Paulo Milet* – Correio da Manhã – 13/05/2022
Em relação ao BBB, e a vários outros “realities”, muitas vezes encontro comentários do tipo: não vejo essa porcaria; não tem nada que preste; não perco meu tempo com isso; e por aí vai. Mas será verdade, ou apenas preconceito dos comentaristas?
Como adepto do lifelong learning, acredito que o aprendizado ocorre sempre, desde que você tenha a mente, os olhos e ouvidos atentos para perceber as várias possibilidades.
No BBB, uma votação intermediária para eliminar um participante gerou 400 mi de votos em 48h e na final, mais de 700 mi, com quase 3 mi de votos por minuto. Isso não seria motivo de reflexão? Profissionais de comunicação e marketing não deveriam estar mergulhados nesse tópico? Ou fecham os olhos para esse fenômeno?
O tiktok, depois de ser sucesso mundial com as “dancinhas”, resolveu usar o “merchan” do BBB para mostrar que, via tiktok, podem ser aprendidas técnicas novas, praticados esportes, ensinados matemática, física, línguas etc. Os profissionais de educação perceberam isso?
A turma do RH teve a chance de analisar 22 pessoas trocando experiências, exercendo lideranças e administrando conflitos? Alguns se destacam, outros se retraem, uns trabalham em equipe, outros isolados. Resiliência ou conformismo surgem a cada rodada. Não é um manancial de exemplos a registrar e a usar em técnicas de captação e gestão de pessoas?
E os políticos, gestores, eleitores e estatísticos? Não perceberam que pessoas que eram desconhecidas, em dois meses conseguiram milhões de seguidores? Ainda ficam preocupados em alocar verbas para anúncios em rádio e TV? Fizeram comparações entre as enquetes em dezenas de sites e os resultados finais? Perceberam que quando o voto não é unitário tudo pode acontecer? O voto direto plebiscitário pode chegar às melhores escolhas? Porque alguns que são melhores em todos os aspectos, perdem por votações humilhantes? Fake news sobre a vida dos participantes atrapalham ou nem são percebidas?
Os advogados enxergaram que os conflitos são os mesmos que acontecem aqui, do lado de fora, em relação às leis, normas e portarias? Aquela agressão foi com dolo? A frase foi ofensiva? Qual foi a motivação? A liderança foi obtida por meios justos? A capacidade de influenciar votantes aqui fora pode ser aproveitada ou é um mau exemplo?
Empresários e investidores perceberam as oportunidades? Viram que a adoção de novos tipos de cartões, QR Codes, escolhas automáticas podem ser ensinadas e absorvidas em alguns minutos?
O pessoal de TI não teve bons insights sobre como gerenciar portais com milhões de interações por minuto e com datas inadiáveis para apresentar os resultados? Perceberam a transformação digital do programa e as mudanças dos últimos 20 anos? O pessoal do IOT (internet das coisas) viu que as possibilidades de monitoramento contínuo, medições à distância e sensores nas roupas são de um potencial incrível?
Merchans com horas de duração em uma prova de resistência, onde todas as características de um produto ou serviço podem ser destrinchadas e transmitidas para o cérebro dos consumidores foram analisadas?
A turma da engenharia e arquitetura aprendeu como se montam estruturas, cenários e equipamentos em alguns pouco dias e horas? Todos adequados a uma excelente UX (user experience)?
E ainda vimos uma pessoa trans ser admitida e reconhecida como mulher de um modo natural e sem preconceitos e a cor da pele não ter nenhuma importância nas decisões do programa. Uma bela lição!
Exemplos de merchandising realizados pelos próprios competidores foram um sucesso. Os anunciantes pagaram caro e não se arrependem. O programa faturou R$ 600 milhões! Um recorde.
No final teve até exemplo de METAVERSO!
E então, vamos aprender?
(*) Paulo Milet é presidente do Conselho de Educação da ACRJ.
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