A próxima fronteira da conectividade encontra-se dentro de cada um de nós
Por Guy Perelmuter – Estadão – 04/09/2025
Já falamos aqui da Internet das Coisas (ou IoT, do inglês Internet of Things): qualquer equipamento (ou componente de equipamento) passou a ser considerado como um elemento com potencial para ser adicionado à Internet. Desde aparelhos de uso doméstico e pessoal (carros, motos, geladeiras, câmeras, máquinas de lavar, ar condicionados, luminárias, cafeteiras) até máquinas pesadas (motores de aviões, locomotivas, sondas de perfuração) passando por dispositivos integrados a seres vivos (pessoas, animais selvagens, gado, plantações e florestas). De acordo com a empresa de pesquisa de mercado alemã IoT Analytics, em 2023 mais de 16,5 bilhões de dispositivos estavam conectados à Internet — e a expectativa é que esse número chegue próximo aos 30 bilhões em 2030.
Uma evolução do conceito de IoT é a IoB — Internet of the Body (literalmente, a Internet do Corpo). Como o próprio nome diz, trata-se da conexão do corpo humano à rede através de dispositivos usados para coletar e transmitir informações. Esses dispositivos podem ser externos (ou de primeira geração, como smartwatches ou fitness trackers), internos (ou de segunda geração, como implantes de cóclea ou marca-passos, que discutimos na última coluna), ou incorporados à nossa biologia (de terceira geração, como as interfaces cérebro-computador).
O uso destes dispositivos geralmente está associado a aplicações ligadas à saúde: monitoramento de sinais vitais (como frequência cardíaca e respiratória, pressão sanguínea, temperatura do corpo, quantidade de glicose no sangue), desfibriladores que atuam assim que alguma anomalia no ritmo cardíaco seja detectada, pílulas inteligentes que possuem sensores para coletar informações a respeito do interior do corpo humano (em particular, do aparelho digestivo) ou ainda sobre a aderência de um determinado medicamento aos órgãos e tecidos.
Mas a IoB possui outras possibilidades que começam a ser exploradas por várias áreas de negócios. Por exemplo, em 2015 e 2017, as empresas Epicenter (na Suécia) e Three Square Market (nos Estados Unidos) respectivamente implantaram em alguns de seus funcionários microchips RFID (radio frequency identification, ou identificação por radiofrequência). Esses dispositivos — do tamanho de um grão de arroz — incluem uma antena para receber e transmitir dados, e quando implantados (entre o dedo polegar e o indicador) permitiram a realização de funções como destrancar portas, fazer o login em computadores ou realizar compras — simplesmente com um movimento da mão.
Para atletas de alto desempenho, sensores integrados aos uniformes podem monitorar o nível exato de desgaste, enquanto para policiais, bombeiros ou soldados, biossensores podem realizar o monitoramento de informações como stress e nível de hidratação. Já empresas responsáveis pela segurança de instalações de acesso restrito podem utilizar uma senha associada ao perfil dos batimentos cardíacos das pessoas autorizadas, uma vez que o eletrocardiograma de cada um de nós é tão único como nossas impressões digitais.
A adoção de novas tecnologias cria riscos, problemas e desafios inéditos — e a IoB não é exceção: conforme dispositivos conectados ao nosso corpo coletam, processam e transmitem dados em tempo real, questões como proteção de dados, interoperabilidade entre sistemas, protocolos para o caso de falhas e padrões de cibersegurança tornam-se particularmente críticas para a difusão segura deste novo aspecto de nosso mundo hiper-conectado. Este será o tema da nossa próxima coluna — até lá.
Opinião por Guy Perelmuter
Fundador da Grids Capital e autor do livro “Futuro Presente – O mundo movido à tecnologia”, vencedor do Prêmio Jabuti 2020 na categoria Ciências. É engenheiro de computação e mestre em inteligência artificial
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