Cofundador do private equity 3G Capital falou sobre novo perfil de jovens que está contratando para empresas como AB Inbev, Burger King e Kraft Heinz
Por Mariana Fonseca – Infomoney 28 jan 2021 17h48
SÃO PAULO – Os talentos de hoje são diferentes. Não têm apenas a “faca nos dentes”, ou o “brilho nos olhos”. Também sabem o que os clientes querem e são acostumados com o uso da tecnologia. A reflexão vem de um especialista em gestão meritocrática: Jorge Paulo Lemann, cofundador da empresa de private equity 3G Capital, que têm em seu porfólio empresas como AB Inbev (ABEV3), Burger King (BKBR3) e Kraft Heinz (KHCB34).
O economista e empresário falou sobre o novo perfil dos funcionários e sobre o empreendedorismo na próxima década durante o evento Latin America Investment Conference, promovido pelo banco de investimentos Credit Suisse. Henrique Dugubras, cofundador do unicórnio americano Brex, também participou do painel. Lemann foi um dos investidores no Brex, que fornece cartões de crédito corporativos para negócios em estágio inicial.
O perfil dos funcionários procurados por Jorge Paulo Lemann
Lemann conta que ele próprio mudou seu perfil como gestor ao longo dos anos. “Como trader do mercado financeiro, a mentalidade era de muito curto prazo: o que você vai comprar e vender no dia seguinte. Com o tempo, comecei a me irritar: não estava construindo nada para o longo prazo. Passei a pensar mais em o que fazer para empresas sobreviverem e crescerem no tempo”, disse o empresário.
Lemann foi sócio do Garantia até a venda do banco de investimentos, em 1998. O perfil de jovem funcionário na época era o de “ansioso por ganhar dinheiro”. “Esse era o objetivo principal. Gostávamos dos jovens que tinham a faca nos dentes e o brilho nos olhos. Dos fanáticos, que iam correr atrás das coisas”, afirma.
O perfil procurado pelo empresário hoje inclui essas características, mas adiciona outras. Para Lemann, “o fanático teve de se transformar em alguém com uma noção melhor do que seus clientes gostariam e alguém com mais ferramentas tecnológicas.”
A mudança no perfil dos talentos acompanha a evolução das empresas do 3G Capital. “Nossa fórmula de gastar pouco, ter boa logística e ser meritocrático não bastava. Percebemos a necessidade de saber o que seu consumidor quer e como tratá-lo. Também não estávamos tão conscientes quanto deveríamos da transformação para um mundo digital. Nossas empresas estão correndo atrás dessas duas questões. E não tenho dúvida que será assim daqui para a frente.”
Dugubras também listou algumas características que pesam na contratação para o Brex, investida de Lemann.
“Um primeiro aspecto que olhamos é a mentalidade de crescimento [growth mindset]. É saber que não há nada em que você é intrinsecamente bom: você pode melhorar sempre. Como a empresa cresce muito, você sempre precisa olhar para pessoas que conseguem aprender rápido e mudar”, diz. “Outro fator que olhamos é um otimismo impaciente. É acreditar que temos oportunidades ao longo do tempo e, ao mesmo tempo, defender que tudo tem que ser para ontem. Isso porque outra pessoa pode fazer mais rápido.”
Como desenvolver a mentalidade de risco?
Já para os que procuram virar empreendedores, o cofundador do 3G Capital afirma que tomar risco é uma parte importante da vida e dos negócios. “Quem não arrisca, não faz nada”, diz Lemann.
Para o empresário, a mentalidade de risco veio da influência familiar e também de sua carreira no tênis.
“[Essa mentalidade] veio de uma liberdade grande que minha mãe me dava. Depois dos 13 anos de idade, eu já podia viajar pelo país, participando dos torneios de tênis e experimentando coisas diferentes. Se você é criado num ambiente em que você faz bobagens e aprende com elas, mais tarde terá mais aptidão para os riscos”, diz Lemann. “O lado do jogo também pesou. Quando você compete, arrisca um pouco para ter resultados. Tem um aprendizado sobre dosar riscos que ajuda muito nos negócios.”
Essa mentalidade de risco se encontra com o desconforto, gerando o empreendedorismo. “Qualquer coisa que você olhe no Brasil, dá para melhorar. Temos muito desconforto, o que gera muita oportunidade”, diz.
Dugubras, porém, ressalta que um nível mínimo de segurança ajuda a criar negócios mais bem sucedidos. “Se você for passar fome caso seu negócio dê errado, você tende a tomar menos risco. Já se estivermos em um nível financeiro mais acima, quando o risco é de estudos e carreira, a vontade [de resolver um desconforto] fala mais alto. Motivação não importa muito de onde vem – desde que você a tenha.”
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O PERFIL DE PROFISSIONAIS QUE JORGE PAULO LEMANN CONTRATA
- Exame 2 de dezembro de 2013
Com 74 anos de idade, uma fortuna de 21,5 bilhões de dólares, segundo a Bloomberg, e o controle de empresas como Ambev, Burger King e Heinz, Jorge Paulo Lemann tem credibilidade de sobra para descrever as características que definem os melhores profissionais.
O homem mais rico do Brasil compartilhou qual é o perfil de profissional que ele considera como um “talento”, um termo valorizado pela área de recursos humanos para definir pessoas de elevado potencial. Confira o que ele revelou:
1 Tem um histórico de feitos
As experiências passadas contam (e muito) para Lemann. “Há pessoas que são ótimas, até foram para uma boa faculdade, mas não fizeram nada”, afirmou durante o bate-papo. O destaque vai para quem saiu da curva e não só exibiu uma lista de passagens por empresas no currículo, mas que se diferenciou em cada vivência. “Você tem que ver o que ele já fez e o que fez de diferente”, disse.
2 Exibe brilho no olho
Gostar do que faz e ter ambição também conta, segundo o empresário. “Gostamos de pessoas que têm brilho no olho, que querem fazer, querem ser bem-sucedidas”, descreveu.
3 É capaz de andar sozinho
Entre alguém que espera por ordens e outro que crie “algum problema por querer andar muito sozinho”, Lemann prefere a segunda opção. “Não gostamos do soldado disciplinado que só vai fazer uma ordem”, disse.
4 Traz resultados contundentes
Não adianta ser um mestre em “marketing pessoal”, se não prova, na prática, que é tudo o que vende. Por isso, atingir resultados é essencial para o executivo. “Tem gente que fala muito e bonito, mas que não faz e não acontece”, afirmou. “Outros nem falam tanto assim, mas de alguma maneira conseguem chegar lá”.
5 Trabalha bem com outros
Dentro das empresas de Lemann, a história do “gênio louco sozinho” não cola. “Pode ser gênio, mas não funciona bem dentro do nosso sistema”, disse. Ou seja, saber se relacionar, cooperar e toda a lista de atributos essenciais para o trabalho em equipe é fundamental.
6 É ético
“As pessoas podem ser diferentes, ter qualquer religião, maneiras diferentes de fazer as coisas. Mas tem que ser ético. Se não é, não dá para trabalhar”, afirmou.
Fonte: Exame
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