por Evandro Milet
Quatro conceitos, vindos de áreas de conhecimento diferentes, mas complementares, tentam batizar a visão moderna de cidades:
a) Cidades sustentáveis, oriundo da área de meio ambiente, o conceito inclui temas como água, resíduos sólidos, lixões, energia, saneamento e poluição ambiental, visual e sonora. E também saúde, educação, pobreza, favelização, mobilidade, base econômica e emprego;
b) Cidades criativas, conceito oriundo da área de cultura, inclui atividades artísticas, indústrias culturais, turismo, ciência, tecnologia, universidades, software, design, moda, engenharia e arquitetura, entre outros. Esse conjunto produz uma efervescência cultural que atrai e retém talentos, promove diversidade social, gera empregos, aumenta o potencial criativo de empresas e instituições, atrai jovens e turistas e contribui para a economia da cidade e qualidade de vida;
c) Cidades inteligentes – o conceito aborda a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação(TICs) na gestão das cidades, incluindo transporte público, controle de tráfego, monitoramento ambiental, serviços de saúde, educação, segurança, defesa civil e serviços públicos em geral. Como aproveitar o fato de que a maioria dos cidadãos tem um smartphone podendo falar, reclamar, fiscalizar, postar nas redes sociais, propagar idéias em alta velocidade e com alcance enorme? Cidades inteligentes exigem uma infraestrutura digital, à semelhança das redes de água, luz, telefones e saneamento. Toda a gama de novas tecnologias como Inteligência artificial, Internet das Coisas, 5G, redes sociais e seus desdobramentos têm ampla possibilidade de utilização na gestão de cidades;
d) Cidades humanas – Jane Jacobs, urbanista e ativista social, defendeu um novo conceito de cidades em seu livro seminal “Morte e Vida de Grandes Cidades” (1961). Propôs a ideia de cidades integradas, densas e vivas contra a tendência da época de segregar funções como suposta visão modernista. Defendeu a alta concentração de pessoas, valorização de esquinas e percursos, edifícios variados e de diferentes idades e menos viadutos e obras monumentais. Cidades adensadas gastam menos energia, as pessoas andam mais a pé ou bicicleta, a caminhabilidade é incentivada, justificam o rateio por muitos dos custos de soluções em transportes e infraestrutura e há mais opções culturais. As novidades da economia compartilhada e veículos autônomos prometem também uma revolução na mobilidade urbana.
Cidades criativas, sustentáveis e inteligentes contribuem para uma cidade mais humana e fortalecem o conceito de Work, Live and Play(Trabalhar, viver e se divertir) onde se pode ter uma vida saudável, com todas as atividades no mesmo ambiente.
A pandemia do coronavírus tem provocado novas discussões sobre a aglomeração das cidades e seu impacto na propagação de doenças. Fica mais evidente o problema das sub-habitações e a falta de saneamento como fator propagador de pandemias. Há também certo movimento de pessoas procurando viver fora desses grandes centros, ainda mais considerando a propagação do home-office como uma nova realidade, onde o trabalho fica independente até da cidade onde se reside. Qual será o balanço dessas tendências?
Com essas ideias e discussões sobre vários ângulos, o Instituto Brasileiro de Cidades Inteligentes, Humanas e Sustentáveis lançou o livro O futuro é das CHICS(Cidades Humanas, Inteligentes, Criativas e Sustentáveis) onde tive o prazer de escrever um trecho. Uma cópia do livro será colocada gratuitamente no grupo.
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