Crises hídricas vividas no país podem ajudar os europeus na formulação de saídas para a escassez do gás provocada pela Rússia
Por Alvaro Gribel – O Globo – 14/09/2022
Os europeus querem aprender com o Brasil como enfrentar o período de racionamento de energia. É o que conta o consultor Luiz Augusto Barroso, da PSR Consultoria que tem sido chamado para conversas com autoridades da Comissão Europeia. Há várias semelhanças entre as crises hídricas vividas pelo país em 2001 e 2021 e a escassez de gás na Europa provocada pela Rússia. Segundo Barroso, uma das dificuldades dos europeus será a coordenação da crise. Se no Brasil houve centralização de comando pelo governo federal nas conversas com os governadores, por lá, os países têm soberania, ainda que no mesmo bloco econômico.
— O Brasil tem 27 estados, a União Europeia tem 27 países. A coordenação será muito mais difícil e já começamos a ver um clima de salve-se quem puder. Estamos falando de dois, talvez três invernos seguidos com problemas de fornecimento — afirmou.
A estratégia será a mesma: redução de consumo, geração de todos os tipos de energia, incluindo termelétricas a carvão, e manutenção dos reservatórios de gás. A diferença é que por aqui o governo podia torcer pelas chuvas — o que aconteceu em 2021 e evitou o pior cenário — mas faltou em 2001. Por lá, ao contrário, o gás só chegará de navio, transformado em gás natural liquefeito (GNL). E a oferta mundial é limitada.
Além disso, conta Barroso, desde a crise fiscal de 2010, quando Grécia, Portugal, Espanha e Itália entraram na mira dos investidores, há um forte rancor contra os alemães, que não facilitaram o socorro. Agora, acontece o inverso: o epicentro é a Alemanha, a maior economia do bloco e a mais dependente do gás da Rússia.
— O governo da Espanha, por exemplo, disse que não vai racionar energia para permitir o excesso de vida do Alemão. O pior é que a economia da Alemanha é ancorada na benesse do gás barato da Rússia para exportar produtos de alta tecnologia — afirmou.
Do ponto de vista geopolítico, os EUA saem em vantagem. O país virou o maior exportador mundial de GNL e, de janeiro a maio, aumentou em 66% as suas exportações para os europeus. Ou seja, a Europa está trocando a dependência da Rússia pela dependência americana.
O Brasil também pode sair ganhando. Com o aumento dos preços internacionais, o país pode ter uma enorme vantagem comparativa para atrair investimentos externos se conseguir desonerar a sua geração de energia.
— O preço lá fora está alto. E o Brasil hoje tem produção de vários tipos de energia, incluindo o gás. Se fizer o dever de casa, pode entregar energia barata para o consumidor industrial e atrair investimentos — afirmou
A guerra na Ucrânia está mudando rapidamente o mercado mundial de energia. O Brasil precisa acompanhar essas transformações.
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A integração entre os países em um fato inegável. Sem fronteiras. Pode demorar.
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Mas com a BR fraturada na espinha dorsal quando aposentou apressadamente milhares de profissionais super experientes e entregou a NTS para um consórcio liderado pela canadense Brookfield Asset Management e Itausa SA por 5,2 bilhões de dólares, essa grana terá que ser dividida e os investimentos vão depender de acordo com o novo presidente.
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