País tem a segunda maior carência entre 63 nações, só melhor que a Venezuela
Por Assis Moreira — Valor Econômico 02/10/2020
O Brasil subiu seis posições e passou para a 51ª colocação entre 63 países no Ranking Global de Competitividade Digital elaborado pelo IMD, escola de administração de Lausanne, na Suíça. No entanto, a melhora no ranking não esconde um “apagão humano” brasileiro, com a segunda maior carência de mão de obra digital (62ª posição) entre os países pesquisados. Somente a Venezuela é pior nesse indicador.
O ranking procura mostrar como as economias empregaram tecnologias digitais e a habilidade delas em resistir à pandemia. Leva em consideração três fatores: conhecimento, tecnologia e prontidão para o futuro. Aponta os EUA, Cingapura, Dinamarca e Suécia como os quatro principais na competitividade digital, com flexibilidade ou adaptação tanto do setor privado como público para reconstruir suas economias no pós-pandemia.
O estudo contou no Brasil com a parceria da Fundação Dom Cabral e do Movimento Brasil Digital (MBD). Foram ouvidas 6 mil pessoas no país e utilizados dados estatísticos gerais.
O Brasil neste ano obteve a sua melhor colocação desde a criação do ranking, em 2017. Conforme o professor Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral, o resultado reflete ganhos em relação à concentração científica, estrutura regulatória, capital e agilidade para os negócios.
Em plena pandemia, as empresas no Brasil reagiram buscando inclusive outras tecnologias para gerar valor. “Quem decidiu fazer a transformação digital não foi o conselho de administração, e sim a reação à pandemia, levando o Brasil a avançar 27 posições no indicador que avalia a velocidade na adoção de tecnologias”, diz Arruda.
Outro ponto positivo é que o usuário brasileiro está disposto a ser mais digital. Ou seja, há uma atitude muito favorável ao uso da tecnologia. O lado negativo é que a infraestrutura não está pronta. A velocidade média da banda larga no Brasil é um quarto da de países como Coreia do Sul e Cingapura.
Além disso, há “o apagão humano, com baixa qualificação da mão de obra, defasagem tecnológica”, acrescenta ele. Em plena revolução digital, isso é ainda mais inquietante.
Quando os pesquisadores indagaram a empresários se o país tinha mão de obra qualificada em numero suficiente para atender suas necessidades, a resposta foi negativa. Assim, no subfator “talento”, o Brasil fica em 62ª posição entre 63 países. Nesse indicador estão disponibilidade de mão de obra digital tecnológica (62ª), suficiência de experiência internacional dos administradores (58ª) e atratividade de pessoal qualificado estrangeiro (58ª).
Ao mesmo tempo, o empresariado brasileiro admite que o treinamento profissional não é uma prioridade nas empresas (59ª), numa evidente inconsistência empresarial. “De um lado, tem a necessidade de encontrar mão de obra qualificada e de outra não investir nos recursos humanos”, diz o professor. “O ‘gap’ de talento é especialmente preocupante, porque outros países estão treinando em massa.”
Ele exemplifica que no Brasil apenas 17% dos alunos estão nas áreas científica e tecnológica, sem comparação com o que ocorre na China ou Coreia do Sul.
O fato de ser a nona economia do mundo e ficar em 51ª posição num ranking global digital ilustra a ineficiência na educação no país, mesmo se está entre os que mais investem publicamente no setor (nono). O Brasil apresenta um dos piores resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) para a disciplina de matemática, ocupando a 55ª posição.
O estudo mostra assim que é preciso investimento dentro e fora das empresas, no Brasil.
Por outro lado, os componentes de concentração científica apontam bons resultados. O país é o oitavo com maior participação das mulheres nas pesquisas científicas, apesar de ser o 51º para mulheres graduadas; é o nono com maior produtividade de P&D por publicação e 14º com maior emprego de robôs na educação e P&D.
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