Davos 2020: Propósito de empresas na 4ª Revolução Industrial – Capitalismo de stakeholders


Por que precisamos do ‘Manifesto de Davos’ para um melhor modelo de capitalismo?

por Klaus Schwab – Fundador e Presidente Executivo, Fórum Econômico Mundial

Que tipo de capitalismo queremos? Essa pode ser a questão definidora da nossa época. Se queremos sustentar nosso sistema econômico para as gerações futuras, devemos respondê-la corretamente.

De um modo geral, temos três modelos para escolher. O primeiro é o capitalismo do acionista, adotado pela maioria das empresas ocidentais, que sustenta que o objetivo principal de uma empresa deve ser maximizar seus lucros. O segundo modelo é o “capitalismo de estado”, que confia ao governo o direcionamento da economia e ganhou destaque em muitos mercados emergentes, principalmente na China. 

Mas, comparada a essas duas opções, a terceira recomenda mais. O capitalismo de stakeholders(partes interessadas), um modelo que propus há meio século, posiciona as empresas privadas como administradores da sociedade e é claramente a melhor resposta aos desafios sociais e ambientais de hoje.

O capitalismo do acionista, atualmente o modelo dominante, ganhou terreno nos Estados Unidos nos anos 1970 e expandiu sua influência globalmente nas décadas seguintes. Sua ascensão não foi sem mérito. Durante seu auge, centenas de milhões de pessoas em todo o mundo prosperaram, enquanto empresas com fins lucrativos abriram novos mercados e criaram novos empregos. 

Mas essa não foi a história toda. Os defensores do capitalismo dos acionistas, incluindo Milton Friedman e a Escola de Chicago, negligenciaram o fato de que uma empresa de capital aberto não é apenas uma entidade com fins lucrativos, mas também um organismo social. Juntamente com as pressões do setor financeiro para turbinar os resultados de curto prazo, o foco exclusivo nos lucros fez com que o capitalismo dos acionistas se tornasse cada vez mais desconectado da economia real. Muitos percebem que essa forma de capitalismo não é mais sustentável. A questão é: por que as atitudes começaram a mudar apenas agora?

Se tiver interesse, leia a seguir a íntegra do Manifesto

Manifesto de Davos 2020: O Propósito Universal de uma Empresa na Quarta Revolução Industrial

A. O propósito de uma empresa é envolver todas os seus stakeholders na criação de valor compartilhado e sustentado. Ao criar esse valor, uma empresa atende não apenas seus acionistas, mas todas as partes interessadas – funcionários, clientes, fornecedores, comunidades locais e a sociedade em geral. A melhor maneira de entender e harmonizar os interesses divergentes de todas as partes interessadas é através de um compromisso compartilhado com políticas e decisões que fortaleçam a prosperidade a longo prazo de uma empresa.

i. Uma empresa atende a seus clientes fornecendo uma proposta de valor que melhor atenda às suas necessidades. Aceita e apoia uma concorrência leal e condições equitativas. Tem tolerância zero à corrupção. Mantém o ecossistema digital em que opera, confiável e que merece confiança. Mantém os clientes totalmente informados da funcionalidade de seus produtos e serviços, incluindo implicações adversas ou externalidades negativas.

ii. Uma empresa trata seus funcionários com dignidade e respeito. Honra a diversidade e busca melhorias contínuas nas condições de trabalho e no bem-estar dos funcionários. Em um mundo de rápidas mudanças, uma empresa promove a empregabilidade contínua por meio de permanentes aprimoramento e capacitação.

iii. Uma empresa considera seus fornecedores como verdadeiros parceiros na criação de valor. Oferece uma oportunidade justa aos novos participantes no mercado. Integra o respeito pelos direitos humanos em toda a cadeia de suprimentos.

iv. Uma empresa atende a sociedade em geral por meio de suas atividades, apoia as comunidades onde trabalha e paga sua parcela justa de impostos. Garante o uso seguro, ético e eficiente dos dados. Atua como um administrador do universo ambiental e material das gerações futuras. Protege conscientemente nossa biosfera e defende uma economia circular, compartilhada e regenerativa. Expande continuamente as fronteiras do conhecimento, da inovação e da tecnologia para melhorar o bem-estar das pessoas.

v. Uma empresa fornece a seus acionistas um retorno sobre o investimento que leva em consideração os riscos empresariais incorridos e a necessidade de inovação contínua e investimentos sustentados. Gerencia com responsabilidade a criação de valor a curto, médio e longo prazo, buscando retornos sustentáveis para os acionistas que não sacrificam o futuro para o presente.

B. Uma empresa é mais do que uma unidade econômica geradora de riqueza. Ele cumpre as aspirações humanas e sociais como parte do sistema social mais amplo. O desempenho deve ser medido não apenas no retorno aos acionistas, mas também em como ele atinge seus objetivos ambientais, sociais e de boa governança. A remuneração dos executivos deve refletir a responsabilidade das partes interessadas.

C. Uma empresa que possui um escopo multinacional de atividades não serve apenas a todas as partes interessadas diretamente envolvidas, mas atua ela mesma como uma parte interessada – juntamente com governos e sociedade civil – do nosso futuro global. A cidadania global corporativa exige que uma empresa aproveite suas  competências essenciais, seu empreendedorismo, suas habilidades e recursos relevantes em esforços colaborativos com outras empresas e partes interessadas para melhorar o estado do mundo.


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