Por que as crises globais são a mãe da invenção
Em 1815, uma erupção vulcânica causou estragos em todo o mundo. Mas isso levou ao nascimento da bicicleta.
A erupção em abril de 1815 do Monte Tambora, um vulcão no que é hoje a Indonésia, foi uma das maiores da história. Uma vasta nuvem de poeira e cinzas se espalhou pelo mundo, bloqueando o sol e reduzindo as temperaturas globais. Na China, o tempo frio matou árvores, plantações e búfalos. Na América do Norte, uma “névoa seca” avermelhou o sol e houve uma nevasca no verão em Nova York. Houve tumultos e saques na Europa quando as colheitas fracassaram. Os preços dos alimentos dispararam e dezenas de milhares de pessoas morreram de fome e doenças. Os cavalos passavam fome ou eram abatidos, pois o alto preço da aveia obrigava as pessoas a escolher entre alimentar seus animais ou a si mesmas.
Essa última situação levou Karl von Drais, um inventor alemão, a conceber uma máquina de transporte pessoal para substituir o cavalo: uma engenhoca de madeira de duas rodas que ele chamou de Laufmaschine (literalmente, “máquina de corrida”). Sentado em uma sela, Drais a impulsionou, plantando os pés no chão e empurrando a cada poucos metros, enquanto o dirigia usando um leme. Um passeio de demonstração, no qual ele viajou 64 quilômetros em quatro horas, mostrou que era tão rápido quanto um cavalo trotador e podia ser alimentado por seu cavaleiro sem muito esforço. A parte complicada era mantê-la equilibrada enquanto planava, o que exigiu alguma prática.
A invenção de Drais não substituiu o cavalo: o tempo voltou ao normal, levando a uma colheita abundante em 1817. Mesmo assim, os entusiastas continuaram a melhorar seu design. A adição crucial de pedais ocorreu na França na década de 1860. Outros refinamentos incluíram freios melhores, uma estrutura de aço, rodas leves de metal e uma corrente para acioná-los. No final da década de 1880, esses elementos foram combinados em um design reconhecidamente moderno: a bicicleta.
Uma invenção provocada pelos desafios de uma crise global há muito esquecida acabou se espalhando pelo mundo e se tornando parte da vida cotidiana. Que inovações o surto de coronavírus de 2020 pode gerar? A pandemia certamente inspirará novas abordagens à educação on-line, digamos, ou à entrega de pacotes por drone – e, sem dúvida, algumas idéias menos óbvias. Quem teria imaginado, afinal, que um vulcão daria origem à bicicleta?
Tom Standageis é editor adjunto do The Economist
https://www.1843magazine.com/design/rewind/why-global-crises-are-the-mother-of-invention
O novo normal é o blog desenvolvido por Evandro Milet
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Sou ciclista e apaixonado pelo pedal. Uma das maiores invenções da humanidade. As cidades deveriam investir em ciclovias, ampliar a mobilidade e com isso a melhora da saúde dos cidadãos.
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