo docente, mas melhorou no indicador de desempenho em pesquisa.

Já a Universidade de Campinas (Unicamp) subiu duas posições e atingiu o 344ª lugar, enquanto a Federal do Rio de Janeiro caiu 15 posições, para a 376ª – à frente da Universidade Estadual Paulista, na 424ª posição, e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na 467ª posição.

— Esforços devem ser feitos para garantir que o Brasil atraia acadêmicos e estudantes de ponta, que o aumento do número de matrículas nas universidades seja acompanhado de aumentos na capacidade de ensino e que os gastos com educação superior como porcentagem do PIB nacional cresçam constantemente nos anos seguintes — defendeu Mahassen.

A CWUR classifica as universidades de todo o mundo de acordo com quatro fatores: qualidade da educação (25%), empregabilidade (25%), qualidade do corpo docente (10%) e desempenho em pesquisa (40%). Neste ano, 20.531 universidades foram classificadas, e as primeiras colocadas integraram a lista Global 2000, que inclui instituições de 95 países.

Pelo décimo segundo ano consecutivo, Harvard é a melhor universidade do mundo. Ela é seguida por duas outras instituições privadas dos EUA, MIT e Stanford, enquanto as britânicas Cambridge e Oxford – classificadas em quarto e quinto lugar, respectivamente – são as principais instituições públicas de ensino superior do mundo. O restante do top ten global é completado por universidades privadas dos EUA: Princeton, Chicago, Columbia, Pensilvânia e Yale.

— Embora os resultados do estudo deste ano reafirmam que os Estados Unidos têm o melhor sistema de ensino superior do mundo, 80% das universidades americanas caíram na classificação devido à intensificação da competição global de instituições bem financiadas, particularmente da China. O declínio geral das universidades americanas é acompanhado pelo desempenho das instituições francesas, alemãs e japonesas. Já o declínio das universidades britânicas e russas foi menos severo. Com as instituições chinesas desafiando as ocidentais, as universidades americanas e europeias não podem se dar ao luxo de descansar sobre os louros — afirmou Mahassen.

https://oglobo.globo.com/brasil/educacao/noticia/2023/05/por-cortes-na-pesquisa-universidades-brasileiras-caem-em-ranking-internacional-de-qualidade-veja-as-melhores.ghtml

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Vem aí a ‘nacionalização metálica’: protecionismo em itens necessários para transição energética

Diante desse cenário, será necessária a entrada em produção de mais minas e com muita pressa

Por Adriano Pires – Estadão – 13/05/2023 

Os minerais são a parte mais crítica da solução para uma economia de baixo carbono. De acordo com a Benchmark Mineral Intelligence, se o mundo quiser atender à crescente demanda por metais para baterias, por exemplo, serão necessárias 59 novas minas de lítio, 62 novas minas de cobalto e 72 novas minas de níquel até 2035 (sem incluir a reciclagem).

A demanda por elementos de terras raras deve crescer de 400% a 600% nas próximas décadas, e a necessidade de minerais como lítio e grafite, usados em baterias de veículos elétricos, pode aumentar em até 4.000%. Um carro elétrico típico requer seis vezes mais insumos minerais do que um carro convencional, enquanto um parque eólico offshore, 13 vezes mais minerais do que uma usina a gás de tamanho similar.

A Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) destaca que muitos minerais cruciais para a transição energética estão concentrados em poucos países. Hoje a China produz de 60% a 70% dos elementos de terras raras do mundo. Os EUA produzem pouco mais de 14% e a Austrália, 6%. A República Democrática do Congo e a China foram responsáveis por cerca de 70% e 60% da produção global de cobalto e elementos de terras raras, respectivamente, em 2019. A América Latina responde por 40% da produção global de cobre, liderada pelo Chile, Peru e México. O Chile, com 11 milhões de toneladas em reservas, é o segundo maior produtor mundial atrás da Austrália.

O movimento de “nacionalização metálica” tem gerado estratégias protecionistas. A Bolívia, que possui os maiores depósitos de lítio do mundo, passou a exigir o controle estatal sobre sua extração e processamento em 2008. O México nacionalizou o lítio no ano passado e anunciou que apenas joint ventures com controle majoritário do Estado poderiam explorar o mineral. O Chile anunciou em abril que também exigirá que o Estado controle 51% dos empreendimentos futuros.

