Unicórnios brasileiros: saiba quais e o que são essas startups ‘raras’


Apelido para startups avaliadas acima de US$ 1 bilhão foi criado por investidora do Vale do Silício, em 2013; empresas podem conquistar status ao serem compradas, recebendo aportes ou abrindo capital

 Por Redação Link – O Estado de S. Paulo 03/08/2021 | 

Na terça-feira, 3, o ecossistema brasileiro de startups viu nascer mais um “unicórnio”: a paulista Unico, do segmento de autenticação digital de identidades para evitar fraudes, anunciou que recebeu um aporte de R$ 625 milhões em rodada liderada pelos fundos de investimento General Atlantic e SoftBank. Assim, a companhia se tornou o 16º unicórnio brasileiro. 

Em 2021, foram anunciados três novos unicórnios. O primeiro deles foi a MadeiraMadeira, que atingiu o título em janeiro após receber um aporte de US$ 190 milhões liderado pelo Softbank e pela gestora de fundos de ações Dynamo. Em março, a Hotmart revelou ao mercado que também chegou à avaliação milionária. Mas, afinal, o que é um unicórnio e por que se fala tanto deles nas startups brasileiras? 

O que é um unicórnio? 

Unicórnios, na mitologia, são criaturas raras e mágicas. Foi o jeito que a investidora Aileen Lee, do fundo americano Cowboy Ventures, encontrou para descrever as startups que conseguem atingir a marca de US$ 1 bilhão em avaliação de mercado. Startup, vale lembrar, é o nome dado a qualquer empresa de base tecnológica e que consegue crescer seu negócio de maneira escalável rapidamente – o que justifica, para muita gente, que sites de comércio eletrônico não são startups, por exemplo, embora essa seja uma discussão cheia de controvérsias. Outra discussão controversa é se uma empresa pode ser chamada de startup se tiver capital aberto em bolsa. 

O que Aileen buscava, na época, era achar uma palavra que demonstrasse como é difícil conseguir que uma empresa alcançasse esse porte. Os números da Associação Brasileira de Startups (ABStartups) exemplificam bem esse espírito: hoje, no País, existem 12.760 startups, mas apenas dez delas alcançaram o status “raro”. 

Nos EUA e na China, ecossistemas mais desenvolvidos e que recentemente tiveram diversos unicórnios, já há quem busque um animal mais raro: “o decacórnio” – apelido dado às startups que alcançam a marca de US$ 10 bilhões em valor de mercado. A rigor, a única empresa brasileira que chegou a essa cotação foi o Nubank – uma vez que Stone e PagSeguro, ambas com capital aberto na bolsa de valores americana, só alcançaram esse patamar quando já eram listadas. Há ainda uma série de empresas brasileiras que podem virar unicórnios em breve. Confira-as aqui.

Quais são os unicórnios brasileiros? 

Para Veras, venda da 99 foi como ver um filho crescido partindo

Para Veras, venda da 99 foi como ver um filho crescido partindo

99

O que faz: App de transporte

Quando virou unicórnio: janeiro de 2018

Criada em São Paulo em 2012 pelo trio Paulo Veras, Ariel Lambrecht e Renato Freitas, a 99 se tornou um unicórnio em janeiro de 2018, ao ser adquirida pelo equivalente a US$ 1 bilhão pelo grupo chinês Didi Chuxing. Na época, o pagamento total foi de US$ 600 milhões – a empresa asiática já tinha participações na 99 antes de efetuar a compra. 

PagSeguro se tornou popular no mercado com a maquininha Moderninha

PagSeguro se tornou popular no mercado com a maquininha Moderninha

PagSeguro

O que faz: Meios de pagamento

Quando virou unicórnio: janeiro de 2018

Pertencente ao UOL, a empresa de meios de pagamento PagSeguro se tornou um unicórnio brasileiro ao abrir seu capital na bolsa de valores de Nova York. Foi uma das aberturas de capital mais bem sucedidas das companhias brasileiras no exterior: ao final do primeiro dia no mercado, a companhia estava avaliada em US$ 9,2 bilhões. Hoje, vale US$ 15,44 bilhões. 

