A Fascinante Escalada da Coreia do Sul: Uma Jornada da Cópia à Criação Tecnológica


Bruno Stefani – Efeito Rede – 18 de julho de 2025

Nerd.Partners | Liderando Transformação e Inovação | Board Member | PhD | Fã do Brasil

Conteúdo do artigo

A impressionante ascensão da Coreia do Sul, de uma nação agrícola devastada pela guerra a uma potência tecnológica global em poucas décadas, é o cerne da obra “Da Imitação à Inovação: A Dinâmica do Aprendizado Tecnológico da Coreia”, de Linsu Kim. Neste livro seminal, Kim desvenda a extraordinária metamorfose das empresas sul-coreanas, que, entre as décadas de 1960 e 1990, navegaram com maestria do simples ato de copiar para o complexo universo da inovação criativa, revelando os alicerces desse salto sem precedentes.

Kim propõe um modelo em três estágios para decifrar essa progressão tecnológica singular. Inicialmente, a Coreia embarcou na fase da imitação duplicativa, um período onde a engenharia reversa de produtos maduros era a tática predominante. O objetivo primordial não era apenas replicar, mas sim dominar as tecnologias existentes, desvendando seus segredos internos. A partir daí, o país avançou para a imitação criativa, um estágio crucial de transição onde a mera cópia deu lugar à adaptação e melhoria das tecnologias estrangeiras. Essa fase, muitas vezes indistinguível da inovação pura em sua essência, frequentemente resultava em produtos que superavam os originais em desempenho e funcionalidade. Finalmente, no ápice dessa jornada, as empresas coreanas atingiram o estágio da inovação genuína, onde passaram a desenvolver suas próprias tecnologias pioneiras, consolidando sua posição no cenário global de pesquisa e desenvolvimento.

Por trás desse sucesso espetacular, Linsu Kim identifica um conjunto de seis fatores interligados que atuaram como catalisadores. A própria Guerra da Coreia, paradoxalmente, serviu como um agente transformador, dissolvendo uma sociedade de classes rígida em uma estrutura mais fluida e meritocrática, aberta a novas ideias e talentos. O governo desempenhou um papel central e orquestrador, delineando e implementando políticas industriais e de ciência e tecnologia que guiaram o desenvolvimento do país com uma visão estratégica de longo prazo. Os poderosos chaebols, grandes conglomerados empresariais como Samsung e Hyundai, emergiram como verdadeiros motores de crescimento, acumulando capital e investindo em tecnologia em uma escala massiva, fundamental para a competitividade global. Além disso, o capital humano provou ser um recurso inestimável; a Coreia investiu incansavelmente em educação, formando uma força de trabalho altamente qualificada, disciplinada e com uma ética de trabalho inabalável, alicerçada nos valores confucianos. A estratégia orientada para exportação impôs uma pressão competitiva vital, forçando as empresas a buscar a excelência tecnológica para sobreviver e prosperar no mercado internacional. Por fim, a construção de crises foi uma tática engenhosa empregada pelo governo e pelos chaebols, que estrategicamente utilizavam momentos de adversidade e metas ambiciosas para acelerar o aprendizado e a adaptação tecnológica, transformando desafios em férteis oportunidades de inovação.

É fundamental compreender que a engenharia reversa na Coreia, conforme Kim demonstra, estava longe de ser um processo passivo de plágio. Era, na verdade, uma atividade intensamente estratégica, que envolvia a busca proposital por informações, uma comunicação e interação eficazes entre as equipes técnicas, e uma colaboração dinâmica com fornecedores, clientes e institutos de P&D. Essa abordagem sistemática permitiu não apenas a assimilação, mas também a adaptação e, crucialmente, a melhoria contínua das tecnologias importadas. A obra de Kim ressalta, com clareza, que a linha divisória entre imitação e inovação é, muitas vezes, tênue e permeável. A “imitação criativa”, em particular, provou ser um catalisador fundamental, permitindo que as empresas coreanas não apenas replicassem, mas superassem consistentemente as tecnologias estrangeiras, impulsionando-as para a vanguarda tecnológica.

“Da Imitação à Inovação” é, sem dúvida, uma contribuição monumental para a literatura sobre desenvolvimento tecnológico em economias emergentes. A minuciosa análise de Kim sobre a experiência coreana serve como um farol para outros países em desenvolvimento que anseiam por acelerar seu progresso tecnológico. O livro enfatiza a vital importância de políticas governamentais integradas, de um investimento substancial e contínuo em educação e pesquisa, e de uma visão estratégica de longo prazo para a inovação. A lição central é clara: a imitação, quando abordada como um processo ativo e estratégico de aprendizado e aprimoramento, pode se tornar o trampolim essencial para a construção de capacidades inovadoras robustas e a conquista da competitividade no palco global.

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