O novo networking: o que vira presencial e o que fica no Zoom


A colunista Stela Campos diz que agenda vai ficar mais seletiva e estratégica daqui para frente

Por Stela Campos* –  Valor – 18/10/2021 

À medida que a vacina avança, os convites para almoços de trabalho, café e o tradicional networking voltam a pipocar. Em um primeiro momento, existe uma certa excitação de finalmente rever pessoas em carne e osso, além de poder variar o cardápio. Por mais que o objetivo seja profissional, trata-se também de uma oportunidade de fazer uma pausa no expediente, coisa que deixamos de lado nas longas jornadas que assumimos trancados nos nossos home offices.

Essa alegria, no entanto, vem acompanhada de uma certa preguiça. O trânsito, o tempo de espera nos restaurantes, cafeterias, tudo parece fazer parte de um passado quase distante. O tempo gasto nesses intervalos agora, olhando sob o ponto de vista de quem mal sai do computador para ir ao banheiro, parece jogado fora. Mas a interação, a conversa, a oportunidade de observar de perto quem estamos conhecendo, sem dúvida, é uma experiência totalmente diferente daquela que temos nos encontros virtuais. Isso acontece por “n” motivos. Um deles é que podemos observar de perto a linguagem corporal e as expressões faciais da pessoa, que representam 55% da comunicação, de acordo com estudo de Albert Mehrabian, da Universidade da Califórnia.

Então, a questão agora é quais encontros vão merecer o nosso deslocamento físico. Acredito que a tendência é criarmos uma nova hierarquia para o nosso networking. Não vamos deixar de ir pessoalmente aos encontros, mas seremos muito mais seletivos. Isso já está acontecendo com as viagens de negócios. As empresas dizem que só vão enviar seus profissionais para eventos onde a presença física deles faça realmente a diferença. 

Vários executivos que entrevistei recentemente disseram que estavam com saudades de viajar a trabalho, mas ninguém quer de novo aquele bate e volta de dois dias para o exterior, que além de ser cansativo significa um enorme tempo perdido entre trajetos e aeroportos. Sem contar o custo desse deslocamento. Mas há quem defenda esse encontro pessoal. Outro dia, um CEO com clientes em nove países me disse que não encontrá-los era péssimo para os negócios, porque nada substituía um bom papo e um tempo de qualidade com eles.

Você pode ponderar que um café é barato, tudo bem, mas o seu tempo é caro. Basta fazer a conta de quanto você recebe para trabalhar versus as horas do seu expediente. O encontro virtual te ajuda a economizar tempo e dinheiro. E ele também tem vantagens como ampliar a nossa capacidade de nos encontrarmos com gente do mundo todo. Fora o fuso horário, não há limites de onde podemos chegar.

A memória que fica de um encontro virtual talvez possa ser mais efêmera, porque é mais fácil esquecer de alguém restrito a um quadradinho no Zoom. Em um encontro pessoal, fatores externos por vezes podem marcar aquela ocasião de uma forma mais impactante. O garçom que tropeçou, a luz que faltou, o dia que a babá não apareceu ou aquele atraso por conta de um protesto na esquina do restaurante. 

Coisas aleatórias e que não estão relacionadas ao trabalho às vezes nos ajudam a criar conexões incríveis e inesperadas com pessoas com as quais não temos nenhuma intimidade ou que estamos vendo pela primeira vez. Isso certamente fica mais difícil em um encontro virtual, onde os eventos mais marcantes podem ser a entrada de uma criança ou um pet na sala, o barulho da reforma do vizinho ou a queda da internet.

A qualidade do que se conversa em um encontro profissional, no entanto, pode fazer um momento no Zoom ser tão memorável quanto em um encontro pessoal. A questão é que precisamos treinar nossas habilidades para tirar o melhor proveito dos dois mundos. Não vamos querer perder tempo, seja no presencial ou no virtual, uma vez que nossa produtividade aumentou e vai ser difícil as empresas se acostumarem com uma entrega menor do que a que passamos a fazer no home office na pandemia. Passar três horas em um almoço de negócios, só com muita motivação. Também vamos ter que dar uma regulada na quantidade de cafés virtuais, que além de consumirem nosso tempo, sugam a nossa energia cognitiva.

É certo que a nossa agenda de networking vai precisar ser mais bem distribuída e pensada estrategicamente. Provavelmente, ela não será parecida com a que tínhamos no passado. Tendemos a ser mais seletivos e desconfiados. A sedução e a lábia de quem convida vão ter que ser mais eficazes para nos tirar do expediente. Não podemos esquecer, contudo, que networking ajuda a estabelecer novas parcerias, negócios, a arranjar emprego e a trazer insumos para nossas decisões e que, conhecer pessoas, acima de tudo, pode ser uma atividade nobre e divertida.

*Stela Campos é editora de Carreira, coeditora dos anuários Executivo de Valor e Valor Carreira. Autora do Guia Valor Econômico de Desenvolvimento Profissional.

E-mail: stela.campos@valor.com.br

https://valor.globo.com/carreira/coluna/o-novo-networking-o-que-vira-presencial-e-o-que-fica-no-zoom.ghtml

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