por Evandro Milet
Steve Jobs, considerado um gênio, também cometeu seus erros, corrigidos a tempo. Quando lançou o iPhone em 2007, Jobs pretendeu verticalizar totalmente hardware e software, mas acabou percebendo a importância de transformar a Apple em uma plataforma que unisse desenvolvedores independentes de software aos milhões de felizes usuários daquele hardware e criou a App store, hoje com mais de dois milhões de aplicativos.
Plataformas são definidas como modelos de negócios que criam valor facilitando interações diretas de dois ou mais tipos diferentes de clientes.
Existem quatro tipos de plataformas: marketplaces, sistemas de transação, mídia sustentada por anúncios e padrões de hardware e software.
Os marketplaces podem ser de produtos como os da Amazon, Alibaba e as brasileiras Magalu e B2W; podem ser de serviços como os conhecidos Uber e Airbnb ou aqueles de educação como Udemy e Coursera; e podem ser de relacionamento como Tinder ou aqueles que conectam profissionais ao seu mercado como GetNinja ou Amazon Mechanical Turk ou mesmo o Linkedin.
Os sistemas de transação incluem aqueles na área financeira como Visa e Mastercard ou a capixaba PicPay.
As plataformas de mídia podem incluir YouTube que reúne criadores de conteúdo independentes, consumidores de conteúdo e anunciantes – cada um procurando os outros, e Netflix com seus filmes ou mesmo os órgãos de imprensa que se organizam assim.
Nas plataformas de padrões de hardware e software temos, em sistemas operacionais, iOS, da Apple e Android, do Google que atraem os melhores desenvolvedores de software para criar aplicativos, que, por sua vez, atraem consumidores para comprar seus smartphones. E nos padrões de jogos despontam Xbox e PlayStation.
As plataformas representam uma mudança fundamental em como as empresas se relacionam umas com as outras – de modelos de negócio lineares ou pipelines, para modelos de negócios mais em rede. Em vez de desenvolver atributos e convencer os clientes a usar seus produtos e serviços, os negócios de plataforma constroem ecossistemas e induzem os clientes a interagir uns com os outros.
Em vez de pagar por serviços recebidos, os clientes fornecem e recebem valor. Em consequência, o valor das plataformas cresce à medida que mais pessoas as utilizam.
O melhor vendedor do mundo foi quem vendeu o primeiro telefone. O comprador não tinha para quem ligar. O fenômeno de crescimento das redes atende pelo nome de Lei de Metcalfe. A medida que aumenta o número de usuários, cada novo usuário acarreta um aumento exponencial no número de conexões potenciais que podem ser feitas na rede(conexões = n(n-1)/2). Por isso, numa plataforma com efeitos de rede para as duas partes, os novos desafiantes enfrentam formidável barreira de entrada, criando o modelo onde o vencedor leva tudo. Novos clientes atraem novos fornecedores que atraem novos cliente em velocidade de propagação de rede.
Algumas plataformas são dedicadas, como Uber e Airbnb, mas cresce muito a utilização do conceito por empresas de forma híbrida. A Nike, por exemplo, de produção de material esportivo, criou a sua rede de startups oferecendo softwares diversos que apoiam os atletas nos seus treinamentos e competições.
A proliferação do conceito de inovação aberta, onde grandes empresas abrem suas dores para o mercado resolver, cria também, em cada uma, uma rede de startups que apoiam e geram valor para os clientes, além da operação interna. Esse conceito vale para empresas de qualquer setor, que buscam agora a maneira de se transformar em plataformas.
Outras empresas aproveitam a sua forte conexão com o mercado para criar plataformas que conectem fornecedores com eles mesmo e abertos para outros clientes, como acontece agora com o Hospital Israelita Albert Einstein com o lançamento da plataforma Supply4Med que liga fornecedores da cadeia hospitalar a hospitais e clínicas.
A economia de plataformas está inclusive modificando o comércio internacional. Há um crescimento de exportação de pequenas e médias empresas feitas através das plataformas de e-commerce, sem que precisem montar suas próprias cadeias de suprimento. Esse crescimento pode inclusive mudar o controle do comércio, de países para essas plataformas, com inúmeras implicações fiscais e políticas.
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