Ideia é aproveitar experiência do projeto em conectar startups a clientes e investidores, alavancar empresas já existentes e fomentar novas gerações de empreendedores no segmento
Por Álvaro Campos — Valor – 03/06/2022
O Cubo, hub de startups criado pelo Itaú em 2015, está lançando uma nova área voltada especificamente para companhias que desenvolvem soluções na área de padrões ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês). A ideia é aproveitar a experiência do projeto em conectar startups a clientes e investidores, fornecer conteúdo e usar a força da marca Cubo para alavancar empresas já existentes e fomentar novas gerações de empreendedores nesse setor, para que criem soluções disruptivas e escaláveis.
Pesquisas apontam que o Brasil já conta com mais de 1,2 mil startups voltadas para a área ESG, mas o país e o mundo ainda têm desafios enormes na questão ambiental, que será o primeiro foco do novo segmento. “As ineficiências estruturais são evidências do enorme potencial que a inovação tecnológica tem a longo prazo no segmento”, diz Pedro Prates, executivo do Cubo. Atualmente o hub tem na sua base um total de 350 startups, sendo que 50 delas já atuam em ESG, e o objetivo é triplicar esse último número até o fim do ano.
A iniciativa será organizada por meio de áreas, e a primeira delas é a “net zero”, que nasce com a missão de resolver os desafios da descarbonização em setores prioritários, como agropecuária, construção civil, petróleo & gás e siderurgia. A ideia é aproximar esses empreendedores de grandes corporações que assumiram compromissos de redução de emissões, em especial os clientes do Itaú. “Queremos ser o banco que estará ao lado dos clientes neste processo de transição, e o Cubo ESG será mais uma forma de apoiarmos os nossos clientes nessa jornada. As soluções para que as organizações alcancem seus objetivos de zerar emissões passam por tecnologia, inovação e fomento ao empreendedorismo”, explica Luciana Nicola, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade do Itaú.
Ela conta que o Itaú dividiu sua carteira de clientes em basicamente três grupos: aqueles que estão mais adiantados, já têm metas específicas, alinhadas com as exigências do Acordo de Paris; os que já assumiram algum compromisso público, mas ainda não têm objetivos tão claros; e as que ainda estão no início da jornada sustentável. Prates afirma que as grandes empresas já têm diversas iniciativas e equipes amplas cuidando da temática ESG, mas diz que ainda assim as startups podem ajudar, já que está na sua essência serem inovadoras e ágeis. “Elas usam tecnologias super modernas e têm essa cultura de velocidade. As grandes empresas, por sua vez, têm potencial de escala. Quando você conecta os dois, o potencial de transformação é muito grande.”
Entre as startups ESG que já fazem parte do Cubo estão nomes como a eureciclo, que trabalha com o rastreamento da cadeia de reciclagem de embalagens pós-consumo; Ribon, plataforma que facilita doações feitas por jovens; e VG Resíduos, que desenvolveu um sistema integrado de gestão de resíduos para garantir conformidade ambiental. “A partir dos desafios de diferentes setores, as startups podem trazer soluções e ajudar nossos clientes nessa transição [para uma economia de baixo carbono]. Isso naturalmente deve gerar mais negócios e fazer com que eles sejam mais sustentáveis”, explica Nicola.
Recentemente o Itaú anunciou a adesão ao Net Zero Banking Alliance, acordo mundial liderado pela ONU para mobilizar os recursos necessários para construir uma economia global com emissões líquidas zero de gases de efeito estufa. O objetivo do banco, que já é neutro em carbono para emissões diretas (escopos 1 e 2), consiste em reduzir as emissões da sua carteira de crédito (escopo 3) em 50% até 2030 e 100% até 2050.
O Itaú diz que, para esse novo hub ESG, está fazendo investimentos adicionais no Cubo, mas não revela valores. Em julho passado o banco lançou seu primeiro hub temático dentro do Cubo, voltado ao segmento do agronegócio. O banco se conecta com as startups do ecossistema de várias formas. Ano passado, por exemplo, fez 50 provas de conceito com elas, sendo que muitas acabam se tornando de fato provedoras da instituição. A Kinea, braço de private equity do grupo, também já fez aportes em diversas associadas do Cubo, e o banco pode até mesmo adquirir uma startup, como fez com a Zup.
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