Computação em nuvem, análise de dados e segurança são os principais focos de investimentos
Por Ana Luiza Mahlmeister — Para o Valor – 17/05/2021
Em um ano de grandes desafios, a inovação é prioridade para retomar o curso dos negócios. A empresa tradicional se reinventou para competir com os nativos digitais, tendo a tecnologia como base dessa evolução. Após as enormes rupturas causadas pela crise da covid-19, não haverá uma “volta ao normal” na forma de trabalhar, operar cadeias de suprimentos e atender os clientes.
O estudo IDC Predictions, que ouviu 200 empresas entre 2018 e 2021, aponta que a segurança, inteligência (big data, sistemas analíticos, inteligência artificial, aprendizado de máquina) e nuvem pública lideram os investimentos em tecnologia.
Em pesquisa da IBM conduzida pela Morning Consulting em 2021, entre 5,5 mil empresas, 21% dos profissionais de tecnologia da informação entrevistados na América Latina afirmam usar inteligência artificial (IA) em suas empresas. No Brasil, 40% deles relatam ter implantado IA em seus negócios.
A pesquisa anual também descobriu que a falta de habilidades em IA e o aumento da complexidade dos dados são os principais desafios. “IA se tornou mais acessível e será a chave do sucesso no período de recuperação dos negócios, pela capacidade de ajudar as empresas em novas formas de trabalhar e tomar decisões rápidas com base em dados para que possam permanecer relevantes e à frente dos concorrentes”, afirma Silvio Dantas, diretor do applied innovation exchange na Capgemini.
A grande aposta no período pós-pandemia será a convergência de tecnologias com novas realidades de trabalho, experiências, sustentabilidade e responsabilidade social. Nesse período, os administradores aperfeiçoaram a liderança de equipes em trabalho remoto e devem aprofundar esses conhecimentos a partir de agora.
Tecnologias como computação em nuvem, blockchain – que permite rastrear o envio e recebimento de informações em códigos gerados on-line – moedas digitais e segurança cibernética já estavam disponíveis, e tiveram a adoção acelerada pela pandemia de covid-19.
Outras tecnologias que pareciam estar mais distantes – como computação quântica e robótica – começaram a ficar comercialmente viáveis antes do previsto. O estudo Tech Vision 2021 da Accenture mostra que cada vez mais os produtos evoluíram para serviços, e esses para soluções de economia compartilhada. “Essa convergência de complexidades, modelos de negócio e expectativas dos consumidores traz benefícios para a sociedade, enquanto o mercado de trabalho terá que se adaptar constantemente”, aponta Roberto Frossard, diretor-executivo da Accenture Technology.
Além da difusão do trabalho remoto, digitalização e automação, as empresas repensaram a proximidade com as cadeias de produtores e fornecedores. Reconhecem o papel central da IA e buscam conhecimento, capacidades e talentos necessários para utilizar todo o seu potencial. “Estão surgindo novas profissões relacionadas a dados e automação, enquanto as atividades mecânicas deixarão de exi.stir”, prevê Dantas, da Capgemini.
O melhor uso de IA e sistemas analíticos integrados às plataformas de comércio eletrônico, permitem, por exemplo, a análise de sentimentos para personalização das ofertas de produtos e serviços. Outras tendências são soluções sem toque com comando de voz integradas a meios de pagamento virtuais e streaming de vídeo para compras on-line.
As tecnologias que ganharam escala durante a pandemia- como videoconferência, 5G, nuvem e plataformas digitais de comércio eletrônico – tendem a se aprofundar. Marketplaces que viabilizam as vendas on-line e a comunicação das empresas com seu ecossistema se popularizaram.
“A captura de dados aumentou exponencialmente e os sistemas analíticos se tornaram fundamentais para a transformação desses dados em informações relevantes que se traduzem em ganhos de eficiência”, destaca Marcelo Mendes, chief business development officer Latam da consultoria Keyrus. As redes sociais geram ainda mais dados que alimentam as empresas com informações sobre o comportamento do consumidor, aproximando o mundo pessoal do corporativo. “Serão necessários estudos sociológicos para entender as consequências e marcos regulatórios para limitar as possíveis reações adversas para a sociedade”, diz. Mendes.
As redes 5G combinadas com IA terão mais capacidade analítica para respostas em tempo real na oferta de serviços personalizados. “A internet das coisas trará mais oportunidades relacionadas às cidades inteligentes”, afirma David Morrell, sócio da consultoria e auditoria PwC. Na indústria, a realidade aumentada e virtual vai mudar formas de interação em treinamento e manutenção.
Da mesma forma que pode ser usada para melhorar nossas vidas, a tecnologia aprofunda diferenças sociais em uma sociedade já assimétrica como a brasileira. A inteligência artificial pode fazer a diferença em solucionar problemas como erradicar doenças, fome e pobreza – questões que hoje não somos capazes de resolver. “Se considerarmos que mais de 20% dos domicílios brasileiros não têm acesso à internet num contexto em que até as aulas são on-line, as diferenças sociais podem se tornar ainda mais impactantes com a crescente dependência tecnológica da sociedade”, ressalta Morrel, da PwC.
Segundo a pesquisa Workforce of the Future da PwC, 37% das pessoas estão preocupadas em ser substituídas por automação tecnológica e 74% estão prontas para treinar novas habilidades. “Devemos tomar medidas práticas para reduzir a diferença social e aumentar o acesso das pessoas às profissões que são criadas pelas novas tecnologias, além de contar com políticas e iniciativas públicas e privadas para seu desenvolvimento nas mais diversas áreas”, afirma Morrel. Existem lacunas importantes em que o país poderia se tornar referência, tais como serviços digitais na saúde e tecnologia aplicada à sustentabilidade, priorizando temas estratégicos.
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