por Evandro Milet – uma versão reduzida desse artigo foi publicada no Jornal A Gazeta
Na primeira revolução industrial, as fontes fixas de energia, primeiro as rodas d’água e depois o carvão, definiam a localização, o formato, o tamanho, a capacidade, o projeto das fábricas e os métodos de trabalho. A eletrificação no final do século XIX mudou tudo, mas as fábricas demoraram a perceber a extensão das mudanças. Coube às novas startups de geração de energia elétrica da época pregar a inovação e até emprestar motores elétricos para demonstrar as novas tecnologias.
O mesmo acontece agora com a transformação digital(TD) que tem a ver com estratégia, reimaginação e reinvenção do core business e não só com automação, robôs, IA ou IoT. O conceito é mais amplo que Indústria 4.0 e se aplica não só em empresas, mas também em governos, com as adaptações específicas de termos.
A TD exige uma visão holística da estratégia de negócios em 5 domínios: clientes, competição, dados, inovação e valor, bem retratadas no livro Transformação Digital de David L. Rogers.
No primeiro domínio o importante era atingir, com um produto e comunicação o máximo de clientes possível. As ferramentas digitais mudaram como os clientes descobrem, avaliam, compram e usam os produtos, se influenciando em redes que constroem e destroem marcas e reputações. O marketing digital criou uma gama enorme de ferramentas para captar e fidelizar os clientes.
O segundo domínio da TD é a competição. Fronteiras setoriais fluidas trazem concorrentes de outros setores, obrigam concorrentes a cooperar, a desintermediação faz parceiros de longa data virarem concorrentes e as plataformas criam um modelo de negócios novo aproximando empresas e clientes. Mas surgem também novas formas de intermediação como, por exemplo, a parceria do Google com órgãos de imprensa para divulgação de reportagens.
O terceiro domínio são os dados que eram parte dos processos de negócios – fabricação, operações, vendas e marketing, e usados para previsões, avaliações e tomadas de decisões. As fontes se multiplicaram, com as mídias sociais, os dispositivos móveis e os sensores gerando uma enxurrada de dados, permitindo novas previsões, um conhecimento profundo dos clientes, a descoberta de padrões inesperados e novas fontes de valor. Novas profissões, como cientistas e engenheiros de dados, são criadas para organizar e aproveitar essa nova fonte de valor.
O quarto domínio é a inovação, onde a grande novidade é a possibilidade de experimentação rápida usada não só pelas startups, que permitem feedback do mercado desde o início do processo de inovação e sempre, em inovação constante. Também a inovação aberta, onde as empresas vão buscar externamente soluções para suas dores e desafios, cresceu e se espalhou como tendência.
O quinto domínio é a proposta de valor, antes duradoura ou quase constante e agora tendo que mudar sempre para acompanhar as mudanças rápidas dos próprios clientes, assediados por novos concorrentes, vindos muitas vezes de outros setores.
Enfim, a nova realidade: ou a empresa faz sua transformação digital, nos seus vários domínios, ou estará fora do mercado, como tem sistematicamente acontecido no mundo empresarial.
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