Dinheiro vira ‘token’ e será programável


Real digital e finanças descentralizadas são previsões para um setor que tende a ser interoperável

Por Danylo Martins — Para o Valor – 19/12/2022

Carlos Augusto de Oliveira, CEO da Certdox: “O mundo caminha para uma sociedade ‘cashless’” — Foto: Divulgação

A maneira de consumir serviços financeiros e de pagamentos vem mudando nos últimos anos, impulsionada por novas tecnologias, regulações e modificações nos hábitos dos clientes. As transações são cada vez mais digitais, e a tendência é que o dinheiro possa, no futuro, ser programável e inteligente.

Essa transformação já vem sendo pavimentada e tende a ganhar força a partir da combinação entre Pix, open finance e real digital, no mesmo compasso em que evoluem tecnologias como blockchain, ‘tokenização’, 5G, inteligência artificial (IA) e internet das coisas (IoT, na sigla em inglês), além de outras que ainda poderão nascer no meio do caminho.

Na visão de especialistas e executivos do setor, o cenário daqui a alguns anos será de integração e convergência cada vez maior entre as diferentes soluções e plataformas, permitindo transações mais digitais, rápidas, de menor custo e com menos intermediários. “O mundo caminha para uma sociedade ‘cashless’”, observa Carlos Augusto de Oliveira, CEO da fintech Certdox e ex-executivo de bancos como Original e Itaú Unibanco. No futuro, projeta ele, o dinheiro de papel deixará de ter uma função relevante e será substituído, mas não a ponto de desaparecer por completo. “Provavelmente o dinheiro físico vai ser usado de forma irrelevante e marginal, como aconteceu com o cheque.”

O Pix, por exemplo, acelerou a desmaterialização do dinheiro, analisa Bruno Diniz, sócio da consultoria Spiralem. Lançado em novembro de 2020, o sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central (BC) já movimenta R$ 1 trilhão por mês e é importante instrumento de inclusão financeira. “O próximo passo é termos a programabilidade do dinheiro, e vamos alcançá-la com o real digital”, aponta. Significa permitir, por exemplo, que uma geladeira execute um comando automaticamente para comprar os itens que estão faltando, inclusive com a realização do pagamento.

O caminho até chegarmos a cenas como essa tem diversas etapas. O quadro ainda é de exploração de casos de uso do real digital (a versão brasileira de um CBDC, moeda digital criada por bancos centrais), conta Rodrigo Henriques, diretor de inovação da Fenasbac, a federação dos servidores do BC responsável pela coordenação do Lift Challenge, uma edição especial do laboratório de inovações financeiras e tecnológicas do BC, com foco em avaliar casos de uso do real digital.

Segundo Henriques, a expectativa é iniciar os pilotos no segundo semestre de 2023, fase que deve durar 18 meses e, em sendo bem-sucedida, o real digital será lançado oficialmente entre o fim de 2024 e o início de 2025.

A interoperabilidade entre ativos gerada pela ‘tokenização’, de forma regulada por meio das CBDCs, mudará por completo o que conhecemos por dinheiro, na análise de Guga Stocco, especialista em inovação, um dos criadores da operação digital do Banco Original e hoje cofundador da Futurum Capital, investidora e desenvolvedora de startups. “Quando falamos da tokenização da economia, qual é o grande segredo? Tenho uma infraestrutura única de blockchain, que aceita esse token, que é intercambiável”, explica.

Para Bruno Magrani, presidente da Zetta – associação que representa empresas de tecnologia com atuação no ecossistema de serviços financeiros digitais -, o real digital representará a “terceira onda” na evolução do setor. A primeira é a das fintechs, contribuindo para a inclusão financeira de milhões de brasileiros. A segunda está ligada ao que ele chama de “democratização da infraestrutura do setor financeiro”, com a evolução do Pix e o desenvolvimento do open finance.

“O real digital vai permitir essa terceira onda de digitalização do sistema financeiro ao incluir bens e ativos do mundo real, e será um componente fundamental para a ‘tokenização’ da economia.” Para ele, o real digital será elo entre as finanças tradicionais e as chamadas finanças descentralizadas (DeFi, na sigla em inglês) – nesse universo, os serviços rodam baseados em “contratos inteligentes” (smart contracts) e blockchain, de forma automatizada e sem intermediários.

https://valor.globo.com/publicacoes/suplementos/noticia/2022/12/19/dinheiro-vira-token-e-sera-programavel.ghtml

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