O que os Beatles nos ensinam sobre o trabalho em equipe


Novo documentário sobre os “Fab Four” também é imperdível para gestores

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The Economist/Estadão 23 de dezembro de 2021

Paul está dedilhando seu baixo em um estúdio em Londres. George boceja e Ringo observa sem prestar muita atenção. John está atrasado, como de costume. De repente, a mágica acontece. Uma melodia começa a tomar forma, George acompanha Paul com sua guitarra e Ringo, batendo palma. Quando John chega, o mais novo single dos Beatles, “Get Back”, está incrivelmente reconhecível.

“Get Back” é a base tanto desse momento memorável como o título de um maravilhoso novo documentário de Peter Jackson, que mostra o registro dos dias que a banda passou junta em janeiro de 1969, escrevendo e gravando músicas para um novo álbum. Para os fãs de música, cultura pop ou criatividade, o filme é uma coleção de pequenos tesouros. Quando George está tendo dificuldades para compor o trecho após “Something in the way she moves” (Algo na maneira como ela se movimenta), John dá um conselho. “Basta dizer o que vier à sua cabeça toda vez – ‘attracts me like a cauliflower’ (Me atrai como uma couve-flor) – até encontrar as palavras certas.”

Os executivos também deveriam ver esse documentário. A questão do que faz uma equipe “cantar” é um ponto básico da pesquisa em gestão, e o documentário dos Beatles é uma chance única de observar uma equipe realmente de alto nível em ação. O filme reforça princípios conhecidos e oferece outros também.

Pense no papel de Ringo, por exemplo. Quando ele não está tocando de verdade, o baterista da banda passa a maior parte do tempo sonolento ou parecendo estar perdido. Quando os outros três músicos discutem, Ringo sorri contente. Para um observador desatento, ele talvez pareça não ser necessário. Mas, musicalmente, nada funciona sem ele e, como integrante da equipe, ele atenua conflitos e limita divisões.

A composição psicológica é importante para a forma como as equipes unem forças. Pesquisadores da Universidade Carnegie Mellon e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts descobriram que o desempenho dos grupos não está correlacionado com a média da inteligência de seus participantes, mas com características como sensibilidade e o quanto as equipes são boas em dar a todos tempo para falar. Ringo oferece apoio; a banda seria menos coesa sem ele.

Outro princípio reforçado pelo documentário: procure inspiração aqui, ali e em todos os lugares. Em um estudo da McKinsey, mais de 5 mil executivos foram solicitados a descrever o ambiente no qual tiveram suas melhores experiências como parte de uma equipe. Entre outras coisas, a consultoria identificou a importância da “renovação”, o hábito de evitar ficar ultrapassado correndo riscos, aprendendo com os demais e inovando.

“Get Back” mostra uma equipe de superstars adotando exatamente esse ethos: tocar as músicas de outras bandas, agarrar ideias como aves capturam suas presas e aceitar conselhos e ajuda de pessoas de fora da equipe com todo prazer. É a participação de um pianista chamado Billy Preston, conhecido do grupo desde os tempos em que tocou em Hamburgo, o que realmente faz as sessões de gravação começarem a funcionar. (Vamos fazer dele o quinto Beatle, sugere John. “Já é ruim o bastante com quatro”, suspira Paul.)

Uma terceira mensagem do filme diz respeito a quando e como deixar uma equipe trabalhar. Em uma iniciativa de 2016 chamada Projeto Aristóteles, o Google tentou definir as características de suas equipes mais eficientes. Uma de suas descobertas foi que os objetivos devem ser “específicos, desafiadores e possíveis”.

Quando os músicos se encontram pela primeira vez, no segundo dia de 1969, a banda tem uma tarefa que se encaixa perfeitamente nesses critérios: compor novas músicas dignas de um álbum em apenas alguns dias e apresentá-las em um especial de TV. Mas como alcançam esse objetivo fica, em grande parte, nas mãos deles. Isso nem sempre funciona. A certa altura, Paul anseia por uma “figura central paterna” para orientá-los em sua programação. Contudo, a combinação de prazo e autonomia produz resultados extraordinários.

Há limites para o que pode ser aprendido com “Get Back”. Os Beatles nem sempre apoiam uns aos outros – George, sentindo-se menosprezado por John e Paul, abandonou a banda durante alguns dias. As drogas tiveram um papel importante no que eles produziram: o LSD talvez seja algo inaceitável para alguns gestores. Embora a habilidade técnica não seja o único fator de sucesso, o enorme talento ajudou. Qualquer banda com um Lennon, um McCartney e um Harrison teria uma vantagem.

Mas uma lição maior aparece em alto e bom som. Os Beatles amam o que fazem para ganhar a vida. Quando não estão tocando, estão conversando sobre música ou pensando nisso. Eles tocam as próprias músicas cena após cena e improvisam constantemente. Os gestores que pensam que para construir espírito de equipe é preciso uma atividade separada do trabalho – aqui vai uma dica, deixem para lá os arremessos de machado, batalhas de gifs ou qualquer outra coisa igualmente abominável – estão perdendo de vista um ponto fundamental. As equipes com os melhores desempenhos alcançam maior satisfação não individualmente, mas pelo trabalho que realizam em conjunto. / TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,o-que-os-beatles-nos-ensinam-sobre-o-trabalho-em-equipe,70003934089

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Um comentário em “O que os Beatles nos ensinam sobre o trabalho em equipe

  1. Duas coisas: primeiro, como assim, “o LSD talvez seja algo inaceitável para alguns gestores”? Fiquei com a impressão que o texto considera crível usar LSD, para maioria dos gestores. E, segundo, como pode uma banda que acabou por incompatibilidade de gênios, ser exemplo de boas metodologias de relações profissionais?

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