Mina de lítio da Sigma Lithium em Minas Gerais Foto: Mário Santos/Sigma Lithium

Grandes importadores, como os EUA e a União Europeia (UE), intensificaram os esforços para aumentar as restrições à exportação e diversificar o fornecimento de materiais críticos. Políticas como a Lei de Redução da Inflação, dos EUA, e a Lei de Matérias-Primas Críticas, da UE, buscam incentivar o desenvolvimento de suprimentos localmente.

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Nessa corrida dos minérios raros, o Brasil possui uma posição relevante. A Vale é uma das maiores produtoras mundiais de níquel, cobre e cobalto, com minas e instalações de processamento no Canadá, Indonésia e Brasil. Hoje a Vale já tem um contrato de longo prazo para fornecer à Tesla níquel para as suas baterias. Além disso, a mineradora também se associou à Ford e à Huayou Cobalt em uma instalação de processamento de níquel de US$ 4,5 bilhões na Indonésia.

Diante desse cenário, será necessária a entrada em produção de mais minas e com muita pressa. No entanto, a aprovação regulatória e ambiental global para novas minas está em seu nível mais baixo em uma década.

https://www.estadao.com.br/economia/adriano-pires/nacionalizacao-metalica-protecionismo-transicao-energetica/

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Como a Uber fez do Brasil um laboratório para exportar inovação

Rodrigo Loureiro – Neofeed – 12/05/2023 (Resumo feito pelo ChatGPT)

O artigo relata como o Brasil se tornou um laboratório de inovação para a Uber, que utilizou o país como um local para testar novas funcionalidades e serviços que posteriormente foram exportados para outros países.

Entre as inovações testadas pela Uber no Brasil estão o pagamento em dinheiro, que foi implementado pela primeira vez no país, a oferta de corridas com motoristas particulares, que depois se expandiu para outras cidades do mundo, e a introdução de serviços de entrega de alimentos, como o Uber Eats.

O artigo também destaca como a Uber teve que se adaptar às particularidades do mercado brasileiro, como a necessidade de trabalhar com dinheiro em espécie, a complexidade das leis trabalhistas e os desafios de segurança enfrentados em algumas cidades.

Por fim, o artigo argumenta que o sucesso da Uber no Brasil se deve em grande parte à sua capacidade de inovar e se adaptar a novas circunstâncias, algo que é essencial para qualquer empresa que deseja prosperar em um ambiente cada vez mais competitivo e dinâmico.

Leia no link

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IA do Spotify quer te ajudar a descobrir o que você nem sabia que gostava

Spotify conhece seu passado musical e quer investir na personalização para moldar seu futuro


NATE BERG – Fast Company Brasil – 12-05-2023 

A inteligência artificial saltou dos nichos tecnológicos mais nerds para o mercado de massa dos memes da cultura pop. Aquela clássica preocupação distópica sobre o surgimento de máquinas assassinas foi suplantada por uma questão bem mais imediata e consumista: como a IA pode nos entreter?

A resposta, aparentemente, é: de mil maneiras. Neste momento de futuro ameaçado, estamos explorando o imenso potencial da IA generativa e do aprendizado de máquina para uma ampla gama de novidades, desde escrever um comercial de TV até rejuvenescer o Indiana Jones ou vestir um casaco fofo no Papa.

O Spotify, gigante do streaming de música e player poderoso da indústria musical do século 21, acaba de entrar nessa briga com sua própria IA. Sua nova ferramenta  DJ usa IA generativa para criar uma voz que fala individualmente com usuários do aplicativo enquanto oferece uma lista de reprodução altamente personalizada, com base nos gostos e no histórico de cada um.

Em uma voz amigável que atende pelo nome de X, o DJ pode avisar a um usuário que vai tocar um gênero específico de música, pode desenterrar algumas das canções mais tocadas pelo ouvinte três anos atrás ou sugerir uma nova música de alguma banda que ele ainda não ouviu, mas é provável que goste.