O Nubank está no mercado brasileiro há seis anos

O Nubank está no mercado brasileiro há seis anos

Nubank

O que faz: Cartão de crédito e serviços financeiros

Quando virou unicórnio: março de 2018

Ao receber uma rodada de investimentos de US$ 150 milhões do fundo DST Global, o Nubank revelou ao Estado que tinha virado um unicórnio – a empresa, alega, no entanto, que já havia chegado a essa avaliação de mercado antes da rodada. Poucos meses depois, o Nubank foi avaliado em US$ 4 bilhões, ao receber fundos da chinesa Tencent. Em julho deste ano, se tornou a primeira startup brasileira a se tornar um decacórnio, ao receber US$ 400 milhões do fundo americano TCV, chegando à avaliação cerca de US$ 10 bilhões. 

A máquina da Stone: parcerias com Visa e Mastercard

A máquina da Stone: parcerias com Visa e Mastercard

Stone

O que faz: meios de pagamento

Quando virou unicórnio: outubro de 2018

Fundada pelo carioca André Street em 2012, a Stone se beneficiou de uma mudança regulatória para crescer no mercado brasileiro de maquininhas de cartão de crédito. Foi crescendo pelas beiradas, buscando espaço em um setor controlado pela dupla Rede e Cielo, e, ao abrir capital na bolsa de valores de Nova York em 2018, chegou à avaliação de unicórnio. 

iFood, comprado em 2013 pela Movile de Fabrício Bliosi, vale mais de US$ 1 bilhão

iFood, comprado em 2013 pela Movile de Fabrício Bliosi, vale mais de US$ 1 bilhão

iFood/Movile

O que faz: delivery de comida

Quando virou unicórnio: novembro de 2018

Aqui há um caso de 2 em 1: o iFood, que pertence à holding Movile, recebeu em novembro de 2018 um aporte de US$ 500 milhões dos fundos Naspers e Innova Capital, ligado a Jorge Paulo Lemann. Com isso, a startup de delivery de comida tornou-se um unicórnio e, de quebra, levou junto a sua dona, a Movile, a se tornar outro. Vale dizer que a Movile, além do iFood, também tem investimentos em startups como Sympla e é dona do Playkids. 

Após nova rodada de investimentos, Loggi, do fundador Fabien Mendez, atingiu valor de mercado superior a US$ 1 bilhão

Após nova rodada de investimentos, Loggi, do fundador Fabien Mendez, atingiu valor de mercado superior a US$ 1 bilhão

Loggi

O que faz: entregas

Quando virou unicórnio: junho de 2019

Há algo em comum entre as três startups brasileiras que se transformaram em unicórnios em 2019: todas elas alcançaram tal marca graças a investimentos do grupo japonês SoftBank, que abriu um fundo avaliado em US$ 5 bi para o mercado latino. A primeira delas é a Loggi, fundada pelo francês Fabien Mendez em São Paulo – ele se mudou para o Brasil inspirado pela capa da Economist com o Cristo Redentor decolando. A startup de entregas levantou US$ 150 milhões em uma rodada liderada pelos japoneses

Priscila Siqueira, CEO da Gympass no Brasil

Priscila Siqueira, CEO da Gympass no Brasil

Gympass

O que faz: plataforma de benefício corporativo de bem-estar

Quando virou unicórnio: junho de 2019

Uma semana depois da Loggi foi a vez da Gympass ganhar o status “mítico”: a empresa recebeu um aporte de US$ 300 milhões liderado pelo SoftBank e pelo General Atlantic, fundo americano com experiência em startups. A startup tem um modelo de negócios ousado: oferece um plano de “assinatura de academias, atividade físicas e serviços de bem-estar” a empresas, que por sua vez repassa esse sistema como um benefício a seus funcionários. Hoje, está em 14 países, incluindo os EUA. 

