Da triagem populacional à medicina de precisão, a inteligência artificial está acelerando diagnósticos, prevenindo doenças e colocando o paciente no centro do cuidado
Fernanda Bornhausen – MIT Sloan Review – 18 de agosto de 2025
O mundo da saúde está passando por uma revolução profunda: a ascensão da inteligência artificial generativa. O avanço acelerado dos grandes modelos de linguagem (LLMs) e da IA multimodal não é apenas um salto tecnológico, mas um marco que pode redesenhar nossa saúde, expectativa de vida e a própria prática médica, bases centrais do mercado da longevidade
A medicina sempre avançou graças à inovação: antibióticos, vacinas, genômica e novos medicamentos. Agora, a próxima fronteira é a personalização extrema viabilizada por IA. Ferramentas como ChatGPT, Gemini, Claude, além de modelos voltados para áreas específicas (radiologia, patologia, oncologia), já conseguem interpretar dados complexos, cruzar imagens, laudos, exames laboratoriais e genéticos, trazendo uma nova camada de precisão à prática clínica.
O mais impressionante não é apenas a capacidade de sintetizar conhecimento ou automatizar tarefas (como sumarizar prontuários, traduzir termos médicos ou sugerir condutas), mas criar interfaces conversacionais que empoderam profissionais de saúde e pacientes. Imagine explicar, em segundos, um diagnóstico raro ou orientar o melhor caminho terapêutico com base nos dados mais recentes da ciência. Algo que, até pouco tempo, exigiria consultas com dezenas de especialistas e meses de espera.
IA multimodal: novo olhar para a clínica
Medicina é, por definição, multimodal: uma decisão clínica que combina imagem, histórico, sinais vitais, perfil molecular e muito mais. O avanço das fundações de IA multimodal — modelos treinados para entender e correlacionar imagens (como ressonâncias, lâminas de patologia), textos clínicos, dados de sensores e informações genéticas — permite diagnósticos e prognósticos cada vez mais integrados. Modelos como o contrastive language-image pretraining (CLIP) já conseguem alinhar representações vetoriais de imagens e textos, simulando o raciocínio médico humano.
Isso é fundamental para longevidade: identificar riscos precocemente, personalizar rastreios, ajustar terapias em tempo real, antecipar a evolução de doenças antes dos sintomas e, principalmente, envolver o paciente ativamente nesse processo.
A IA está mudando o modelo de saúde, de reativo para proativo e preventivo, colocando o paciente no centro
A IA está transformando não apenas o diagnóstico, mas todo o modelo de saúde: de uma lógica hospitalocêntrica e reativa para um sistema proativo, focado em prevenção e manutenção da saúde. Wearables inteligentes já detectam arritmias, avaliam sono, monitoram variáveis metabólicas e antecipam rejeição de transplantes. O paciente passa a ser protagonista, munido de dados e ferramentas para agir antes do problema aparecer.
O tamanho da revolução se mede também pelo movimento de gigantes. A Altos Labs levantou mais de US$ 3 bilhões para reunir ganhadores do Nobel e acelerar pesquisas de rejuvenescimento celular, simbolizando a convergência entre IA e biologia na fronteira da longevidade. Já a OpenEvidence, que acaba de captar US$ 210 milhões, virou a aplicação médica de IA de crescimento mais rápido entre médicos americanos, levando decisões clínicas baseadas em IA para o dia a dia dos hospitais.
O volume de investimento e a sofisticação científica mostram que essa transição deixou de ser promessa para se tornar inevitável. No rastreamento populacional, modelos baseados em IA já ajustam a frequência de exames para cada perfil, identificam quem realmente precisa de ressonância ou biópsia e otimizam recursos de saúde pública. Em escala molecular, a IA acelerou o desenvolvimento de fármacos, vacinas e terapias personalizadas.
O futuro chegou. Você está pronto?
Talvez o salto mais fascinante seja o uso da IA para prever, com precisão crescente, eventos de saúde em várias escalas: molecular (como proteínas mutadas afetam risco de doença), individual (chance de infarto ou Alzheimer em cinco anos, por exemplo) e populacional (prever surtos, identificar desigualdades, planejar recursos).
O AlphaFold, ferramenta de IA que venceu o desafio secular de prever estruturas de proteínas e ficou com o Nobel de Química em 2024, é só o começo. Modelos de previsão já conseguem prever risco cardiovascular, evolução de tumores, trajetórias de envelhecimento cerebral e como o microbioma pode determinar se um medicamento terá efeito ou não em um paciente. Enfim, aquilo que parecia futuro, para quem deseja usufruir do Healthspan, já é realidade.
O impacto para quem quer viver mais e melhor é direto: mais detecção precoce, rastreio inteligente, terapias sob medida, previsão de eventos e, talvez o mais importante, autonomia do paciente para agir sobre sua saúde.
No futuro, a IA vai permitir prever e atrasar doenças crônicas, desenhar planos alimentares e de exercício personalizados, antecipar declínio cognitivo e adaptar intervenções ao ritmo biológico individual.
Estamos diante de uma das maiores revoluções. Uma era em que a saúde vai ficar cada vez mais com cara de longevidade, ou seja, mais personalizada, proativa, preditiva e participativa. A IA generativa é o motor dessa transformação. Você e sua empresa estão preparados para a chegada dessa nova era?
O destino promete uma longevidade com mais saúde, autonomia e personalização do que jamais imaginamos.
*Fernanda Bornhausen escreveu esta coluna com a colaboração de Lasse Koivisto, estudioso e entusiasta da inovação e da tecnologia aplicadas à saúde e longevidade. Koivisto é autor da Longevidade News, newsletter que acompanha semanalmente os avanços globais nesse campo.
Fernanda Bornhausen
Fernanda Bornhausen é empresária, psicóloga especialista em neurociências do comportamento e certificada internacionalmente em medicina do estilo de vida pelo IBLM. Cofundadora da Clear Inovação e do SEDO Farmácia da Mente, é conselheira da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia e membro do conselho editorial da MIT Sloan Review Brasil.
IA e longevidade: a revolução que vai transformar a saúde – MIT Sloan Management Review Brasil
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