Brasileiro vive primeira greve global da era digital
Mathias Alencastro – Folha 27/12/2021
Pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, ensina relações internacionais na UFABC
Tem sido um dos dramas leves das festas de fim de ano. Incapazes de encontrar um motorista por aplicativo, familiares são obrigados a procurar um táxi em plena rua ou a recorrer às caronas de amigos. Essa realidade inteiramente nova para uma sociedade que se acostumou a ter sempre um motorista à disposição tem sido tratada como mais um elemento insólito da pandemia.
A ausência de veículos nas plataformas seria, segundo as principais empresas do setor, uma situação transitória devido a uma conjunção de fatores que desequilibraram o mercado, como o aumento dos passageiros e a alta de preços da gasolina.
Logo da Uber em sede da empresa em San Francisco, na Califórnia – Josh Edelson – 8.mai.2019/AFP
O caráter global da crise sugere que as razões são mais profundas. Alegando que o trabalho é financeiramente inviável, os motoristas estão aceitando um quinto das viagens que lhes são oferecidas pelo aplicativo em países com o Reino Unido.
Viagens triviais a partir dos aeroportos de Los Angeles, Mumbai e Paris podem custar o preço de uma passagem aérea. O CEO da Uber Dara Khosrowshahi está sendo obrigado a abandonar os mantras da corporação, buscando diálogo com autoridades municipais, com quem a empresa sempre optou pela relação de força no passado, e até formando parcerias com os táxis amarelos de Nova Iorque, símbolos do “velho mundo” que ela tinha prometido transformar em relíquia de outro tempo.
O que explica esse movimento espontâneo e global iniciado pelos próprios motoristas, que poderá ser lembrado no futuro como a primeira grande greve da economia digital?
Na última década a Uber transformou o mercado de transporte criando uma ilusão de modernidade para o trabalhador informal, elevado pela empresa à categoria inovadora e elegante de empreendedor digital. O ambiente político era particularmente favorável a essa revolução cultural.
Em 2016, o governo Temer vinculava a reforma trabalhista às oportunidades da “uberização” enquanto o premiê indiano Narendra Modi fazia da Uber a principal parceira da Start Up India, um dos programas-bandeiras do seu novo governo.
Mas a pandemia expôs a dura realidade da servidão digital: Transformados à força em trabalhadores essenciais, os motoristas constam entre as principais vítimas econômicas e sanitárias da pandemia ao redor do mundo. O trauma levou-os a se aproximarem dos mecanismos tradicionais de contestação social.
Na Índia, uma organização com milhões de motoristas forçou o governo Modi a votar um pacote de assistência social que inclui pensão e acesso a serviços de saúde. Em setembro, um tribunal da Holanda, onde a Uber tem a sua sede global, estabeleceu que os motoristas da empresa devem ser reconhecidos como trabalhadores da empresa, acompanhando decisões semelhantes em tribunais californianos e londrinos.
Apesar das dificuldades, a Uber anunciou o seu primeiro lucro operacional em novembro de 2021. Mas o seu modelo de negócios, baseado no mito dos motoristas-empreendedores, poderá não sobreviver à pandemia.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/mathias-alencastro/2021/12/onde-estao-os-ubers.shtml
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Já no início da matéria vemos o real problema. Nem precisa ler o resto. “familiares são obrigados a procurar um táxi”. A pessoa quer pagar 8 reais no Uber, não consegue e não tem a mínima vontade de pagar 14 na categoria Uber Black ou confort e vai pro táxi pagar 30. Se as pessoas passassem a pedir Black ou confort, pagariam mais barato que o táxi e teriam carros na porta de casa.
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Não é o aumento de combustível o grande problema (faz uma pequena parte)mas sim os valores baixíssimo que a UBER paga a seus motoristas.
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Onde estão os Ubers ? Perfeita a exposição de tudo que está acontecendo! Show!!!
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A falta de motorista hj é devido ao preço oferecido pro motorista. Pois não é justo o motorista ter o gasto de manutenção gasto de combustível e a falta de segurança oferecido pela plataforma para o motorista onde qualquer pessoa pode utilizar o aplicativo e não ser a pessoa cadastrada da conta e a falta de suporte.E o valor que é descontado de cada viagem é um absurdo um exemplo é a plataforma cobra 350 reais de um passageiro e repassar para o motorista apenas 158 Reais isso não é justo. Acho que ele deveria rever seus valores e o modo de operar.
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Vou apresentar meu exemplo aqui do Rio de Janeiro. Uma determinada corrida com percurso de 19 km e duração de mais de 45 minutos fica por 29 reais a ser realizada. Dependendo do local, pois a várias áreas de risco, aceitar esta corrida e inviável.
O etanol está na média acima dos 6 reais o litro, e o GNV está preços médios 4 reais.
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Sou motorista de app, trabalhei 32anos no táxi, sai em 2016 quando entrei no app, todos falam da falta de motoristas, de cancelamentos, de preço do combustível, mais o principal ninguém fala o baixo valor pago pelos app, em 2016 pagava R$ 1,60 o km hoje pagam R$ 1,00 o Km, com tantos aumentos nosso km diminui.
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Estão descontando de 30% a 35% do valor das viagens dos motoristas, tem ficado inviável trabalhar assim.
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Por causa do olho gordo da uber em faturar milhões encima dos motoristas e usuários a plataforma está cada dia se afundando ‘antes as taxas era 20% encima dos motoristas ‘hoje chega a 62% pra uber e 99 e pros motorista sobra 38% ‘sendo desses 38% aluguel de carros ‘combustível e manutenção as vezes não sobra nada pra nós no final do dia ‘deveria o governo interferir nesses abusos super faturamentos ilícitos encima da população e dos motoristas pais de família que as vezes não conseguem trazer dinheiro suficiente pra honrar a sua casa.
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Pura mentira é reflexo da própria plataforma que quer lucrar 40% nas corridas repassando valor praticamente irrisório aos motoristas
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A conta não fecha, apps descontam acima de 25%, combustíveis consomem mais de 50% dos ganhos, sobra o que? Manutenção e nosso trabalho diário.
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E mas o que ninguém está informando e que os valores cobrado pelas plataformas e dinâmica multiplicador e o que e pago para o motorista e dinâmica fixa trocando grossos por miúdos corridas sendo pagas de 40 a 50 % para o motorista ou seja valor alto aos passageiros e motoristas aceita o que tem ou fica sem trabalhar sem direito de questionar …
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O que eu acho engraçado e que as mídias não vão conversar com os motoristas ‘parceiros ‘e olhar os apps pra ver a situação …
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