Gabriel Braga, cofundador do QuintoAndar, em um dos imóveis reformados: 'Vamos sujar a mão pelos clientes'

Gabriel Braga, cofundador do QuintoAndar, em um dos imóveis reformados: ‘Vamos sujar a mão pelos clientes’

QuintoAndar

O que faz: aluguel de residências

Quando virou unicórnio: setembro de 2019

Fundada em 2013 pela dupla de empreendedores Gabriel Braga e André Penha, o QuintoAndar intermedia a relação entre proprietários e inquilinos, dispensando a necessidade de seguro fiança, fiador ou caução. Hoje, está presente em 25 cidades brasileiras e fecha 4,5 mil contratos por mês. Virou unicórnio ao receber US$ 250 milhões em uma rodada liderada pelo SoftBank e pelo fundo americano Dragoneer. 

Voigt, Ruiz e del Valle: trio de formações diferentes fundou a Ebanx em 2012, em Curitiba

Voigt, Ruiz e del Valle: trio de formações diferentes fundou a Ebanx em 2012, em Curitiba

Ebanx

O que faz: processa pagamentos

Quando virou unicórnio: outubro de 2019

Primeiro unicórnio da região Sul, a Ebanx permite que empresas estrangeiras como Spotify, Airbnb e Aliexpress vendam produtos e serviços a brasileiros, cobrando em moeda local. Fundada em 2012, em Curitiba, pelo trio Alphonse Voigt, João del Valle e Wagner Ruiz, a empresa já tem mais de 600 funcionários e atua em vários países da América Latina – para onde pretende fazer sua expansão. Virou unicórnio ao receber um novo aporte do fundo de private equity FTV, do Vale do Silício. 

Arthur Lazarte, de 35 anos: engenheiro aeroespacial deixou BCG para criar estúdio de games na casa dos pais, em 2011

Arthur Lazarte, de 35 anos: engenheiro aeroespacial deixou BCG para criar estúdio de games na casa dos pais, em 2011

Wildlife

O que faz: games para celular

Quando virou unicórnio: dezembro de 2019

Fundada em 2011, em São Paulo, ainda como Top Free Games (TFG), a Wildlife é o unicórnio de trajetória mais discreta até aqui: alcançou a avaliação de mercado de US$ 1,3 bilhão após receber um aporte do Benchmark Capital (de Uber, Twitter e Snapchat), em sua segunda rodada na história. Criada pelos irmãos Victor e Arthur Lazarte na casa dos pais, com investimento inicial de US$ 100, a empresa faz jogos gratuitos para celular, mas fatura com microtransações – venda de itens cosméticos ou que melhoram o desempenho do jogador nas partidas. Até o fim de 2019, deve acumular 2 bilhões de downloads em títulos como Sniper 3D, Colorfy e Tennis Clash. Também é um dos unicórnios mais ‘globais’ do País: tem escritórios em quatro países e seus games frequentam o ranking dos mais baixados, no iOS e no Android, em mais de 100 territórios diferentes.

Florian Hagenbuch e Mate Pencz, fundadores da Loft; startup se tornou o novo unicórnio brasileiro 

Florian Hagenbuch e Mate Pencz, fundadores da Loft; startup se tornou o novo unicórnio brasileiro 

​Loft

O que faz: compra, reforma e venda de imóveis residenciais

Quando virou unicórnio: janeiro de 2020

Fundada em agosto de 2018 por Mate Pencz e Florian Hagenbuch, criadores também da gráfica digital Printi, a Loft usa tecnologia para dar novo gás a um negócio antigo: comprar, reformar e vender apartamentos. Ela começou em três bairros da capital paulista e já se expandiu para 18 deles – negociou 1.000 apartamentos residenciais em 2019. A companhia mira a entrada em novos mercados do Brasil e da América Latina. 

Mariano Gomide de Faria, cofundador e copresidente executivo da Vtex: clientes em mais de 40 países

Mariano Gomide de Faria, cofundador e copresidente executivo da Vtex: clientes em mais de 40 países

Vtex

O que faz: serviços para e-commerce

Quando virou unicórnio: setembro de 2020

Fundada em 2000, no Rio de Janeiro, a empresa de Mariano Gomes de Faria é dona de um sistema que permite às marcas criarem suas lojas online. Hoje, a empresa tem 3 mil clientes em mais de 40 países diferentes, cuidando das operações de e-commerce de marcas como Samsung, Whirlpool, C&A, Saraiva e O Boticário. Virou unicórnio ao receber uma rodada de aportes de R$ 1,25 bilhão, liderada pelos fundos Tiger Global, Constellation e Lone Pine Capital. Está avaliada em US$ 1,7 bilhão. 