PROCESSO TRANSPARENTE DE RECOMENDAÇÃO

Quando a ferramenta DJ foi lançada, em fevereiro, em versão beta para clientes premium nos EUA e no Canadá, gerou muita expectativa em clientes de fora dessas regiões. O mundo estava assistindo a um novo recurso sofisticado de inteligência artificial se conectar a um aplicativo muito familiar, que milhões de pessoas já usam diariamente. O poder da IA agora está criando listas de reprodução.

Mas o Spotify encara o seu DJ como muito mais do que um tempero de IA em um caldo criado por algoritmos. De acordo com a empresa, trata-se de uma ferramenta essencial para ajudar as pessoas a encontrar novas músicas de que realmente gostem.

Enquanto grande parte da internet está se tornando uma névoa incompreensível de curadoria algorítmica, o DJ do Spotify oferece uma janela de transparência em seu processo de recomendação.

AJUDAR AS PESSOAS A ENCONTRAR NOVAS MÚSICAS É FUNDAMENTAL PARA O MODELO DE NEGÓCIOS DO SPOTIFY, DANDO A ELAS MAIS MOTIVOS PARA CONTINUAR PAGANDO PARA OUVIR.

“Acredito que a descoberta de novas canções é uma necessidade humana fundamental”, diz Emily Galloway, diretora sênior de design de produto da equipe de personalização do Spotify. “Não acho que essa necessidade humana básica tenha mudado com o tempo, mas continuamos a tentar diferentes tipos de tecnologia para resolver isso e inovar nesse espaço”.

Ajudar as pessoas a encontrar novas músicas também é fundamental para o modelo de negócios do Spotify, dando a elas mais motivos para continuar pagando para ouvir. Acontece que a IA é uma maneira prática de fazer isso acontecer.

Mas o DJ vai além de vasculhar o histórico do usuário e sugerir novas músicas para tocar, o que o Spotify já fazia. O verdadeiro poder da IA é seu elemento vocal, baseado na voz lúdica do chefe de parcerias culturais do Spotify, Xavier “X” Jernigan.

O DJ X chama o ouvinte pelo nome, anuncia algumas músicas e fornece fatos ou informações sobre por que certos gêneros ou artistas estão sendo tocados. “Descobrimos que essa estratégia realmente faz sucesso porque as pessoas se abrem mais a escutar algo de que nunca ouviram falar se elas entenderem por que estão sendo recomendadas para aquela música”, diz Galloway.

Crédito: Spotify

O LADO HUMANO DA TECNOLOGIA

A IA generativa faz as recomendações e a função de voz, mas grande parte da personalidade dessa IA vem de uma sala cheia de profissionais humanos, bem vivos. Essa equipe tenta dar personalidade ao DJ X e trabalhar com os editores do app injetando conhecimento de música e cultura musical no recurso de IA, o que treina o algoritmo. No fim das contas, é mais ou menos isso o que você ouviria de um DJ de verdade em uma estação de rádio.

O VERDADEIRO PODER DA IA É SEU ELEMENTO VOCAL, BASEADO NA VOZ LÚDICA DO CHEFE DE PARCERIAS CULTURAIS DO SPOTIFY, XAVIER “X” JERNIGAN.

Chamar uma ferramenta de inteligência artificial de “DJ” certamente irritará algumas pessoas, principalmente os verdadeiros disc jockeys que se especializam em escolher a música certa para o momento certo. Galloway diz que dar nome a uma ferramenta é sempre complicado, mas que o DJ não está tentando substituir o formador de opinião humano.

“O que é mais exclusivo nessa experiência, em comparação com a maioria das coisas no Spotify, é aquilo a que sempre retornamos: tem uma voz falando com você”, diz ela. “Queríamos chamar o usuário pelo nome, para remeter a esse aspecto único.”

O objetivo do DJ é simplificar e filtrar os estimados 100 milhões de músicas e faixas da biblioteca do Spotify, ajudando os ouvintes a ouvir o que gostam, mas também sonoridades que ainda não sabem que gostam. E isso vale para os artistas e criadores de conteúdo que despejam suas criações em um catálogo infinito, que pode parecer um buraco negro.

“No final das contas, também estamos tentando otimizar a descoberta de novos sons e conduzir essas conexões profundas e significativas. Assim, temos que pensar em ouvintes e criadores e em promover esses encontros”, diz Galloway. “A personalização realmente está na raiz do Spotify.”


