Disseminação da IA estimula novos data centers no Brasil


País oferece vantagens e quer atrair mais projetos internacionais; mercado mundial do segmento deve crescer em média 7% em 2025

Por Martha Funke — Para o Valor – 30/05/2025

Investimentos bilionários em data centers (DC) prometem colocar o Brasil na rota da inteligência artificial (IA) global. Ainda impulsionado por digitalização e computação em nuvem, o mercado mira instalações mais parrudas para exportar serviços como processamento para treinamento de IA generativa.

O cenário é favorecido pela Nova Política de Data Centers, apresentada em maio. Além de vantagens locais, como disponibilidade de energia limpa e renovável, espaço e segurança geopolítica, a ideia é oferecer benefícios à importação de equipamentos, cuja tarifa hoje é pouco mais de 50%, e à exportação de serviços do setor, com antecipação dos efeitos da reforma tributária para o setor digital.

O regime, batizado de Redata, deve ser concedido a empresas que cumprirem metas de sustentabilidade e investimentos em pesquisas sobre DCs, com contribuição de 2% da receita para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Industrial e Tecnológico (FNDIT). Nas contas do Ministério da Fazenda, o potencial alcança R$ 2 trilhões em investimentos em dez anos e pode reverter a balança atual, com 60% da carga digital do país rodando no exterior.

Por enquanto, o mercado brasileiro de DC se fortalece com expansão de “regiões” e “zonas” de nuvem (capacidade de processamento local) das empresas de “hiperescala” (companhias do porte de AWS e Microsoft, por exemplo). Nos dados da consultoria IDC, o avanço foi de 19,7% em 2024 e deve ficar em 17,9% este ano, somando US$ 1,39 bilhão. “Os clientes estão mais criteriosos”, avalia Luciano Saboia, diretor de pesquisa e consultoria para o setor de telecomunicações da IDC. O mercado mundial de DC deve crescer em média 7% em 2025.

“A nova onda de investimento com IA está no começo. Ainda não há demanda”, diz Renato Pasquini, vice-presidente global de pesquisa da consultoria Frost & Sullivan. Mas os provedores antecipam o movimento. Um dos destaques é o retorno do Pátria Investimentos – depois da venda da Odata (em 2023) -, com a Omnia. O fundo planeja investir em DCs voltados à IA, com densidade energética na casa dos 100 MW, que em média exigem investimento de R$ 1 bilhão em infraestrutura, detalha o CEO da Omnia, Rodrigo Abreu.

Segundo ele, a vocação é o mercado local e, eventualmente, cargas globais de processamento de IA. A empresa já tem desenvolvimentos no Brasil e em outros países da América Latina e seu primeiro projeto deve começar a ser construído aqui ainda este ano.

Uma das implicações da magnitude dos novos projetos é a necessidade de conexão direta com a rede de transmissão de energia e a inserção dos DCs no sistema integrado nacional. A questão levou a Aneel a aprovar, em maio, novas regras para o acesso de grandes consumidores de energia à rede básica.

A demanda energética estimula a instalação de DCs em regiões com energia disponível. A entrante RT-One mira redução de encargos para custos competitivos. Uma das estratégias prevê parcerias para se classificar como autoprodutora de energia e cortar até 40% na conta. Outra é buscar Zonas de Processamento de Exportação (ZPE), áreas de livre-comércio para produção e exportação de bens e serviços sem IPI, Pis-Cofins e impostos de importação para insumos e matérias-primas.

A empresa já fechou parceria com a Supermicro para equipamentos, a exemplo de GPUs, e elegeu áreas como Uberaba (MG) e Maringá (PR), cuja ZPE aguarda autorização federal, para trazer processamento de IA para o Brasil. O CEO Fernando Palamone estima que 95% da IA nacional sejam processados no exterior, já que o parque nacional sequer dispõe hoje de equipamentos suficientes. Em Maringá a meta é ocupar um terreno adquirido pela prefeitura para criar uma zona industrial. Os investimentos alcançam R$ 6 bilhões em sete anos, em 400 mil m2 e 400 MW de TI, com consumo energético total de 480 MW, mais do que o dobro da cidade. Na primeira fase serão 80 MW, em parceria com a concessionária local, Copel.

Outra que aposta em infraestrutura para IA global, a Scala tem 6 GW em conexões de energia garantida para suportar expansão. A empresa possui 13 DCs em operação, dos quais dez no Brasil, e mais cinco em construção, três deles por aqui. Já investiu R$ 12 bilhões entre Brasil, Chile, México e Colômbia e prevê mais R$ 24 bilhões.

O destaque fica por conta da “cidade” de DCs em Eldorado do Sul (RS), em terreno de 11 milhões de m2, com investimentos de US$ 50 bilhões e carga total de 4,75 GW. “Mais do que o Estado do Rio de Janeiro”, compara Christiana Weisshuhn, vice-presidente de marketing e comunicação da Scala. Outra instalação está sendo construída em Fortaleza (CE), com 7,2 MW.

Fortaleza é um dos destaques da Tecto, empresa pertencente à V.Tal que está investindo US$ 1 bilhão em DCs em várias regiões. O data center cearense Mega Lobster terá 20 MW de potência, com conexão à estação de cabos submarinos e ao ponto de troca de tráfego local, um dos principais do país. Em Santana do Parnaíba (SP), projeto de DC hiperescala deve alcançar 200 MW, para IA, machine learning e nuvem, detalha o diretor comercial André Busnardo.

Mais uma que aposta no modelo “cidade” de DCs é a Elea, que está investindo R$ 5 bilhões na sua AI City no Rio de Janeiro (RJ), aproveitando infraestrutura construída para a Olimpíada. O projeto prevê até 3,2GW de capacidade energética, com 80 MW entregues em 2026. São Bernardo do Campo (SP) recebe cerca de US$ 300 milhões para agregar mais 32 MW até o ano que vem e Alphaville (SP) segue plano semelhante, descreve o CEO Alessandro Lombardi.

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