Creditas

O que faz: crédito com base em garantias

Quando virou unicórnio: dezembro de 2020

Em 2012, o espanhol Sergio Furio trabalhava em Nova York em uma grande consultoria. Decidiu largar tudo e vir para o Brasil sem falar uma palavra de português para tentar mudar o mercado de crédito local. Meses depois, nascia a BankFácil, que apostou no empréstimo com garantias (como uma casa, um automóvel) para deslanchar. Em 2017, a empresa mudou de nome: virou Creditas. De lá para cá, a startup cresceu sua proposta de serviços – hoje, oferece também crédito consignado privado e benefícios corporativos, além de serviços para consumidores como reformas atreladas a crédito. Em 2019, chegou perto de virar unicórnio com um aporte de US$ 231 milhões liderado pelo SoftBank – o aporte a avaliou em US$ 750 milhões. No apagar das luzes de 2020, um novo aporte – de US$ 255 milhões, liderado por fundos de private equity – fez a empresa ser avaliada em US$ 1,75 bilhões, entrando neste seleto clube. 

Marcelo Scandian, Daniel Scandian e Robson Privado, fundadores da MadeiraMadeira

Marcelo Scandian, Daniel Scandian e Robson Privado, fundadores da MadeiraMadeira

MadeiraMadeira

O que faz: e-commerce de produtos para o lar 

Quando virou unicórnio: janeiro de 2021

A quarentena forçou muita gente a ficar em casa, o que acabou impulsionando alguns novos hábitos. Reformas e investimentos no lar ganharam força – afinal, a casa virou também escritório e escola. Ao mesmo tempo, o comércio online foi impulsionado. Não é coincidência, portanto, que o primeiro ‘unicórnio’ brasileiro de 2021 esteja ligado a esses dois novos hábitos. Especializada em venda online de material de construção e móveis, a startup curitibana MadeiraMadeira anunciou em janeiro de 2021 que o seu valor de mercado superou a marca de US$ 1 bilhão, após receber um aporte de US$ 190 milhões liderado pelo Softbank e pela gestora de fundos de ações Dynamo.

João Pedro Resende é o CEO e cofundador da startup mineira Hotmart, avaliada em mais de US$ 1 bilhão

João Pedro Resende é o CEO e cofundador da startup mineira Hotmart, avaliada em mais de US$ 1 bilhão

Hotmart

O que faz: plataforma de criação e venda de cursos online

Quando virou unicórnio: fevereiro de 2020 (divulgação em março de 2021)

Um unicórnio misterioso veio à tona em março de 2021. A startup mineira Hotmart, depois de mais de um ano escondendo o título, confirmou pela primeira vez que já havia atingido em 2020 a avaliação de US$ 1 bilhão. Fundada por João Pedro Resende e Mateus Bicalho em 2011, a Hotmart ajuda criadores de conteúdo a monetizarem seus produtos na internet, criando e vendendo conteúdos digitais como cursos online, e-book e clube de assinaturas. Segundo Resende, a empresa optou mesmo por ser discreta em relação ao posto de unicórnio. “É o jeito mineiro de fazer negócios, não gostamos de fazer muito alarde desnecessário”, disse ele ao Estadão

Diego Martins, presidente da startup Unico

Diego Martins, presidente da startup Unico

Unico

O que faz: autenticação digital de identidades para evitar fraudes

Quando virou unicórnio: agosto de 2021

Criada em 2007 e com sede em São Paulo, a Unico, antes conhecida como Acesso Digital, tem cerca de 800 negócios como clientes no Brasil, entre eles Magazine Luiza e Banco Original. A startup tem apostado no desenvolvimento de tecnologias próprias para acelerar o crescimento. Além de aprimorar as soluções de biometria facial e assinatura eletrônica, a Unico desenvolve uma tecnologia que reconhece se, no momento da autenticação de um documento em uma abertura de conta digital, por exemplo, a foto foi tirada naquele momento ou se era uma imagem antiga em mãos de um fraudador. 

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