Fabricante italiana prevê que 60% de seus pneus homologados até 2025 equiparão carros a bateria, que exigem desempenho diferente. Pauta ambiental também promove a busca por material não fóssil, como casca de arroz e celulose
Rodrigo Caetano – Exame – 20/07/2022
Quem dirige um carro elétrico logo percebe que ele é igualzinho a um carro a combustão, exceto pelo fato de ser completamente diferente. A contradição se explica: para o consumidor, a experiência é a mesma, com algumas melhoras. Para a indústria, e toda a cadeia automotiva, é como comparar um elevador com uma escada rolante — com o agravante de que até os componentes que parecem iguais, são diferentes.
É o caso, por exemplo, dos pneus. “Continuarão a ser pretos e redondos, mas é só”, afirma Cesar Alarcon, CEO da fabricante italiana de pneus Pirelli no Brasil. “O veículo elétrico é mais pesado e mais rápido na aceleração, o que demanda um desempenho bem distinto”. Para Alarcon, a mudança da matriz energética do setor de transporte e mobilidade é apenas a ponta do iceberg de uma transformação mais profunda. “Há muito desenvolvimento que não se vê da superfície”, afirma.
A cadeia de valor da indústria automotiva sofre a influência, obviamente, das montadoras. Se o caminho estratégico definido pelas fabricantes de automóveis é o da eletrificação, é nessa direção que a Pirelli andará. Pelas projeções da companhia, até 2025, 60% dos pneus vendidos e homologados estarão equipando carros elétricos.
Pneus com menor atrito e mais silenciosos
Por isso, grande parte do esforço de desenvolvimento está concentrada em melhorar dois aspectos do produto: a menor resistência ao rolamento, um aspecto fundamental para economizar energia e aumentar a autonomia do veículo, o calcanhar de aquiles dos elétricos; e o silêncio. “Ninguém quer, num carro que não tem barulho de motor, ficar escutando um pneu barulhento”, diz Alarcon.
A nova rota das montadoras, porém, não é o único motivo que leva a Pirelli a reformular por completo seus produtos, exceto pela cor e forma. “A eletrificação tem um grande objetivo, que é reduzir as emissões. Apesar da mudança da matriz energética não ser uma pauta exclusivamente ambiental, não podemos perder esse Norte”, diz o CEO. Essa compreensão leva a empresa a buscar novas matérias-primas e a reduzir o uso de componentes de origem fóssil, notadamente o petróleo.
No Brasil, onde está o segundo maior centro de inovação da companhia, menor apenas que o de Milão, estão sendo conduzidas experiências com casca de arroz e celulose, por exemplo. Um pneu é feito, principalmente, de borracha natural e sintética, fios de aço e componentes químicos. Nesses últimos componentes e na borracha sintética é onde ocorre o maior uso de material fóssil. Além, é claro, da energia utilizada na fabricação, que também vem sendo substituída por fontes renováveis.
A velocidade da eletrificação no Brasil
Manter a conexão com o objetivo central da eletrificação ajuda, também, a compreender a velocidade desse processo em diferentes partes do mundo. Segundo Alarcon, a tendência é que a mudança da matriz demore mais a acontecer no Brasil do que na Europa ou na China. Isso se deve à disponibilidade de energia limpa. “A Europa e a China têm uma urgência muito maior de eletrificação, pois não contam com alternativas. No Brasil, há o etanol. Acredito que o carro elétrico irá chegar por aqui, mas deve levar alguns anos a mais”, define o executivo.
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