Contratações de executivos vão abranger vários setores, mas habilidade de olhar para a tecnologia nos negócios está mais valorizada
Por Adriana Fonseca — Para o Valor, 02/01/2023
O ano de 2022 foi favorável para a seleção de executivos, segundo consultorias ouvidas pelo Valor que recrutam no C-level e registraram um crescimento entre 23% a 50% nos negócios. No geral, as contratações aconteceram de forma pulverizada, com destaque para setores como o de tecnologia, energia, agronegócios, serviços e mercado financeiro.
Felipe Avena, sócio da consultoria UNI.CO, afirma que para o seu negócio 2022 foi um ano mais diversificado em termos de contratações. “Elas aconteceram nos setores de logística, autopeças, telecom e banking, além de algumas posições-chave em fintechs e startups.”
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Na EXEC, o sócio Rodrigo Forte diz que os setores que mais se destacaram em 2022 foram atacado, varejo e bens de consumo, com uma busca maior por profissionais que atuam com experiência do cliente; tecnologia e telecom, com maior espaço para executivos que lideram projetos de transformação digital; e indústria, agro e energia. “O mercado de energia se destaca por sua abertura, transição energética e transformação digital”, diz Forte. “Além das posições tradicionais, muito aquecidas, o setor também busca trazer novas competências, como a comercial e a digital. São setores que deverão continuar quentes, mesmo com a mudança de governo.”
De forma mais geral, Forte destaca que 2022 foi um ano bom para posições comerciais, muitas relacionadas a atividades de vendas digitais. “Contratamos muitos líderes para e-commerce e marketplace”, diz. “Podemos destacar também a área de M&A, em função de diversos projetos de fusões, aquisições e integrações”. Por fim, ele continua, posições em conselhos estão em alta, “especialmente através de um importante movimento de profissionalização de empresas nacionais e familiares”.
O executivo mais buscado para o alto escalão, segundo Forte, tem sido o que chama de líder digital. É um perfil de liderança, segundo ele, que possui um determinado “set” de competências digitais e inovadoras, como growth mindset (mentalidade de crescimento), inovação, colaboração, coragem, habilidade de aprendizado, inteligência emocional, abertura para mudança e customer centricity (saber colocar o consumidor no centro). “São profissionais que mesmo quando não são ‘hard users’ sabem valorizar o impacto da tecnologia em seu dia a dia e no negócio, e fazem uso disso na automatização e inovação de seus processos”, explica.
“Executivos generalistas com boa compreensão de tecnologia, muito foco em resultados, governança e diversidade farão parte do perfil em alta em 2023”, diz Couto, da Odgers Berndtson
Ademar Couto, CEO da Odgers Berndtson e head da prática de serviços financeiro da consultoria, reforça o aspecto da tecnologia como habilidade importante para o C-level hoje. “Executivos generalistas com boa compreensão de tecnologia, muito foco em resultados, governança e diversidade farão parte do perfil em alta em 2023”, diz. Ele comenta, ainda, que líderes de TI tem “têm sido disputados pelo mercado a peso de ouro”.
Outro setor que, segundo ele, registrou aumento na remuneração este ano foi o mercado financeiro. “Ele voltou a dar sinais de crescimento das remunerações atreladas a altos bônus de performance, em decorrência da perspectiva de uma nova abertura de mercado para IPOs [oferta pública inicial de ações], e da estabilidade da economia”.
Ainda no C-level, Couto destaca as empresas de games on-line internacionais, “que passaram a brigar pela conquista e liderança do mercado latino-americano” – e com isso ampliaram as contratações. Mas, no geral, o aumento na busca por executivos se deu em diversos setores como o de serviços, mercado financeiro, meios de pagamentos, saúde, healthtechs, educação e fintechs.
Em relação a 2023, Forte, da EXEC, acredita que se a economia continuar em um processo de retomada, as empresas deverão manter investimentos e, com isso, normalmente as áreas de “front-office” tendem a ser mais privilegiadas. “Se o contrário acontecer, as companhias deverão naturalmente olhar mais para o corte de custos e eficiência, com ênfase em posições de ‘backoffice’ e operações”.
Para Couto, da Odgerd Berndtson, caso a economia se estabilize e a inflação se mantenha em um patamar de 5%, será possível ver novamente um crescimento das aberturas de capitais, “o que levaria o mercado a buscar CFOs com experiência em mercado de capitais e diretores de ECM e M&A para os bancos”.
Avena afirma que em conversas com alguns clientes percebe que a responsabilidade fiscal do novo governo será fator decisivo para novos investimentos e expansão das posições nas equipes.
Forte pontua como desafio, independentemente do cenário, encontrar perfis para vagas afirmativas. “Felizmente, é cada vez mais comum a demanda com vagas especificamente destinadas ao perfil de diversidade”, afirma. “Temos alcançado bons resultados na frente de seleção de executivos com perfis diversos, no entanto, vale ressaltar que, infelizmente, essas buscas são mais desafiadoras na alta liderança”.
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