SOBRE O AUTOR

Nate Berg é jornalista e cobre cidades, planejamento urbano e arquitetura. 

https://fastcompanybrasil.com/co-design/ia-do-spotify-quer-te-ajudar-a-descobrir-o-que-voce-nem-sabia-que-gostava/

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Nossos clones digitais estão chegando

Plataforma Synthesia permite criar cópias virtuais de pessoas com IA

Ronaldo Lemos – Folha – 7.mai.2023 às 11h56

  • Dentre todas as mudanças que a inteligência artificial traz, uma das mais inquietantes é a possibilidade de criar cópias digitais de nós mesmos. A empresa Synthesia oferece o serviço. Você grava um vídeo de 15 minutos em frente a uma tela verde, com boa iluminação, e manda para lá. Dez dias depois a empresa habilita seu clone virtual criado usando IA. O clone é uma réplica não só da sua imagem, mas também da sua voz. O custo é uma taxa anual de US$ 1.000 (cerca de R$ 5.000), mais uma assinatura mensal de US$ 30 (R$ 150). Se a ideia é clonar só a voz, há empresas que oferecem o serviço por US$ 5 (R$ 25) mensais.

Uma vez que o clone é criado, você pode usá-lo em qualquer tipo de vídeo. Um professor pode dar uma aula com o clone (simplesmente inserindo o texto). Um político pode fazer um pronunciamento. Dá inclusive para escolher o cenário e até mudar o idioma (são 120 línguas disponíveis). Dá também para fazer ligações telefônicas com a voz clonada. E participar de videoconferências ao vivo. Está com preguiça de ligar a câmera no Zoom? Coloque o clone no seu lugar.

A evolução do deepfake, futuro da criação de conteúdo – Reprodução/Synthesia

Diante dessa novidade, o que poderia dar errado? Muita coisa. Uma jornalista do jornal Wall Street Journal chamada Joanna Stern resolveu testar as possibilidades. Ela criou seu clone digital e o colocou para interagir com pessoas no mundo real em situações diversas. Ligou para sua irmã com a voz clonada e a irmã acreditou que era ela. Ligou para seu pai pedindo que ele enviasse um número de documento sensível, e o pai enviou.

Ela também ligou para seu banco nos Estados Unidos, que usa reconhecimento de voz para autorizar o acesso ao atendimento. O banco reconheceu a voz como sendo a dela e autorizou o acesso ao sistema. Isso mostra que segurança será um dos desafios. Uma vez que a voz é clonada, ela pode ser usada em fraudes e crimes. Alguém pode usar sua voz para dar um golpe, fazer ameaças, calúnias e assim por diante.

Algumas empresas dizem ter filtros que impedem esse tipo de uso. Outras não tem nada disso. O que é preocupante porque em breve vai ser muito fácil clonar a voz de qualquer pessoa, mesmo sem o seu consentimento. Considerando que o Brasil é o paraíso dos golpes na internet (e que todos nossos dados pessoais vazaram e estão disponíveis online) é altamente recomendável conversar desde já com parentes e amigos para que comecem a duvidar de mensagens de voz enviadas no seu nome, mesmo que na sua própria voz. Na dúvida, vale fazer uma chamada de vídeo para se certificar de que a mensagem enviada é verdadeira.

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Você pode pode perguntar: “mas, Ronaldo, a chamada de vídeo também não pode ser falsificada?”. Pode sim, só que a qualidade ainda não é boa. A jornalista do Wall Street Journal não conseguiu enganar por muito tempo as pessoas durante uma chamada de vídeo. Os participantes logo notaram que tinha algo de errado. Só que com o avanço da tecnologia, em breve a falsificação de vídeo vai se tornar cada vez mais perfeita. Com isso, bancos, certificadoras digitais e outros serviços que têm usado vídeo e voz para autenticar seus clientes estarão em maus lençóis. Junto com todos nós.



Já era – estúdios de fotografia especializados em tirar fotos da família

Já é – estúdios para gravação de podcasts

Já vem – estúdios especializados na criação de clones digitais para inteligência artificial

Ronaldo Lemos

Advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ronaldolemos/2023/05/nossos-clones-digitais-estao-chegando.shtml

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