Bebidas chamam atenção pelo uso criativo de madeiras locais
Por André Sollitto – Veja 8 jul 2022
Ouro líquido. É assim que o britânico Jim Murray, a maior autoridade em uísque do planeta, chama os rótulos que mais se destacam no guia que publica anualmente. Ele prova milhares de garrafas e costuma ser impiedoso com aquilo que não gosta, mas é generoso em dar a mesma atenção tanto a pequenos produtores quanto a ícones escoceses com séculos de história. Na edição mais recente de sua “Bíblia do Uísque”, Murray concedeu a alta honraria a uma garrafa no Brasil e abriu os olhos — ou o paladar — do mundo para destilados produzidos no país.
LAMAS RARUS – Após envelhecer em barris de carvalho americano usados na produção de bourbon, ele também passa por barricas que continham rum. O resultado é um aroma adocicado que remete a nozes e cacau – //Divulgação
O destaque dado a um single malte feito pela mineira Lamas Destilaria representa o reconhecimento de um segmento novo, mas vibrante. Se até pouco tempo atrás os uísques nacionais eram considerados de segunda linha e desprezados por apreciadores da bebida, agora já há quem os coloque entre os mais promissores do planeta. O curioso é que se trata de um movimento recente, de quatro anos para cá, o que é uma contradição em um setor dominado por marcas centenárias como Johnnie Walker e Jack Daniel’s
UNION EXTRA TURFADO – Com maltes defumados importados do norte da Escócia e um aroma que remete a fumaça e cereais, é o carro-chefe da destilaria do Rio Grande do Sul – //Divulgação
A Lamas abriu as portas em 2019 após anos de experiências restritas à família dos fundadores. A empresa tem um portfólio fixo e edições limitadas feitas em parceria com profissionais de outras áreas. Assim, consegue usar madeiras nacionais, como a amburana, popular na produção de cachaça, e barris que já foram utilizados na preparação de vinhos. “Estamos nos consolidando no segmento como uma destilaria artesanal com um perfil mais inovador”, diz a sócia Luciana Lamas. “Desde o início, a nossa proposta sempre foi de fugir da mesmice.”
OUROPRETANA AMBURANA PORTER – O single malte é finalizado em barris de amburana, madeira nacional, antes usados para envelhecer uma cerveja escura do estilo porter – //Divulgação
O mercado artesanal de uísque também dialoga com as cervejas especiais. A Ouropretana, de Minas Gerais, produz um single malte envelhecido em barris de carvalho americano e finalizado nos tonéis de madeira amburana que receberam a produção da cerveja Ouropretana Amburana Brown Porter. O resultado foi fora da curva. “Estamos realizando algo que ninguém fez”, diz Leonardo Tropia, um dos fundadores da Ouropretana.
Há espaço para quem aprecia a tradição. No Rio Grande do Sul, a Union produz uísque há cinco décadas, fornecendo inclusive matéria-prima a outras empresas do mundo. Em 2019, colocou no mercado rótulos próprios. Agora, oferece opções puro malte, além de uma linha também limitada. O lançamento mais recente é uma edição envelhecida por dezessete anos. “São produtos que marcam alguma comemoração”, diz Luciano Borsato, diretor-executivo da Union. Um brinde à nova era.
Publicado em VEJA de 13 de julho de 2022, edição nº 2797
Se você tiver interesse e ainda não estiver inscrito para receber diariamente as postagens de O Novo Normal, basta clicar no link: https://chat.whatsapp.com/GeLUPi5zQ2582nGKD6JFey (02) para WhatsApp ou https://t.me/joinchat/SS-ZohzFUUv10nopMVTs-w para Telegram. Este é um grupo restrito para postagens diárias de Evandro Milet. Além dos artigos neste blog, outros artigos de Evandro Milet com outras temáticas, publicados nos fins de semana em A Gazeta, encontram-se em http://evandromilet.com.br/
Interessante a reportagem, sou apreciador de whisk e não sabia que no Brasil já somos produtores. Gostaria de receber mais informações
CurtirCurtir
Que legal ! Quero provar ! Já tem para vender?
CurtirCurtir