Acompanhe os avanços globais e quem está direcionando a tecnologia
Por Ivone Santana, Valor — 15/11/2023
A movimentação de empresas, especialistas e desenvolvedores que lidam, de alguma forma, com tecnologia associada a inteligência artificial foi intensa nos últimos dias. De startups a Big Techs, em todo o mundo, houve iniciativas relevantes sobre o avanço da tecnologia, envolvendo bilhões de dólares. As informações constam da newsletter Destaques de Inteligência Artificial do Valor que circula nesta quarta-feira.
Vem do “Financial Times” uma notícia curiosa, e preocupante para alguns, sobre a análise do que está por trás dos discursos e explicações dos executivos quando eles falam do desempenho das empresas que comandam. De olho em seu patrimônio, investidores já estão usando algoritmos para vasculhar transcrições de teleconferências de balanços financeiros e de apresentações de empresas para tentar desvendar informações ocultas.
Sistemas baseados em inteligência artificial analisam a emoção na voz dos executivos. Se há um leve tremor, pigarreio, gagueira ou hesitação, por exemplo, a IA pode interpretar que o discurso não é verdadeiro naquele ponto. A análise dessas pistas faz parte de um campo conhecido na tecnologia como “Processamento de Linguagem Natural”.
No contra-ataque, como em um jogo de gato e rato, executivos já estão sendo treinados para driblar a IA e não transmitir emoções nesses eventos.
Nessa mesma linha de tentar trocar o papel entre caça e caçador, o Google se coloca como vítima de inteligência artificial alheia. Em uma nova ação judicial, a gigante de tecnologia alega que golpistas estão se aproveitando do aumento do interesse do consumidor por ferramentas de IA para roubar senhas de contas de redes sociais de pequenas empresas dos Estados Unidos.
É preciso cuidado para não cair nesse golpe. Reportagem detalhada sobre o tema conta como hackers enganam usuários com anúncios falsos envolvendo o Bard, o chatbot (ou robô de conversação) do Google.
Mas quando as gigantes tecnológicas usam o conteúdo alheio indiscriminadamente e sem pagar por isso, o prejuízo é dos outros. O colunista do Valor, Guilherme Ravache, mostra que Big Techs como Google e Microsoft adotam um tipo de política que domina a internet e põe em risco a sobrevivência de outras empresas, pelo uso de conteúdo sem remuneração dos seus autores, entre outras ações.
O uso ‘predatório’ que escalou com a IA generativa ChatGPT, da OpenAi, foi aprofundado com o novo sistema de busca do Google (SGE), que usa inteligência artificial para gerar resumos do conteúdo acessado. O trabalho de profissionais é resumido em três parágrafos. A análise do colunista explica por que quem usa o recurso também perde e indica se há futuro em uma regulamentação.
Sam Altman, fundador da OpenAI, criadora do ChatGPT, já abocanhou US$ 10 bilhões em investimentos da Microsoft. Agora, ele quer mais para construir uma ‘superinteligência’.
(Obs: Mas já foi demitido)
Se o ChatGPT já provoca admiração e, ao mesmo tempo, receio, pelo seu potencial, imagine o que está por vir. É uma inteligência artificial geral (IAG), um software de computador tão inteligente quanto os humanos. É possível vislumbrar no horizonte as discussões que serão travadas em torno das eventuais regras de uso.
Ter ou não regulamentação e em que medida é um tema constante na pauta de especialistas e autoridades de diversos países.
Em Nova York, Glen Weyl, economista da Microsoft e fundador do Plurality Institute, um centro para pesquisadores de tecnologias plurais, diz que a concentração de poder produzida por modelos de inteligência artificial, como o da OpenAI, não tem precedentes e é potencialmente perigosa.
De Lisboa, onde acompanha o Web Summit 2023, um evento de inovação, a repórter Daniela Braun, do Valor, conta que o excesso de zelo em propostas de regulação de aplicações de IA pode travar os processos de inovação tecnológica, além de demandar tempo e dinheiro e não necessariamente evitar os riscos para a segurança e a saúde da população.
A reportagem sobre o Web Summit 2023 mostra os alertas de Andrew McAfee, cientista e pesquisador-chefe do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
E é do meio acadêmico que vem mais uma inovação. Três cientistas da computação, que estão à frente da startup Juristec+, de assuntos jurídicos, mostram que descobertas feitas nas universidades podem, sim, virar produto.
Os cientistas integraram a tecnologia GPT-3 do ChatGPT ao sistema judiciário brasileiro, em um mês, para atender a demanda do Supremo Tribunal Federal, que levara o problema às Big Techs, como conta o Pipeline, site de negócios do Valor Econômico.
Robô químico
Se você, como eu, gosta de acompanhar informações sobre o universo e explorações espaciais, veja como um robô de inteligência artificial usa meteorito de Marte para produzir oxigênio a partir da água.
O experimento automatizado aumenta a possibilidade de realizar futuras missões espaciais tripuladas, de acordo com artigo publicado na revista científica “Nature Synthesis”. Os autores estimam que teriam sido necessários 2 mil anos de trabalho humano para alcançar o mesmo resultado na base da tentativa e erro.
De volta à Terra, o avanço da automação conduz a indústria de autopeças em áreas nunca imaginadas quando empresas como a ZF foram fundadas. O grupo ZF já usa a inteligência artificial para que os carros identifiquem tanto pessoas quanto animais.
A diferenciação pode parecer uma tarefa trivial, mas para um sistema isso requer desenvolvimento. “O formato de uma pessoa é diferente de um animal e nisso a IA nos ajuda”, afirma o vice-presidente global de planejamento da ZF, Andrew Whydell.
E no mundo dos semicondutores, a Nvidia apresentou seu novo chip H200 Tensor Core GPU, para desenvolvimento de tecnologias ligadas a inteligência artificial. A performance desse chip é entre 60% e 90% melhor do que os atuais modelos H100, usados pelos desenvolvedores de IA, como a OpenAI, para treinar os chatbots.
O chip estará disponível para parceiros comerciais de computação em nuvem da Nvidia, incluindo a Amazon Web Services (AWS), Google Cloud, Azure (Microsoft) e Super Micro, a partir do segundo trimestre de 2024.
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